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‘Laicismo positivo nega a intolerância’, afirma número dois do Vaticano

Na véspera da visita à França do Papa Bento XVI, o secretário de Estado do Vaticano, cardeal Tarcisio Bertone, declarou ontem que o “laicismo positivo nega a intolerância ou a hostilidade”.

“Ninguém deve ser obrigado a crer e ninguém deve ser impedido de crer”, escreveu o número dois do Vaticano em reação ao conceito de “laicismo positivo” mencionado pelo presidente francês, o conservador Nicolas Sarkozy em um discurso feito no final de 2007 em Roma.

Estes são os principais trechos desta declaração, originalmente em francês, dedicada essencialmente às relações entre Igreja e Estado.

Sobre a Igreja e o laicismo positivo, o cardeal Bertone considera que “a Igreja (…) pode deixar clara a sua opinião sobre um ou outro aspecto da legislação de um país, se ficar evidenciado que se distancia da lei natural ou do bem comum. Ao mesmo tempo deve respeitar e ser respeitada. Respeitar não significa fazer pactos ou ser indiferente, e sim observar com atenção e inclusive admiração, ao mesmo tempo que se conserva a liberdade de divulgar o que deve ser retificado ou modificado”.

Acrescenta que “a laicidade positiva rejeita a intolerância ou a hostilidade; respeita, anima e busca engrandecer o outro para levá-lo a se superar e a dar o melhor de si. Ninguém deve ser obrigado a acreditar, pois Deus quer a adesão de um homem livre; ninguém deve ser impedido de acreditar, pois a profissão e o exercício da fé fazem parte dos direitos imprescritíveis do homem”.

Sobre as relações entre a Igreja e o Estado, Bertone afirma: “parece-me que é preciso levar em consideração o ensino do evangelho ‘dar a César o que é de César e a Deus o que é de Deus’. As competências próprias da Igreja e do Estado não devem ser confundidas nem ignorados, mas devem atuar de maneira harmoniosa e complementar, cada um em seu campo específico, para trabalhar pela felicidade do homem (…).

“O Estado assegura, pelas leis e a regulação da vida social, uma felicidade terrestre legítima e necessária. A Igreja explica, pela apresentação da lei divina, o anúncio do Evangelho e a vida dos sacramentos, as condições de felicidade eterna (…). As leis do Estado valem para todos, o chamado de Deus vale para todos (…) a Igreja e o Estado trabalham pelo bem da mesma pessoa humana. Por isso, como o diz o Concílio Vaticano II, uma ‘sã colaboração’ é sempre preferível”.

Fonte: AFP

Britânicos fazem maior estudo da história sobre pessoas que ‘voltaram da morte’

Neurologistas da Universidade de Southampton, no Reino Unido, estão se preparando para iniciar o maior estudo de todos os tempos sobre as misteriosas experiências de quase-morte — eventos em que pessoas dizem ter ido até a fronteira do Além e voltado para contar a história.

O trabalho vai monitorar pacientes que passam raspando pela morte em solo britânico, em países da Europa continental e nos Estados Unidos, anunciou a instituição.

O projeto Aware (sigla inglesa de “consciência durante ressuscitação”) será liderado por Sam Parnia, especialista em estudos sobre a consciência humana durante a morte clínica. Após 18 meses de um estudo-piloto no Reino Unido, a iniciativa está sendo ampliada para outros países.

“Ao contrário do que se acredita popularmente, a morte não é um momento específico. É um processo que começa quando o coração pára de bater, os pulmões não funcionam mais e o cérebro deixa de registrar atividade. É o que chamamos de parada cardíaca, a qual, do ponto de vista biológico, é idêntica à morte clínica”, disse Parnia em comunicado oficial. “Durante uma parada cardíaca, todos esses critérios estão presentes. Segue-se então um período, que pode durar de alguns segundos a uma hora ou mais, no qual esforços médicos de emergência podem fazer o coração voltar a funcionar e reverter o processo. O que as pessoas experimentam durante esse período nos dá uma janela única para entender o que acontece conosco durante o processo de morrer.”

Fique longe da luz

É nessas condições que entre 10% e 20% dos pacientes relatam passar por fenômenos como o aparecimento de um túnel de luz, o surgimento de um ‘filme’ de toda a sua vida diante de seus olhos ou a capacidade de ver e ouvir tudo o que acontece no quarto de hospital, às vezes “de cima” do próprio corpo, como se o paciente estivesse flutuando.

