No município de Coelho Neto, no Maranhão, um fenômeno está mudando a rotina dos moradores. Dezenas de pessoas passam os dias a observar uma árvore que derrama água em abundância e já está sendo apontada como milagrosa.

Localizada na praça Tancredo Neves, a mangueira jorra gotas de água sem cessar há quase uma semana, formando um quadro de chuvisco.

Com bacias, baldes e garrafas, todos querem levar um pouco do líquido para casa. A água, os coelhonetenses julgam ser benta. Alguns ficam por horas embaixo da árvore para juntar um pouco da água. Outros afirmam que há até pessoas que dormem embaixo da árvore para receber a “benção divina”.

À água da árvore que “chora” já foram atribuídos alguns milagres. Cegueiras, paralisias e doenças que não tiveram cura pela medicina foram solucionadas pela água benta da árvore milagrosa de Coelho Neto. Do amanhecer ao anoitecer, dezenas de pessoas se aglomeram em torno da mangueira para ver de perto o fenômeno e conseguir o seu milagre.

Romaria

A lavradora Edna Macedo do povoado Quatis, chegou à sede só para ver de perto a “árvore que chora”. Ela trouxe de casa uma garrafa para levar um pouco de água, que ela acredita ser benta, para a mãe enferma que não pôde acompanhá-la na viagem. A lavradora é devota de Nossa Senhora da Conceição e acredita que o fenômeno são lágrimas da santa, que jorram por meio da árvore.

“Isso só pode ser de Deus, porque só ele faz uma coisa dessas. Vou levar para minha mãe que está entrevada na cama e não pode nem se levantar. Quem sabe ela não se cura e volta a viver direito”, acredita a lavradora.

Ana Maria de Souza, 68 anos, moradora do bairro Sarney, é uma das que afirmam ter sido curada com a água que jorra da árvore. Ela disse que tinha perdido parte da visão após um derrame há mais de seis anos e que, depois de ter lavado o olho com água, voltou a enxergar normalmente.

“Foi só eu botar meu olho e aparar a água que eu voltei a enxergar bem de novo. Foi num instante. Isso é coisa divina”, enfatiza Ana Maria de Souza.

Justificativa

Para explicar a novidade, quem passa pela praça Tancredo Neves tem sempre uma justificativa. Alguns contam que a água jorra porque um bebê, que faleceu há muitos anos, teria sido enterrado no local. Outros alegam que se trata de um milagre, mas para a ciência a explicação é bem mais racional.

O geólogo e mestre em Geografia, Bernardo Colombo de Sousa, explica que o que ocorre é apenas o resultado da umidade excessiva denominada como evapotranspiração, muito estudado nos cursos acadêmicos. Ele destaca que a situação é bem mais comum do que se imagina.

“A árvore absorveu a umidade por um determinado tempo e não evaporou o líquido que absorveu da terra e da própria umidade do ar, o que ocasionou o fenômeno somente agora. Qualquer planta pode fazer isso. É muito comum estarmos debaixo de árvores e sentirmos gotas como se fosse água da chuva. Algumas fazem isso em quantidades imperceptíveis e outras não, como é o caso dessa árvore que as pessoas dizem que chora”, explica o geólogo.

Para aumentar ainda mais a peregrinação em torno da mangueira, ela só jorra água apenas de um lado, o que, para os romeiros, só reafirma o suposto milagre. Do outro lado da planta, é como se o fenômeno não existisse. Mas o geólogo afirma que também há uma explicação para o fato.

“Na copa da árvore há de um lado mais ramificações do que do outro. E são elas que conduzem a água da raiz à copa. Como isso acontece, a água acaba jorrando mais de um lado do que de outro”, completa Bernardo Colombo de Sousa.

Igreja

Mesmo com a demonstração de fé e a peregrinação em torno da árvore, a romaria ainda não preocupa a Igreja Católica no município. Os representantes da igreja, em Coelho Neto, já se pronunciaram sobre o assunto e afirmam que já pesquisaram e têm uma explicação científica para o fato.

Os sacerdotes avisam que as pessoas devem ver, na situação, apenas um chamado da natureza, para que esta possa ser preservada. Cautela é uma das observações feitas pelos padres, diante da ação da natureza que, alguns julgam ser um milagre de Deus.

Fonte: Imirante

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