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Le Monde: A influência discreta da Igreja italiana sobre a vida política do país

Diante de tal acontecimento, os olhos desses dois estão brilhando. Marcando presença nos quatro dias do evento, Gianpietro e Caterina – um casal de Treviso – circulam para cima e para baixo nas alamedas da 29ª edição do “Encontro em prol da amizade entre os povos”, convencidos de estarem assistindo a um verdadeiro milagre.

“E vocês viram essa multidão?”, comentam com ansiedade. “E essa juventude! E os olhares das pessoas!”

Ocorreu mesmo algum milagre em Rimini, uma cidade de veraneio do mar Adriático onde predomina o concreto armado e cujo nome sugere muito mais o “far-niente” e as loções de proteção solar do que um mistério da fé? Ao encerrar-se no sábado, 30 de agosto, com um extenso discurso de José Manuel Barroso, o presidente (português) da Comissão Européia, o Encontro de Rimini, uma das mais importantes reuniões de católicos que se possam ver na Europa, bateu mais uma vez todos os recordes.

No decorrer de uma semana, cerca de um milhão de visitantes participaram de debates, de colóquios, visitaram exposições, assistiram a concertos… Cerca de 3.000 benévolos gastaram seu próprio dinheiro com hospedagem e alimentação para guiarem os fiéis por este labirinto de salas e vestíbulos de exposições onde, no passado, foram vistos João Paulo 2º, Madre Teresa de Calcutá, o dalai-lama, o cardeal Ratzinger antes que ele se tornasse papa, Lech Walesa, Eugène Ionesco, Andrei Tarkovski, e muitos outros.

Neste ano, mais uma vez, homens políticos italianos de todas as tendências compareceram às dezenas. O Encontro de Rimini é um evento do qual todos eles precisam participar. Diariamente, uma publicação que sintetiza os principais artigos e comentários da mídia e da imprensa generalista e especializada, é editada pela centena de jornalistas presentes. São 100 páginas, apenas para os artigos da imprensa escrita. Diante disso, as grandes companhias não se fazem de rogadas para bancarem a fatura de 10 milhões de euros (cerca de R$ 24 milhões) necessária para a organização deste evento.

Além disso, o Encontro de Rimini também constitui a parte mais visível de um iceberg chamado “Comunhão e Libertação” (Comunione e Liberazione), um movimento eclesial fundado por Dom Luigi Giussani (1922-2005). Vinculado à hierarquia do Vaticano e afinado com os valores da Igreja italiana, o movimento Comunhão e Libertação tem como objetivo educar para a aprendizagem da fé cristã. E ele não esconde a sua estratégia: infiltrar-se nos centros de poder, a saber, as grandes empresas, por intermédio da Companhia das Obras Religiosas, e também nas esferas políticas, principalmente onde se encontram os representantes do Centro e do Partido das Liberdades (PdL), liderado por Silvio Berlusconi.

“Nós temos entre os nossos membros, filiados que participam da vida política, mas o nosso movimento não tem por vocação fazer política”, explica Dom Stefano Alberto, um companheiro dos primeiros anos de existência do movimento Comunhão e Libertação. “E mesmo assim, não há mais do que quatro ou cinco deputados dos quais tenho mesmo a certeza de que eles pertencem à nossa comunidade”. “Eles são uma dezena, não mais”, explica, por sua vez, Mario Mauro, o vice-presidente do Parlamento europeu.

Haverá também alguns ministros entre eles? “Sim, com toda certeza”, acrescenta um deputado, que cita Angelino Alfano, o ministro italiano da justiça, autor da lei de imunidade que tanto beneficiou a Silvio Berlusconi, e Mariastella Gelmini, a ministra da instrução. Vale também mencionar Roberto Formigoni, o poderoso presidente da região da Lombardia.