O objetivo dos médicos é usar tecnologias sofisticadas para estudar diretamente o cérebro e o estado de consciência dos que sofrem uma parada cardíaca, para tentar confirmar essas afirmações. A idéia é, ao mesmo tempo, usar esses conhecimentos para melhorar as condições gerais de saúde mental e física desses pacientes.

Alguns dos achados mais recentes da neurociência apontam como possível explicação para as experiências de quase-morte uma pane na região do cérebro responsável pelo senso de identidade e autopercepção do corpo. Se a hipótese estiver correta, a pessoa à beira de morrer perderia a capacidade de separar seu próprio organismo do ambiente externo, levando à impressão de se ver “de cima”.

Fonte: G1

Bento XVI afirma que “laicidade” não entra em contradição com a fé

O papa Bento XVI afirmou hoje que “a laicidade em si mesma não é contraditória com a fé, mas a fé é fruto de uma laicidade saudável”.

No avião que o levou de Roma a Paris, Bento XVI disse aos jornalistas que o acompanham em sua primeira viagem à França que a religião “não é política”, e que os cristãos devem colaborar com o Estado, já que é muito importante em um mundo secularizado como o atual.

“É fundamental que os cidadãos tenham liberdade para viver a fé e é importante que contribuam e dêem testemunhos destes valores (a fé) que são fundamentais para a sobrevivência da sociedade e do Estado”, disse.

Sobre se o “motu proprio” que liberaliza a missa em latim representa um passo atrás a respeito do aprovado pelo Concílio Vaticano II, o pontífice disse que se trata de “um ato de tolerância para as pessoas que se formaram nessa antiga liturgia, que a amam, que a conhecem e querem viver com ela”.

“Trata-se de um pequeno grupo de formação latina e é preciso ter tolerância para que possam desenvolvê-la. Dentro da Igreja, não existe oposição entre a velha liturgia e a do Vaticano II. Há coisas diferentes, mas a identidade fundamental não é contraditória”, argumentou.

Bento XVI acrescentou que acredita que “existe a possibilidade de que os seguidores da velha liturgia conheçam a nova e vice-versa. As duas fazem parte da Igreja universal”.

O papa insistiu em que a liturgia atual, ou seja, a surgida do Vaticano II, “é a ordinária de nosso tempo”.

Também disse que viaja ao santuário de Lourdes, motivo principal da visita à França, como mais um peregrino, já que se sente muito ligado à figura de Maria e à da menina Bernadette, que presenciou a aparição de Nossa Senhora.

O papa disse que, em Lourdes, é possível vê o amor de Nossa Senhora pelo homem, “que é a verdadeira cura das feridas e da dor deste tempo”.

Bento XVI ressaltou seu amor pela França e precisou que este país “teve muita importância em (sua) formação filosófica, humana e social”.

O papa destacou a importância da teologia francesa no desenvolvimento da teologia no Ocidente.

Fonte: EFE

Bispos dos EUA pedem suspensão das restrições à Cuba

Os bispos dos Estados Unidos pediram ao governo George Bush que suspenda, mesmo que temporariamente, a proibição de remessas e viagens a Cuba, já que o país foi duramente castigado por furações nas últimas semanas.

O pedido foi apresentando em uma carta encaminhada a Bush pelo presidente da Conferência Episcopal norte-americana, o cardeal Francis George.

“Em vista da devastação e do desastre humano causado pelos recentes furacões em Cuba, além dos esforços das famílias, amigos e organizações que tentam chegar aos necessitados”, afirma o cardeal, “insisto para que as restrições sejam suspensas”.

Dom Francis George prossegue ressaltando que em momentos de crise, as igrejas e os governos devem responder com generosidade a todos que passam por necessidades. Na última segunda-feira, os Estados Unidos reiteraram a Cuba sua disposição em enviar uma equipe de especialistas para avaliar os danos causados pelo furacão Ike. Antes disso, o país já havia oferecido ajuda após a passagem do Gustav. A oferta, no entanto, foi rejeitada por Havana. Segundo o governo cubano, se os Estados Unidos querem mesmo ajudar, então devem suspender as restrições econômicas ao país.

Por outro lado, os bispos norte-americanos condenaram a intensificação das blitz para flagrar imigrantes clandestinos em seus locais de trabalho. O coordenador da comissão para Imigração, dom John Wester, lançou um apelo ao presidente Bush e ao Ministério do Interior. “O custo humano desse movimento é inestimável e inaceitável em uma sociedade civil”, explicou o bispo. Sobre esse assunto, o cardeal Geraldo Magella Agnelo, arcebispo de Salvador e primaz do Brasil, disse que os países mais desenvolvidos economicamente ainda resistem aos imigrantes. Dom Geraldo Agnelo falou à Rádio Vaticano sobre a situação da América Latina.

