O Observatório do Vaticano promove nesta semana uma conferência internacional sobre a formação e evolução dos discos galácticos. Os organizadores esperam reunir 210 cientistas de 26 países, que debaterão como as galáxias se formaram – ainda que, para os católicos, Deus esteja por trás do feito.

O debate deve concentrar-se nas galáxias em forma de disco, conjuntos de estrelas, gases, poeira interestelar e outras partículas, suas propriedades físico-químicas e evolução. O evento segue outro encontro apoiado pelo mesmo observatório, realizado em 2000, quando um grupo menor de cientistas discutiu a Via Láctea. Quem quiser acompanhar o evento terá de desembolsar 270.

O Observatório do Vaticano foi fundado em 1891 pelo papa Leão XIII, que desejava mostrar que “a Igreja e seus pastores não se opõem à ciência autêntica e sólida, tanto humana como divina”. Leão XIII, aluno da Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma, impulsionou a aproximação entre os dois campos, separados por rusgas e negações históricas de evidências científicas.

O episódio mais famoso desse desencontro envolve o físico, astrônomo e matemático italiano Galileu Galilei (1564-1642). Ele foi preso e julgado herege pela Inquisição ao postular que o Sol, e não a Terra, era o centro do Universo. Em 1633, foi condenado a cárcere privado e só se livrou de pena mais severa porque negou suas convicções diante do tribunal eclesiástico. A Igreja só se desculpou publicamente pelo julgamento errôneo em 1992, quase cem anos depois da fundação do observatório.

Atualmente, a instituição goza de razoável reputação entre os astrônomos. A sede fica no Castelo Gandolfo, residência de verão do papa, enquanto o centro de pesquisa fica nos EUA. O argentino José Gabriel Funes, jesuíta e doutor em astronomia, é o diretor atual, nomeado pelo papa Bento XVI em agosto do ano passado. Segundo ele, o observatório “é um grande símbolo visível do compromisso da Igreja com o mundo contemporâneo”.

Fonte: Estadão

Comentários