Pouco numerosas, porém visíveis e influentes, essas personalidades políticas atuam como intermediárias para a mensagem oficial da Igreja. Semanalmente, o deputado Maurizio Lupi (PdL) organiza um encontro, no próprio recinto do Montecitorio, a Assembléia Nacional (legislativa) italiana, no qual se reúnem seus colegas, membros do Comunhão e Libertação, além de integrantes não políticos do movimento e de simpatizantes. Trata-se de uma reunião multipartidária na qual são elaboradas as sínteses e as estratégias para os combates, entre outros aquele que diz respeito à escola livre, que a Igreja gostaria o quanto antes de impor como prioridade no calendário do governo.

“Valores não negociáveis”

Será o movimento Comunhão e Libertação um braço político da Igreja? A hipótese faz Mario Mauro desatar numa gargalhada franca e sonora: “Ela não precisa de nós. Desde o desaparecimento da Democracia Cristã, em conseqüência da operação “Mani Pulite” (Mão Limpas), o eleitorado católico acabou se redistribuindo por todo o leque partidário. A Igreja tem intermediários em todos os partidos”. Então, o movimento Comunhão e Libertação seria antes uma “espécie de maçonaria católica”? Um deputado do Partido Democrático (de centro-esquerda) responde: “Sim, de fato seria antes parecido com algo desse gênero”.

“Por que todo mundo teria o direito de fazer política, exceto nós?”, indagam os membros do movimento Comunhão e Libertação. Esta reivindicação foi apoiada pelo cardeal Bagnasco, que é o presidente da conferência episcopal italiana, por ocasião do discurso que ele pronunciou na abertura do Encontro de Rimini, em 24 de agosto. “Eles querem uma Igreja que permaneça trancada dentro da Igreja. Mas é um direito nosso de participar da vida política”. A quem estaria se referindo o cardeal? A todos aqueles que, na Itália, essencialmente integrantes da esquerda radical, gostariam que a Igreja não ultrapassasse os limites do perímetro das suas paróquias.

O tema que foi escolhido para esta 29ª edição do Encontro de Rimini – “Ou protagonista, ou ninguém” – poderia também ser entendido como sendo a reivindicação da Igreja italiana, fazendo valer o seu direito de participar do debate político. Contudo, enquanto ela continuar defendendo com unhas e dentes seus “valores não negociáveis” (contra o aborto, a fecundação artificial, as células-tronco, a eutanásia), a busca de um consenso permanecerá difícil. “Não deixa de ser um pouco complicado discutir com eles”, explica, lançando mão deste eufemismo, Sandro Gozi, um deputado do Partido Democrático, que foi um dos participantes do Encontro de Rimini.

Contudo, Gianpietro e Caterina nada viram de tudo isso. “Digam, sobretudo, que este encontro é extraordinário”, insistem, antes de desaparecerem no meio da multidão.

Tradução: Jean-Yves de Neufville

Fonte: Le Monde

Autor de “Instinto Selvagem” vira roteirista de Cristo

que ocorreu com Joe Eszterhas ocupa “Crossbearer: A Memory of Faith”, que chega às livrarias norte-americanas nesta terça, dia 2. O livro assinala a transformação de um roteirista em memorialista. “Foi parte de um acordo com Deus”, afirma Eszterhas em entrevista.

Para o público, a cruzada de pernas de Sharon Stone sem calcinhas e o uso alternativo de furadores de gelo foram alguns dos elementos que fizeram de “Instinto Selvagem” (1992), o quatro longa-metragem em inglês dirigido pelo holandês Paul Verhoeven (“Robocop”, “A Espiã”), um sucesso de bilheteria – mais de US$ 350 milhões em todo o mundo.

Mas, nos bastidores de Hollywood, o filme já era comentado muito antes das filmagens por causa de seu roteirista, Joe Eszterhas, que teria recebido pelo trabalho uma quantia então recorde para a função – a bolada alcançaria a cifra de US$ 3 milhões. Nada mal: pelo seu primeiro roteiro filmado, que deu origem a “Flashdance” (1983), o cachê teria sido de US$ 250 mil. Eszterhas ainda conseguiu manter o padrão salarial de “Instinto Selvagem” em “Invasão de Privacidade” (1993), também com Sharon Stone, baseado em romance de Ira Levin e dirigido por Philip Noyce, mas não emplacou nenhum outro êxito. Nos anos 2000, sumiu do mapa.