Fonte: Rádio Vaticano

Igreja Mundial do Poder de Deus arrebanha fiéis da Universal

A grei neopentecostal engrossa o seu rol de denominações no mercado religioso com a Igreja Mundial do Poder de Deus, liderada pelo apóstolo Valdomiro Santiago (foto), 44 anos, ex-bispo da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD). A Mundial combate a Teologia da Prosperidade.

O contrato de compra de espaço pela Igreja Mundial no Canal 21, da TV Bandeirantes, por cinco anos, chamou a atenção da revista Carta Capital, da semana passada. Reportagem de Gilberto Nascimento revela que a Mundial paga cerca de 1 milhão de reais (cerca de 588 mil dólares) mensais à RedeTV! para a divulgação de programas diários das 5h às 8h30 da manhã. O valor do contrato com a Bandeirantes não foi revelado, mas estima-se algo em torno de 3 milhões de reais (1,76 milhão de dólares) por mês.

A Mundial, uma dissidência da Universal, conta com 487 templos e aproximadamente 1 mil pastores no país. Tem sedes em Portugal, Argentina, Uruguai, Colômbia e Moçambique. Mantém o jornal mensal “Fé Mundial”, com tiragem de 500 mil exemplares, uma revista, a “Mundial sem Limites”, e uma livraria.

O número de membros da Mundial é estimado entre 300 mil a 700 mil, mais da metade deles migrantes religiosos da Universal e da Igreja Internacional da Graça. Embora critique a Teologia da Prosperidade, o pastor Valdomiro não deixa de pedir ofertas dos fiéis ao final dos cultos, relata o repórter Gilberto Nascimento.

“O nosso culto tem três horas e meia. Não se vê o apóstolo pedir mais do que 15 minutos de oferta. É isso o que o povo quer. O povo dar carro, casas, cheque pré-datados, isso é estelionato”, declarou à Carta Capital o pastor Ronaldo Didini, ex-Universal, hoje ao lado do líder da Mundial.

Na análise de Didini, que ocupava largos espaços na mídia quando na Igreja Universal, “a Teologia da Prosperidade é um câncer no meio evangélico. Ela trocou o Deus da glória por um Deus do varejo. O absurdo dessa teologia é querer cobrar Deus. Ele tem de fazer, tem de dar. Deus não tem de fazer coisíssima nenhuma”, afirmou Didini, acrescentando “Deus não é negociante e não quer fazer negócio com ninguém”.

De acordo com Didini, a Igreja Universal não tem mais a força evangelizadora do passado por causa da “opção doutrinária dos seus líderes pela Teologia da Prosperidade”.

Fonte: ALC

Refugiado cristão é repatriado e colocado sob prisão domiciliar

Um cristão da etnia degar (também chamada de montagnard), que buscou segurança em um campo de refugiados no Camboja, foi enviado de volta ao Vietnã. Ele está sob prisão domiciliar e não pode sequer trabalhar em sua lavoura.

Os degars são uma minoria que vive no planalto central do Vietnã.

A agência de notícias AsiaNews relatou que Y Hning, 36, perseguido por questões éticas e religiosas, fugiu do Vietnã para o Camboja.

Após cruzar a fronteira, ele chegou ao campo de refugiados da ONU. Entretanto, foi logo enviado de volta.

Após seu repatriamento, Y Hning foi detido por policiais vietnamitas. Sua família foi forçada a pagar 100 mil dongs, o que equivale a 7 ou 8 dólares, mas o que é muito dinheiro para agricultores vietnamitas.

Mais dificuldades estavam por vir. Em 3 de agosto, a família de Y Hning foi obrigada a “doar” o único animal que havia sobrado para os policiais fazerem uma festa. Era um porco avaliado em 1,5 milhão de dongs (cerca de 110 dólares).

Em 8 de agosto, Y Hning foi forçado a assinar uma declaração, na qual renunciava formalmente ao cristianismo e concordava em parar de freqüentar a igreja degar.

O AsiaNews relatou que a Fundação Montagnard está apelando em favor de Y Hning em embaixadas e agências internacionais, na esperança de que ele e sua família possam ser poupados de mais perseguição.

Fonte: Portas Abertas

Portas Abertas Internacional socorre cristãos em Orissa

Após o assassinato do líder do Vishwa Hindu Parishad (Conselho Hindu Mundial ou VHP), em 23 de agosto, a violência contra cristãos se espalhou para 14 distritos do Estado de Orissa.

