A 16ª edição da Marcha para Jesus no Rio de Janeiro, que lotou a Marquês de Sapucaí – espaço também conhecido como o sambódromo da cidade – aconteceu neste sábado (19).
Durante o evento, o pastor bolsonarista Silas Malafaia, fez um ataque o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.
“Esta nação pertence a Jesus, não pertence a Alexandre de Moraes, não pertence a governante nenhum”, disse aos milhares de fiéis que prestigiam a edição carioca do maior evento evangélico do Brasil. “Eu não tenho medo desse cara”, Malafaia discursou.
A multidão evangélica reagiu entusiasmada à nova provocação contra o ministro do STF que, segundo o pastor, é um “ditador” que lidera a “ditadura da toga”.
Moraes, continua o líder religioso, cerceia redes sociais e “bota gente na cadeia” enquanto “estamos vendo uma imprensa covarde e omissa, uma grande parte de senadores covardes e omissos, um STF calado e omisso”.
Malafaia ainda saiu em defesa daqueles que estão encarcerados sob acusação de participar da depredação vista em Brasília no antidemocrático 8 de janeiro.
“Tem irmãos nossos a meses presos sem ter uma prova que estavam na baderna.”
A investida contra o ministro ocupou a maior parte de sua fala.
“Senhor Alexandre de Moraes, ditador da toga, a sua casa ainda vai cair. Dou duas hipóteses: ou vai cair pelas mãos de Deus, ou porque o Senado vai tomar vergonha na cara [e tocar um impeachment], ou porque o povo é o supremo poder da nação.”
“Estão muito preocupados com o crescimento da igreja porque ela saiu das quatro paredes e está se posicionando como cidadão deste país.”
Bolsonaro, que esteve no ato de 2022, quando ainda era presidente, declinou o convite para este ano. Achou que seria uma provocação desnecessária em meio a reveses judiciais e policiais que sofre.
Antes de Malafaia falou o pastor Cláudio Duarte, que lidera com ele o ranking de líderes evangélicos mais influentes das redes sociais brasileiras, segundo pesquisa Datafolha. Duarte falou em “mostrar a força de um país” e instigou a multidão a repetir que “a nação pertence ao Senhor”.
O mote deste ano é liberdade de expressão, tema que agita a base bolsonarista, ainda forte nas igrejas evangélicas. Antes da caminhada, fiéis davam interpretações diversas para o tema. Diziam que, sob a Presidência de Lula (PT), o funcionamento dos templos está a perigo, algo que não encontra lastro na realidade.
Para o deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), da igreja de Malafaia, o recado do seu pastor foi claro. O tema da Marcha seria oportuno nesse sentido.
“Lamentavelmente, com o advento das redes sociais, estamos vendo que a Justiça brasileira, em especial o STF, está com dificuldade de entender o significado pleno de liberdade de expressão.”
Segundo Sóstenes, que em 2022 presidiu a bancada evangélica no Congresso, censurar conteúdos que não estejam alinhados “ao politicamente correto” incomoda muitos brasileiros.
O parlamentar diz que sua própria equipe de mídia adotou a prática de trocar algumas letras de palavras-chave por números, para escapar do algoritmo que impediria a propagação de alguns discursos considerados nocivos por big techs. Seria o caso de “assassinato” e “homossexualidade”, diz.
Fonte: Folha de S. Paulo