O que ocorreu com ele na subida, na descida e na retomada ocupa “Crossbearer: A Memory of Faith” (St. Martin’s Press), que chega às livrarias norte-americanas nesta terça, dia 2. De acordo com a revista “Publishers Weekly”, o livro assinala a transformação de um roteirista em memorialista. “Foi parte de um acordo com Deus”, afirma Eszterhas em entrevista a Dick Donahue. “Eu era alcoólatra e fumava quatro maços de cigarro por dia. Depois de uma cirurgia na garganta (por causa de um câncer), me disseram que eu precisava parar de beber e de fumar imediatamente se quisesse ter uma chance de sobreviver. Cerca de um mês nesse regime, e eu já estava ficando maluco.”

Eszterhas conta que foi sendo tomado pelo desespero até que, em um dia de muito calor, quando mosquitos e abelhas decidiram atacar o aparelho que lhe permitia respirar, ele se sentou na calçada, durante uma caminhada, e começou a chorar. “Ali, eu me ouvi – dentro da minha cabeça, claro, porque não tinha condições de falar – rezando e dizendo: ‘Por favor, Deus, me ajude’. Não rezava desde que era criança; Deus tinha sido irrelevante em toda a minha vida. Depois de ficar sentado por cinco ou dez minutos, me levantei e me senti melhor, mais forte do que havia me sentido desde a cirurgia.”

Lidar com a abstinência, garante ele, se tornou mais fácil desde então. “Pela primeira vez, eu pensei que de fato conseguiria me livrar do álcool e do cigarro, e agradeço a Deus por isso. Durante os meses seguintes, uma vez que não tinha mantido nenhuma espécie de relacionamento com Deus em tantos anos, eu estava relutante em pedir a ajuda de Deus para viver. Mas, finalmente, disse que se Deus me ajudasse a viver eu contaria ao mundo o que aconteceu comigo, e como aconteceu.”

O que Hollywood pensa da conversão? “Poucas pessoas viram o livro, mas todas elas sabem que tenho uma fé profunda e que isso representa um grande aspecto da minha vida. E, sim, penso que certamente existem muitos que olham para mim e pensam: ‘Bem, ele agora perdeu todos os miolos, não apenas alguns’. Sinto essa reação, mas devem existir muitos outros – cuja espiritualidade é mais ‘new age’ – que respeitam minha fé.”

Eszterhas conta que esteve com seu antigo agente, Guy McElwaine, cerca de quatro horas antes que ele morresse. Sentou-se ao seu lado, rezou, deu-lhe um beijo e notou que as pessoas no quarto ficaram muito tocadas. Algumas lhe disseram depois: “Você então renasceu, hein?”. Ele acredita que não. “Passei por uma espécie de conversão íntima que me levou para mais perto de Deus, mas que também me levou de volta para uma grande dimensão de minha infância católica”, explica.

Nada de trabalhos como “Instinto Selvagem” daqui para a frente, acredita ele. “Estou seguro de que vou usar essas experiências em meu trabalho, porque eu gostaria de expressar de outras maneiras o que está nesse livro – talvez como ficção, talvez em outros gêneros. Se estou certo de uma coisa, é de que os meus escritos, seja lá qual for a sua forma, jamais serão tão sombrios quanto algumas coisas que escrevi no passado. Não é que eu queira fazer proselitismo e ser um missionário, converter as pessoas, mas penso que vi um lado mais iluminado da vida, da realidade cotidiana e das pessoas do que eu havia visto antes, e gostaria que ele viesse a aparecer em meus escritos.”

Fonte: Blog da Folha

Papa Bento XVI recebe Ingrid Betancourt na Itália

O papa Bento XVI recebeu nesta segunda-feira por 25 minutos a ex-refém das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) Ingrid Betancourt, em uma “conversa pessoal” em que ela “pareceu muito emocionada”.

Ingrid, que chegou neste domingo à capital italiana para uma visita de quatro dias, foi recebida pelo papa em sua residência de Castel Gandolfo, a aproximadamente 30 quilômetros de Roma.