O Conselho Global de Cristãos Indianos revisou as estimativas de mortes. Havia sido publicado que os assassinatos eram “mais de cem”, mas, depois da revisão, apurou-se o total de 53.

Nas últimas três semanas, ouviu-se muitos relatos de mortes, incêndio de casas, destruição de igrejas e veículos carbonizados. Porém, devido ao toque de recolher e à atmosfera tensa, a Portas Abertas Internacional (ODI, sigla em inglês), por intermédio da Fundação Luz, não pôde ajudar todos os afetados.

Após essas três semanas, quando o toque de recolher foi um pouco mais brando no distrito de Gajapati, a ODI se associou a Biswajit Pani, que lidera o Ministério Bom Pastor, e começou a ajudar os afetados.

Descobriu-se que os campos de refúgio na área foram criados pelo governo. Eles fornecem comida de má qualidade e instalações impróprias.

Infelizmente, não se pode providenciar comida devido às restrições estabelecidas pelo governo. A ODI, então, tem fornecido roupas, toalhas e produtos de higiene e de limpeza.

Além disso, a ODI ligou-se com a Associação Cristã de Moços para ajudar outras vítimas no mesmo distrito. Apesar dos esforços, sente-se que o que tem sido feito é apenas um pequeno passo em direção ao objetivo que vem pela frente: ajudar muitos outros, os diretamente atingidos.

A Fundação Luz está se responsabilizando pelo cuidado médico das vítimas Por enquanto, ela está fornecendo assistência médica para quatro pessoas que foram seriamente feridas durante a violência e estão sob tratamento em hospitais do governo. Espera-se alargar os limites o máximo possível para ajudar quantas vítimas for possível.

Motivos de oração e louvor:

1. Louve a Deus por termos distribuído o material no campo de refúgio com a cooperação dos policiais que estavam presentes.
2. Louve a Deus por conduzirmos aconselhamento entre as vítimas
3. Também agradecemos a Deus porque até aqui ninguém se desviou da fé.
4. Ore para que as pessoas continuem a viver nos mesmos vilarejos e não mudem por causa do medo ou perseguição. Ore para que eles sejam fortalecidos no Senhor.
5. Ore pelos alunos das escolas, uma vez que seus uniformes e livros foram completamente queimados.
6. Ore para que os evangelistas e pastores entendam as perspectivas bíblicas e respondam à perseguição e ensinem aos outros cristãos.
7. Ore para que a paz e a comunhão sejam restauradas entre as pessoas.
8. Ore para que haja mais aconselhamento para as vítimas.
9. Ore pela necessidade de Bíblias e hinários, uma vez que tudo foi queimado.

Fonte: Portas Abertas

Agora evangélico, jogador diz que usou cocaína no Palmeiras

O atacante André Neles, que na época do Palmeiras ganhou o apelido de “Balada” pelo gosto excessivo das noitadas, confessou que usava drogas quando defendia o time paulista, em 2003. A revelação foi feita ao Jornal da Tarde.

O atleta confessou que usou cocaína quando esteve no Palmeiras. Disse ainda que outros jogadores da equipe também usavam drogas. O jogador afirma que foi viciado durante três anos.

Ele parou em novembro de 2004 quando passou a freqüentar uma igreja evangélica a pedido do goleiro Gustavo, seu companheiro no Figueirense.

André, que é de Patrocínio, jogou no júnior do Clube Atlético Patrocinense, mas foi revelado no futebol profissional no Uberlândia. De lá, foi para o Atlético Mineiro e depois para Portugal. De lá, rodou por vários clubes. Atualmente está no Barueri, time da Série B do Campeonato Brasileiro.

“Eu cheirava mesmo, não me preocupava com o exame antidoping porque não jogava muito. Virei dependente de cocaína, não conseguia ficar sem a droga” confessa André.

Segundo ele, seus companheiros do Verdão sabiam do seu vício. E faz uma acusação grave: outros jogadores se drogavam com ele.

“Alguns usavam (droga) junto. E não foi só o pessoal do Palmeiras. Isso aconteceu em outros clubes em que passei. Você tem dinheiro e aproveita o que o futebol te dá: glória, fama, riqueza, mulheres… Aí falta o algo mais, que, muitas vezes, é o caminho das drogas. Eu chegava muitas vezes doidão aos treinos e o pessoal dizia que eu estava “acompanhado”.

