Em uma carta, Valéria Cristina de Souza, 38 anos, levada pelos líderes da seita “Jesus a Verdade que Marca”, investigada pela polícia sob suspeita de manipular os fiéis, diz que vai morrer em nome de Jesus Cristo.
“Eu só fiz uma opção de vida. Eu quero e vou, em nome de Jesus, morrer junto com Cristo”. Este é o trecho de uma carta enviada por Valéria Cristina de Souza, 38 anos, filha de dona Valdete Ferreira da Silva, levada pelos líderes da seita “Jesus a Verdade que Marca”, investigada pela polícia sob suspeita de manipular os fiéis.
A carta de Valéria preocupa sua mãe, que teme por uma tragédia. Ontem, em sua casa, no jardim Santo Antônio, Valdete Ferreira chorava ao ouvir um CD gravado por sua neta Driele Karina de Souza Pereira, 18 anos, também levada pela seita, enquanto lia a carta da filha.
Ela estava incontrolável e chorava pedindo para a volta de seus nove familiares que estão nas fazendas do movimento, no sul de Minas Gerais, “não suporto mais essa situação. Não é possível que nenhuma autoridade assista a tudo o que está acontecendo sem fazer nada”, reclamava.
A carta foi postada em Andrelândia (MG) no dia 22 de julho, mas chegou às mãos de Valdete nas última horas. No texto, Valéria afirma que decidiu levar a vida em comunidade, morando numa das fazendas da seita, “um dia, eu tenho certeza que a senhora vai entender tudo o que está acontecendo agora”, diz.
Em outro trecho da carta, a filha de Valdete explica que fez uma opção de vida. O trecho que mais preocupa a mãe, é onde Valéria afirma que “eu quero e vou, em nome de Jesus, morrer com Cristo, pois Jesus pagou um preço muito caro pela minha vida e pela sua também”.
Outro ponto da carta que chama a atenção é quando ela diz para a sua mãe: “ Jesus diz que os seus caminhos não são os caminhos de Deus e seus pensamentos, não são os pensamentos de Deus”.
Um teólogo que não quer ser identificado alertou, para o risco de uma tragédia. Segundo ele, quando a mulher afirma: “quero e vou, em nome de Jesus, morrer com Cristo…”, sinaliza que os ensinamentos da seita seguem essa linha de pensamento.
O estudioso de seitas disse ainda que, “é preciso que as autoridades façam algo, bem rápido, para evitar o pior”. Ele acredita que os líderes devam manipular a mente dos fiéis. Para o pesquisador de seitas, as doutrinas pregadas por Cícero Vicente Araújo são radicais e perigosas, “totalmente fora do contexto bíblico e social”, disse.
Os nove familiares de Valdete deixaram Rio Preto no final de novembro do ano passado, seguindo orientações do suposto pastor Cícero Vicente de Araújo, líder da igreja “Jesus a Verdade que Marca”.
Segundo Valdete, sua filha vendeu uma casa por R$ 22 mil e teria dado todo o dinheiro para o pastor cuidar, “eles pegam o dinheiro os bens das pessoas e dizem que é da comunidade”, denuncia a mulher.
Investigações
A Polícia de Andrelândia ainda não encerrou os nove inquéritos abertos para apurar crimes atribuídos ao líder da seita “Jesus, a Verdade que Marca”, pastor Cícero Vicente de Araújo. Ele é acusado de manter trabalho escravo nas fazendas de propriedade do grupo religioso que dirige.
No Ministério Público de Minas Gerais, também há investigações em andamento. Araújo, que é visto circulando em carros importados, também é acusado de estelionato contra os fiéis que mantém sob seu controle.
Segundo familiares de pessoas que seguiram o movimento para cidades localizadas no sul de Minas, bens foram vendidos e o dinheiro teria sido entregue ao líder. A micro-empresária Valdete Ferreira da Silva, que tem nove pessoas da família na seita disse que sua filha Valéria Cristina de Souza vendeu uma casa por R$ 22 mil, “o dinheiro foi todo entregue para os dirigentes da seita”.
Fonte: Rio Preto News