Ingrid “pareceu muito emocionada”, informaram as fontes, que lembraram que um dos primeiros desejos que a ex-refém expressou após sua libertação foi o de ser recebida pelo papa.

Depois da conversa com Ingrid, Bento XVI recebeu também os familiares que a acompanhavam: a mãe, Yolanda Pulecio, a irmã Astrid, os dois filhos e um primo.

A mãe de Ingrid já havia sido recebida pelo papa no Vaticano em fevereiro passado, quando sua filha ainda estava seqüestrada pelas Farc.

Depois do encontro, Ingrid retornou à capital italiana, onde está prevista uma reunião com o presidente da província de Roma, Nicola Zingaretti.

Assim que chegou a Roma, Ingrid visitou a comunidade católica de São Egídio, conhecida por sua mediação em muitos conflitos, e jantou com Walter Veltroni, presidente do Partido Democrata local.

Ingrid passará outro dia na capital da Itália, onde será recebida pelo presidente italiano, Giorgio Napolitano, e se reunirá com o prefeito de Roma, Gianni Alemano, cidade que concedeu a ela cidadania honorária em 2004, e com o chanceler italiano, Franco Frattini.

Na quarta-feira, viajará para Florença, onde receberá o Lírio de Ouro, o símbolo mais importante da localidade, e a cidadania de honra.

Fonte: EFE

Cinco mulheres são enterradas vivas no Paquistão

Cinco mulheres foram baleadas e enterradas vivas porque três delas queriam casar com homens de suas escolhas, informaram grupos de defesa dos direitos humanos da região. O governo do Paquistão abriu nesta segunda-feira uma investigação sobre o caso.

Os assassinatos chocaram o país, onde em áreas rurais de forte tradição tribal não são incomuns episódios de mulheres mortas por maridos ou irmãos em nome da honra da família.

As mulheres foram mortas na vila de Babakot, na Província do Baluquistão, no mês passado. Segundo grupos de direitos humanos locais, os assassinos estão ligados a uma família de forte influência política que tinha conseguido obstruir a investigação até agora.

O ministro do Interior paquistanês, Rehman Malik, afirmou nesta segunda-feira que ordenou um inquérito a uma autoridade policial local e quer um relatório sobre o caso dentro de uma semana.

“Queremos fatos. Isto não é uma sociedade européia. Somos uma sociedade diferente, mas a violência contra a mulher não pode ser tolerada nem em nome da cultura, nem da religião”, afirmou Malik.

O Paquistão é uma sociedade muçulmana conservadora, mas as mulheres conquistaram posições de poder, ocupando os mais altos cargos do governo. Benazir Bhutto foi premiê duas vezes e são mulheres também a presidente do banco central e a porta-voz do Parlamento.

No entanto, em áreas rurais a maior parte das mulheres tem sua liberdade cerceada e, segundo grupos de direitos humanos, elas não recebem nenhuma proteção da polícia e da Justiça em disputas com homens.

De acordo com a Comissão de Direitos Humanos do Paquistão, cerca de 1.000 mulheres são mortas em crimes relacionados com questões de honra, todo ano no Paquistão.

Fonte: Folha Online

Sinos muito barulhentos: tribunal condena paróquia italiana

O rumoroso e freqüente toque dos sinos do campanário de uma igreja, na região italiana da Ligúria deu ensejo ao pagamento de uma multa salgada.

A ação foi impetrada por uma mulher que mora há poucos metros da igreja. O Tribunal de Chiavari lhe deu ganho de causa e obrigou a paróquia a pagar à mulher, um ressarcimento de 60 mil euros.

Além da multa, o juiz Pasquale Grasso condenou a paróquia a reduzir ao mínimo o uso dos sinos, em respeito à lei de poluição sonora.

A “vítima” do excessivo rumor dos sinos é uma professora aposentada, que vive na localidade de Lavagna. Em 2003, ela entrou com uma causa civil contra a paróquia de Nossa Senhora do Carmo, solicitando ressarcimento pelo contínuo e excessivo rumor dos sinos.