Antes de ser contratado pelo Palmeiras, André defendia o Vitória. Na Bahia, ele confessa que também aprontou.

“Eu andava armado lá e, um dia, cheguei de pá virada ao treino e coloquei o revólver na boca de um companheiro que estava me enchendo fazia tempo”.

Agora, envolvido com a religião, André, ex-Balada, até prega sermão na concentração do Barueri. O local que antes ele usava para cheirar cocaína, agora é utilizado para divulgar as palavras de Deus.

Fonte: Jornal Patrocínio Hoje

Crise do movimento evangélico está ligada ao liberalismo

Para o professor Augustus Nicodemus Lopes, a crise do movimento evangélico brasileiro está ligada ao liberalismo e à flexibilização dos conteúdos das Escrituras. “Passam uma imagem ao público de que todos os evangélicos e seus pastores são mercenários”, diz Nicodemus.

‘Não me acho xiita’, vai logo dizendo o professor, pastor e pesquisador presbiteriano Augustus Nicodemus Lopes em seu mais novo livro, O que estão fazendo com a Igreja (Mundo Cristão). ‘Mas muitos me chamam de fundamentalista’, acrescenta. ‘Não fico envergonhado quando me rotulam dessa forma, embora prefira o termo calvinista ou reformado’, explica.

A quantidade de adjetivos expressa bem o universo desse intelectual protestante, nascido na Paraíba e que fez carreira no segmento acadêmico religioso. Graduado em teologia, mestre em Novo Testamento e doutor em Interpretação Bíblica – este último título, pelo Instituto Teológico de Westminster (EUA) –, Nicodemus já dirigiu diversos seminários ligados à sua denominação e hoje exerce o cargo de chanceler da respeitada Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo. Na mesma cidade, pastoreia a Igreja Presbiteriana de Santo Amaro.

O conjunto de sua obra já dá uma idéia de suas posições teológicas. Títulos como O que você precisa saber sobre batalha espiritual, Fé cristã e misticismo e Ordenação de mulheres: O que diz o Novo Testamento, todos publicados pela Cultura Cristã, entre diversos outros livros, são baseados na mesma teologia conservadora que ele não apenas abraça, como defende com unhas e dentes. O que não impede, é claro, que esteja aberto a outros pensamentos. ‘Desde que sejam comprometidos com as Escrituras’, ressalva.

Nesta conversa, Augustus Nicodemus fala do livro recém-lançado na Bienal do Livro de São Paulo e avalia a situação da Igreja Evangélica hoje. ‘Infelizmente, estão fazendo muita coisa ruim com ela’, aponta.

É inevitável começar esta entrevista com a pergunta que dá título ao seu livro: o que estão fazendo com a Igreja?

Infelizmente, muita coisa ruim – desde desfigurá-la, passando uma imagem ao público de que todos os evangélicos e seus pastores são mercenários que vivem para fazer barganhas com Deus em troca de bênçãos, até destruí-la internamente, trocando o Evangelho de Cristo por um outro evangelho. Um evangelho despido de poder, realidade histórica e eficácia salvadora, que é ensinado pelos liberais. Aqui entram também os hiper-conservadores, às vezes chamados de neo-puritanos, com sua visão radical de culto.

Quais os efeitos da pós-modernidade sobre a Igreja?

A pós-modernidade facilitou e aumentou a influência do liberalismo, do relativismo e do pragmatismo na Igreja brasileira, ainda que esses movimentos e tendências sejam tão antigos quanto a própria Igreja. A presente época, marcada pela pós-modernidade, facilita a penetração desses elementos na vida, liturgia e missão das igrejas evangélicas, como de fato temos presenciado. E por outro lado, existem líderes evangélicos que conscientemente constroem ministérios, igrejas e movimentos que se apóiam em métodos e ideologias liberais, relativistas e pragmáticas. O que essas coisas têm em comum é que sempre representam uma tentação para corromper o Evangelho bíblico, quer pelo apelo à soberba humana, quer por um tipo de Cristianismo descompromissado, ou ainda pela oferta enganosa de resultados extraordinários em curto espaço de tempo.

A crise de ortodoxia do Evangelho contemporâneo, bem como o pós-denominacionalismo, é resultado direto deste processo?