O Tribunal pediu uma consulta técnica que apurou o efetivo dano biológico provocado pela “poluição sonora” do constante e alto repicar dos sinos.

Além do dano biológico, o magistrado reconheceu à professora também um dano moral, porque devido ao problema, ela não podia convidar amigos e parentes a visitarem sua casa.

Fonte: Rádio Vaticano

Furacão prova que Deus é democrata, diz Michael Moore

O documentarista e ativista político de esquerda Michael Moore, de “Fahrenheit 911”, meteu os pés pelas mãos –de novo. Fez piada com o Furacão Gustav, ao dizer que a chegada do fenômeno meteorológico no mesmo dia do começo da Convenção Republicana “é prova de que Deus existe”.

Com a reação negativa à piada de mau gosto, ele esclareceu os comentários em uma “carta aberta a Deus”, que postou em seu blog –a graça tem a mesma qualidade do comentário.

O problema é que não está sozinho. O ex-presidente do Partido Democrata, Don Fowler, havia dito antes que o “timing do furacão só demonstra que Deus está do nosso lado”. O vídeo foi parar no YouTube, e o político se desculpou.

A prática de falar borracha, como se dizia lá em Interlagos, não é privilégio da esquerda norte-americana. Logo depois de 11 de Setembro, o reverendo de ultradireita Jerry Falwell disse que era o ataque um castigo divino às pessoas que fazem abortos e aos homossexuais.

Fonte: Blog do Sérgio Dávila

Ensino religioso ganha espaço na rede pública

Na rede pública da cidade de São Paulo, todas as escolas incluíram trechos da Bíblia em seu material didático em 2002, com a adoção da cartilha Deus na Escola, produzida pela Secretaria Municipal de Educação com a participação de várias entidades religiosas.

As 7 da manhã, o portão é aberto e as crianças da 1ª à 4ª série entram na escola. Depois do chocolate quente, sentam-se em filas, no pátio. Uma professora pára na frente da turma e pergunta:

– O que fazemos de gostoso todas as manhãs?

– Acolhimento! – gritam, em coro, os cerca de 300 alunos.

– Então, todo mundo de mãozinha para cima.

Basta a professora puxar, “Pai-Nosso que estais no céu…”, e a turma toda acompanha. De olhos fechados, as crianças rezam o Pai-Nosso sem dificuldade, algumas com as palmas das mãos juntas na altura do peito, outras com as mãos abertas e para o alto. Depois de entoar duas orações e uma música sobre o amor, sobem enfileiradas para a sala de aula. “Quando cheguei a esta escola, elas tinham um comportamento muito violento, que traziam de casa”, diz a diretora Patrícia Bonilha. A solução foi o “acolhimento” no início de cada turno. “Melhorou muito. Ele proporciona equilíbrio, você consegue aquietar o ambiente, principalmente no período da tarde, quando as crianças chegam cheias de adrenalina”.

A cena lembra um ritual tradicional de qualquer colégio católico. Mas ocorreu na escola municipal Walter Carretero, de Sorocaba, interior de São Paulo. Na rede da cidade, todas as escolas incluíram trechos da Bíblia em seu material didático em 2002, com a adoção da cartilha Deus na Escola, produzida pela Secretaria Municipal de Educação com a participação de várias entidades religiosas. “Percebemos uma mudança de comportamento nos alunos de toda a cidade. No modo como tratam os professores, a família e os amigos”, diz a advogada Maria Lúcia Amary. Ela foi uma das autoras do programa, que dá orientações sobre como as escolas devem trabalhar os valores cristãos nas disciplinas escolares.

A transmissão de valores é um dos principais argumentos para a inclusão do ensino religioso nas escolas. Seus defensores consideram que a espiritualidade é um conhecimento fundamental para o desenvolvimento. “Em tempos de violência e degradação familiar, a escola deve ser um espaço para a construção do indivíduo”, afirma Maria Lúcia. “Na formação do caráter de uma pessoa, ficam faltando valores fundamentais de vida e respeito se ela não tem uma religião.”