Sem dúvida. O relativismo representa uma ameaça concreta à Igreja, pois a mesma se firma sobre verdades universais e imutáveis, como a existência do Deus Trino; a humanidade e divindade de Jesus Cristo; sua morte vicária e sua ressurreição real e física de entre os mortos; a salvação pela fé sem as obras da lei; e a segunda vinda de Cristo. A Igreja defende também uma ética centralizada no amor que, segundo Jesus e seus apóstolos, consiste em obedecer a Deus e aos seus mandamentos. Todavia, o relativismo rejeita o conceito de verdades absolutas e internaliza a verdade no indivíduo.

E qual o efeito prático disso?

O questionamento à autoridade da Bíblia, ao caráter único do Cristianismo e ao comportamento ético pregado historicamente pelos cristãos. Mas, num certo sentido, o relativismo pode representar uma oportunidade para o Cristianismo em ambientes pós-cristãos, onde a fé cristã já foi excluída a priori. Por exemplo, no ambiente das universidades, o discurso é geralmente anticristão, relativista, pluralista e inclusivista. Os cristãos podem, em nome da variedade e da pluralidade, pedir licença para falar, já que, de acordo com a pós-modernidade, todos os discursos são iguais e válidos – e nenhum é melhor do que o outro.

O movimento evangélico brasileiro, tão numeroso e multifacetado, está perto de seu fim?

Não creio que o movimento evangélico brasileiro chegue a um fim, mas temo que esse processo de desfiguramento e de enfraquecimento teológico e doutrinário, levado a cabo por liberais, neopentecostais, libertinos e neo-puritanos, acabe transformando a Igreja brasileira em algo distinto da Igreja bíblica. Por outro lado, como sempre existiram os sete mil que nunca dobraram os joelhos a Baal, é provável que, paralelamente, aconteça o fortalecimento de denominações, ministérios e grupos evangélicos que prezam a Bíblia – gente que valoriza as práticas devocionais como oração, meditação e santidade bíblica e que tem visão evangelística e missionária. Já no momento atual é possível identificar esse crescimento, embora em dimensões menores do que gostaríamos. Quanto ao perfil dessa nova Igreja, fica difícil prever.

Uma das críticas que o senhor faz é à ênfase na formação teológica liberal, que seria uma espécie de ‘coqueluche’ dos teólogos de hoje, interessados numa graduação reconhecida sob o ponto de vista acadêmico. Neste sentido, o reconhecimento oficial aos cursos de teologia, uma antiga bandeira do segmento evangélico, veio para melhorar ou piorar as coisas?

Em si, o reconhecimento oficial de um diploma de teologia não representa qualquer perigo para a Igreja. Mas o problema não é o isso, e sim, o conteúdo que será ministrado aos alunos que buscam uma formação reconhecida pelo Ministério da Educação. Da minha parte, creio ser possível termos um curso de teologia reconhecido oficialmente e que apresente uma teologia bíblica e saudável. Todavia, nem sempre tem sido esse o caso.

Como assim?

Esse reconhecimento tem sido oferecido, freqüentemente, através de cursos de teologia de faculdades e universidades públicas e privadas que não têm compromisso com a confessionalidade cristã histórica. é verdade que o reconhecimento oficial dos cursos de teologia é uma antiga bandeira do segmento evangélico. Só que, quando os evangélicos queriam isso, os cursos de teologia reconhecidos eram oferecidos por instituições de ensino superior que tinham tradição cristã. Além disso, eram dirigidas por cristãos comprometidos com a teologia histórica da Igreja, como Princeton nos Estados Unidos e a Universidade Livre na Holanda, por exemplo. Atualmente, grande parte dos professores de alguns desses cursos obtêm seus diplomas e graus de mestre e doutor em escolas liberais – e nem sempre na área de teologia, mas em ciências da religião, sociologia, psicologia, antropologia, letras etc.

O problema, então, é o que professores com este tipo de formação vão ensinar?

Não é tanto o que eles ensinam, mas o que deixam de ensinar, exatamente porque não tiveram uma sólida formação teológica debaixo de orientação bíblica. Quem mais tem sentido o impacto do liberalismo teológico em sua mão de obra são as igrejas pentecostais, que por não terem tradição em preparar seus obreiros, acabam recorrendo a esses cursos e expondo seus pastores, evangelistas e obreiros à teologia liberal.

Em sua obra, o senhor fala na existência de uma esquerda teológica que valoriza o liberalismo, não apenas nas questões religiosas, mas sobretudo comportamentais. Num panorama em que a esquerda política, atualmente no poder, parece confusa e adota posturas flagrantemente neoliberais, esta confusão ideológica também contamina o segmento evangélico?