Nem todos concordam com essa linha. Para a educadora Roseli Fischmann, professora da Universidade de São Paulo (USP), a escola deve ser capaz de ensinar o respeito mútuo sem depender da religião. “Na cabeça da criança, as noções de ética, direito e respeito não podem estar vinculadas a um Deus. Senão, o que vai acontecer se ela brigar com um colega que tem um Deus diferente do dela? Ou se, um dia, questionar sua religião?” Roseli faz parte de um grupo de educadores e sociólogos que evoca o princípio do Estado laico (sem religião) para criticar a entrada da fé nas escolas públicas. Para ela, cabe à família decidir se quer ou não transmitir sua religiosidade ao filho. “A espiritualidade não é parte necessária da formação escolar. Eu dei educação religiosa para meus filhos, mas há pais que não querem isso e eles têm esse direito”.

Há, portanto, duas correntes de pensamento antagônicas, cada uma com fortes argumentos. Será possível conciliá-las? Segundo o último censo do IBGE, 93% dos brasileiros se dizem religiosos. É provável que boa parte deles se sinta contente com a ajuda da escola na transmissão de seus valores aos filhos. Mas aí começam as dificuldades. De acordo com o IBGE, os brasileiros se dividem em 43 denominações religiosas. Os católicos representam 74% da população, seguidos pelos evangélicos, com 15%. Os que não têm religião são 7% do total – mais que o dobro da fatia que representa os adeptos de outras crenças, 3%. Como trazer Deus para as salas de aula de forma respeitosa a todas as linhas religiosas – incluindo os ateus e agnósticos?

Fonte: Revista Época

Jonas Brothers: evangélicos com discurso família agradam ao público

Por onde eles passam, deixam multidões de meninas simplesmente histéricas. E quanto mais histéricas elas ficam, mais eles exibem os chamados “anéis de pureza”. Compromisso de manter a virgindade até o casamento.

Nós estamos falando dos Jonas Brothers que falam com exclusividade ao Fantástico.

A pirâmide em Cleveland, Ohio, é a catedral do rock. Tem preciosidades dos anos 50 até os dias de hoje. Em meio aos turistas, três garotos pararam o museu. Kevin, 20 anos. Joe, 19. E Nick, 15. Os Jonas Brothers!

No ano passado, os irmãos Jonas venderam o equivalente a US$ 12 milhões em discos.

Tudo começou quando Nick, o mais novinho, tentou se lançar como cantor. Tinha apenas 6 anos. O projeto não deu muito certo. Mas uma gravadora acabou descobrindo que os três irmãos, juntos, poderiam ser irresistíveis. E que garota resiste ao charme de Joe? Ao olhar tímido de Nick! E à simpatia de Kevin?

De tão famosos, eles foram doar roupas da banda para o hall da fama do museu do rock, como já fizeram Prince e Mick Jagger.

Os Jonas Brothers estão em turnê pelos Estados Unidos para divulgar o terceiro álbum, “A little bit longer”.

No imenso gramado em Cleveland, as fãs esperaram um dia inteiro no sol quente de verão para ver os Jonas.

Um ônibus acompanha a caravana dos Jonas Brothers pelos Estados Unidos. Elas deixam mensagens como “eu te amo” e também pedidos de casamento.

“Eu quero me casar com o Joe”, diz ofegante, Jessica, do alto dos seus 7 anos.

O som pop dos Jonas agrada em cheio ao público adolescente. Mas parte do sucesso pode ser atribuída à fórmula: garotos lindos, com bons valores da tradicional família americana. Eles condenam o uso de drogas e álcool. Valorizam a família.

Nick descobriu que tem diabetes e faz campanha de conscientização sobre a doença. São evangélicos e usam um certo anel da virgindade. Um voto de só fazer sexo depois do casamento.

Quando perguntado sobre o anel, Kevin fica sério. Nick avisa: ‘Vamos só falar de música, ok?’

Hora de mudar de assunto. Quando os Jonas Brothers vão ao Brasil?

“Brasil?”, Nick se empolga.

“A nossa babá por muitos anos foi a Tia Sara”, dizem. Uma babá brasileira, de São Paulo.

Meninos crescidos, é claro, já não têm babá, mas Kevin diz que, com Tia Sara, aprendeu muito sobre a cultura e o futebol do Brasil.

Joe conta que eles torcem para encontrar as fãs brasileiras numa turnê no Brasil, ano que vem!

Os três vão para o camarim e reaparecem no palco no estilo Jonas Brothers. Terninhos bem cortados, acrobacias no palco, para delírio das fãs dos Jonas.

Fonte: Site do Fantástico

Islã medieval era superpotência científica, dizem especialistas

Uma sociedade multicultural, relativamente tolerante, na qual especialistas de todo o mundo civilizado trocam informações, formulam teorias ousadas e desenvolvem novas tecnologias. Bem-vindo ao Islã durante a Idade Média – uma cultura que deixava a Europa no chinelo em matéria de ciência.

Ainda há debates sobre como os domínios muçulmanos viraram superpotências científicas do século 8 ao século 15 de nossa era, e também sobre as causas de seu declínio superior, mas é indiscutível que eles deram passos fundamentais para alicerçar a ciência que até hoje é praticada no Ocidente.

“Nesse período, floresceu no mundo islâmico uma ciência com contribuições originais em várias áreas do conhecimento, sobretudo em matemática, astronomia e afins, e sem rival durante muitos séculos”, escreve o pesquisador português João Filipe Queiró, do Departamento de Matemática da Universidade de Coimbra. “No milênio a seguir ao século 8 estão identificados mais de mil cientistas islâmicos ativos. Como fontes, conhecem-se milhares de manuscritos e instrumentos científicos, mas muitos mais permanecem ainda hoje por analisar, ou sequer por catalogar”, afirma Queiró.

A explicação inicial para o avanço científico do Islã é militar. Após a morte de Maomé, que consolidou o domínio muçulmano na Arábia no século 7 da Era Cristã, o avanço dos exércitos islâmicos tomou conta de grande parte dos antigos centros de cultura do Velho Mundo, da Índia, no Oriente, às terras gregas do Império Bizantino, chegando até a Espanha, no Ocidente.

Com isso, os guerreiros do Islã se viram senhores de toda a herança cultural e científica dessas áreas. Mas, no lugar de substituí-la por sua própria cultura, eles iniciaram um intenso processo de assimilação, traduzindo para o árabe grande parte do legado dos filósofos, matemáticos e protocientistas gregos e indianos, por exemplo. Acredita-se que muitos textos da Antigüidade grega só sobreviveram porque, quando os cristãos reconquistaram a Espanha muçulmana, retraduziram essas obras do árabe para o latim.

Números práticos

Mais importante ainda, no entanto, foi o papel que o Islã desempenhou na transmissão do sistema numérico indiano, com os algarismos que conhecemos (de 0 a 9), para o Ocidente. Antes, era preciso literalmente usar letras (os numerais romanos ou gregos) para fazer contas, um método incômodo que, além de tudo, não contava com o número 0. Como a matemática tornar-se-ia a base de todo o desenvolvimento da ciência nos séculos seguintes, os pesquisadores muçulmanos podem ser considerados os responsáveis por lançar a pedra fundamental desse processo.

E, falando em “algarismo”, nunca é demais lembrar que a palavra, assim como “algoritmo”, deriva do nome de Mohamed ibn Musa al-Khwarizmi, pesquisador da Era de Ouro islâmica que nasceu no atual Uzbequistão no 780. “Álgebra” também deriva de al-jabr, presente no título de uma das obras de al-Khwarizmi, conta Queiró. “A expressão significa algo como ‘reconstrução’, e refere-se à operação de adicionar uma mesma quantidade a ambos os membros de uma equação”, afirma o pesquisador português.

Fundadores de observatórios astronômicos e universidades, os governantes islâmicos também impulsionaram avanços na astronomia e na cartografia, alguns de natureza prática diretamente ligada à religião muçulmana. “É o caso da determinação, em cada local, da qibla, a direção sagrada de Meca, necessária para as orações e para a orientação das mesquitas. Esse problema é muito interessante do ponto de vista matemático”, escreve Queiró.