Acho que sim. Não é coincidência que um grande segmento evangélico esteja defendendo bandeiras liberais, como o aborto, o reconhecimento das uniões homoafetivas, o sexo antes do casamento… Essa atitude de tolerância e relativismo é a mesma que sempre marcou o esquerdismo no Brasil. Não estou dizendo que todo evangélico esquerdista é liberal e defende essa agenda; mas que existe uma coincidência de valores éticos e de agenda.

O movimento evangélico brasileiro é tão diversificado quanto as milhares de denominações que o compõem. No atual panorama, identificado no seu livro, esta diversidade traz mais vantagens ou desvantagens?

Acredito que a diversidade é sadia e bíblica. Entendo, porém, que existe uma unidade essencial e básica entre os verdadeiros cristãos, que pode ser resumida nos fundamentos da fé bíblica. Os verdadeiros evangélicos confessam estes fundamentos, e vamos encontrá-los em todas as denominações que compõem a Igreja Evangélica brasileira. Mas vamos encontrar também quem não crê em nenhuma dessas coisas, ou que nutrem reservas quanto a elas. Eu não tenho problemas com a diversidade, pois acho-a enriquecedora. Tenho divergências inclusive com irmãos e colegas que são reformados calvinistas como eu. Todavia, existe uma unidade essencial mais forte e superior às divergências. Teologia tem um poder tremendo para unir as pessoas ou para separá-las, pois tem a ver com convicções e experiências pessoais.

A partir dos anos 1980, o advento da teologia da prosperidade e da confissão positiva mudou a maneira de se pensar a fé evangélica no país. Qual a verdadeira influência destas correntes na crise do movimento evangélico nacional?

A confissão positiva acabou exercendo uma grande influência sobre os evangélicos brasileiros. Na minha opinião, todavia, ela não é a maior influência negativa. Considero a teologia da prosperidade, a busca de experiências místicas, as crendices e superstições que infestam os arraiais neopentecostais como sendo de maior periculosidade para a Igreja. Quanto ao segmento reformado, por sua própria natureza, ele é mais resistente à essas infecções e pouca influência recebeu – mas tem, entretanto, sofrido mais com outros tipos de problemas, especialmente com sua incapacidade, até o momento, de crescer de forma significativa sem perder o compromisso com a fé histórica da Igreja.

Se muitos dos postulados neopentecostais vão de encontro à tradição protestante, em quê o segmento histórico falhou, ou pelo menos hesitou, para que, a partir dos anos 1970, o neopentecostalismo crescesse em proporções geométricas no cenário evangélico nacional?

Boa pergunta. é interessante que, na década de 1950, a Igreja Presbiteriana era uma das maiores denominações evangélicas do país. Por algum motivo, perdemos o bonde. Não sei avaliar direito o que aconteceu. Pode ser que tenhamos exagerado na reação aos abusos do movimento carismático na década de 70 e nos fechamos na defensiva. Ficou difícil, naquela época, falar do Espírito Santo e de reavivamento espiritual sem sermos confundidos com carismáticos e pentecostais. Pode ser também que reagimos da mesma forma diante do crescente movimento litúrgico e do movimento de crescimento de igrejas, com toda sua parafernália metodológica centrada no homem – movimentos estes que dominaram o cenário dos anos 70 a 80. E depois, a mesma coisa diante dos neopentecostais. Não conseguimos ainda sair da defensiva e ser mais proativos, oferecendo alternativas, soluções – e o que é melhor, oferecer nosso próprio exemplo de como uma igreja pode crescer de maneira sadia, sem comprometer a teologia e a ética bíblica.

Então, o liberalismo teológico também afetou as igrejas tradicionais?

Sim, afetou tremendamente as igrejas históricas nos anos 60, especialmente os seus seminários. Isso causou graves problemas e disputas internas, que obrigaram essas igrejas a relegar o crescimento a um plano secundário e a se concentrarem na própria sobrevivência. As igrejas históricas que não conseguiram sobreviver ilesas hoje são as menores entre os evangélicos, mais voltadas para o social e ainda em lutas internas com os liberais que sobreviveram dentro de suas organizações e estruturas. Já as que conseguiram sair inteiras, embora chamuscadas, começam lentamente a progredir e retomar seu crescimento, como creio ser o caso da Igreja Presbiteriana do Brasil.

Por que lideranças autocráticas e monolíticas, cada vez mais comuns nas igrejas, são aceitas pelos fiéis?

Em minha opinião, é o que chamo em meu livro de ‘a alma católica dos evangélicos brasileiros’. Os brasileiros estão acostumados com o catolicismo romano e sua hierarquia eclesiástica totalitária. Por séculos, o romanismo impregnou a alma brasileira com a idéia de que a religião deve ser conduzida por líderes acima do povo, que vivem numa esfera superior; enfim, intocáveis. No romanismo, os líderes não são eleitos pelo povo, como acontece na maioria das igrejas históricas, cujo sistema de governo é democrático – eles são impostos, determinados, designados. Além disso, são considerados como especiais e distintos; é o clero separado dos leigos. As ordens eclesiásticas são um dos sacramentos da Igreja Católica. E os brasileiros viveram sua vida toda debaixo da influência de uma religião regida por bispos e por um papa, o qual, segundo um dogma católico, é infalível. Nada mais natural, portanto, que ao se tornarem evangélicos, suspirem e desejem o mesmo esquema de liderança, como os israelitas que disseram a Samuel que constituísse um rei sobre eles, para que os governasse, como o tinham as outras nações à sua volta, conforme I Samuel 8.5. Essa mentalidade romana favorece o surgimento, entre os evangélicos, de líderes autocráticos e auto-designados, que se arrogam o título e o status de bispos ou apóstolos.

Fonte: Cristianismo Hoje

Veredicto de infidelidade contra dois cristãos no tribunal de Shiraz

Após três meses detidos por agentes de segurança, dois novos convertidos foram acusados formalmente de infidelidade pelo tribunal de justiça da província de Fars, no Irã.

Esse incidente faz parte da recente onda de prisões e detenções de cristãos iranianos que, desde o mês de maio, vêm sendo arrebanhados por forças de segurança do governo no Irã.

De acordo com os relatórios que a agência de notícias FCNN recebeu, dois iranianos cristãos – Mahomud Matin Azad de 53 anos e Arash Basirat de 40 –, foram presos em 15 de maio de 2008 por oficiais de segurança do Ministério da Informação. Eles estavam em um parque.

Mahomud e Arash foram levados para um centro de detenção bem popular, conhecido como Bloco 100, localizado na rua Sepah – a praça militar no centro de Shiraz. Eles foram colocados em solitárias por um longo período e sujeitados a interrogatórios desumanos e extremamente longos durante esse tempo.

Em 15 de julho de 2008, os dois foram transferidos para a prisão onde fica a população carcerária em geral.

Durante dois meses de solitária e de extremas pressões físicas e psicológicas feitas pelos oficiais da prisão, a condição desses irmãos continua a se deteriorar, apesar do fato de os interrogatórios e as outras formas de tortura terem diminuído aos poucos. A situação foi ainda pior para Arash, que sofre de diabetes.

Apesar de as famílias desses dois homens terem tentado pagar fiança para libertá-los e buscar ajuda médica para eles em várias ocasiões, o governo recusou suas solicitações com base na justificativa de que se tratava de casos especiais.

De acordo com os documentos que a FCNN recebeu, o júri popular e o tribunal revolucionário da cidade de Shiraz junto com o Ministério da Informação da província de Fars acusaram formalmente Mahomud e Arash de traidores religiosos e os condenaram por infidelidade.

A condenação foi feita com base na seção 214 do código penal e nas seções 1 e 9 do livro de Imã Khomeini, chamado de Tahrir al Vasileh – subseção que trata da infidelidade e do ato de se desviar do Islã para outra fé.

Outras acusações, como a de fazer atividades anti-revolucionárias, criar confusão pública, publicar infidelidades e insultar o fundador da revolução iraniana e o atual líder supremo da República Islâmica do Irã, foram acrescentadas às primeiras acusações criminais.

Vale ressaltar que, de acordo com cânones da crença islâmica, o ato de abandonar a fé mulçumana é estritamente proibido, e a pessoa que o pratica é declarada infiel. Portanto, é lícito derramar o sangue de tal pessoa.

De acordo com o código 167 da constituição da República Islâmica do Irã, um juiz deve dar a sentença com base nas leis e nos códigos penais existentes. No caso de tais leis e códigos não estarem disponíveis, o juiz deve basear seu julgamento em leis islâmicas disponíveis e nas fatwas (veredictos emitidos pelos clérigos religiosos). Portanto, os tribunais de Shiraz se apoiaram nos escritos de Khomoemi para declarar infiéis estes dois cristãos iranianos.

Até o momento, vários casos semelhantes de pessoas infiéis (cuja punição é a execução por enforcamento) têm se tornado públicos. Muitos grupos internacionais de diretos humanos têm dado voz às suas inquietudes e protestos contra o governo do Irã.

Fonte: Portas Abertas

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