A questão é complicadinha porque é preciso levar em conta o formato de esfera da Terra, o que impede que a direção de Meca vista a partir do Brasil, digamos, seja apenas uma linha reta. Usando trigonometria e geometria esférica, os pesquisadores do Islã aprenderam a contornar o problema. No século 16, navegadores portugueses usaram os escritos muçulmanos para corrigir seus cálculos e conseguir viajar do Recife a Lisboa, por exemplo.

Os pesquisadores do Islã também tiveram avanços consideráveis na óptica (foram os primeiros a descrever corretamente o fenômeno da refração, ligado à mudança do comportamento da luz ao passar do ar para a água, por exemplo) e na medicina. Foram pioneiros ao afirmar, por exemplo, que a visão era processada pelo cérebro a partir da luz que chegava até os olhos (antes, achava-se que os olhos ativamente “lançavam raios” até os objetos para enxergá-los).

Por que parou? Parou por quê?

É um bocado difícil explicar por que esse desenvolvimento todo acabou diminuindo a partir do século 16, enquanto o Ocidente avançou. Para o físico americano de origem turca Taner Edis, que trabalha na Truman State University (EUA), a explicação mais provável é que a revolução científica não teria sido completa no Islã. Ele diz que, nos domínios islâmicos, é mais correto falar em “protociência” na Idade Média. “Eles misturavam ciência de verdade com crenças um bocado esquisitas em alquimia, por exemplo”, disse Edis à revista eletrônica Salon.

Para ele, o que faltou foi a separação total entre instituições religiosas e científicas no mundo muçulmano, que deu liberdade de pesquisa para os cientistas do Ocidente. O debate entre os especialistas sobre o tema, no entanto, ainda prossegue.

Fonte: G1

Pesquisa revela que jovens se interessam mais por religião

Pesquisa do instituto alemão Bertelsmann Stiftung mostra que 65% dos jovens brasileiros de 18 a 29 anos disseram ser profundamente religiosos, outros 30% se declararam religiosos, e apenas 4% responderam não ter religião.

Todos os dias, antes do sol nascer, o estudante universitário Yuri Youssef Hassan, 21 anos, se ajoelha em adoração a Alá. Em Santo André, Rebecca Rink Orefice D’gostino, 17, e Jorge Pezzin Cardoso, 16, rezam antes de sair de casa para a escola. Noutro canto da cidade, Camila Santos de Carvalho, 20, também faz prece. Em São Bernardo, Jaqueline Rocha Ramos, 22, que já está desperta às 6h, também faz sua oração e se prepara para um dia inteiro devotado a Deus.

Eles fazem parte da terceira população jovem mais religiosa do mundo. É o que informa levantamento realizado em 21 países pelo instituto alemão Bertelsmann Stiftung. Segundo o estudo, 65% dos jovens brasileiros de 18 a 29 anos disseram ser profundamente religiosos, outros 30% se declararam religiosos, e apenas 4% responderam não ter religião.

Professor de teologia da Universidade Metodista de São Paulo, Nicanor Lopes explica que a pluralidade de credos no País é um incentivo para os mais novos. “A liberdade religiosa no Brasil é uma conquista do final do século 19 e veio com o movimento republicano. Por natureza, a cultura brasileira estimula a experiência religiosa e as famílias costumam cultivar e difundir essa prática”, afirma.

Essa liberdade religiosa tem reflexo em vários jovens. Membro do Instituto das Missionárias da Imaculada Padre Kolbe, no Riacho Grande, em São Bernardo, Jaqueline Rocha Ramos, conheceu o trabalho de missionárias aos 14 anos e precisou de cinco anos para decidir pela vida consagrada. Hoje ela é noviça e está preparada para assumir os votos de ‘castidade, obediência e pobreza’.

Antes disso, porém, completou os estudos, fez curso técnico, de inglês, trabalhou como secretária e namorou. Ela confessa que havia prazer em realizar todas essas atividades, mas não se sentia realizada.

Como todo jovem, também surpreendeu a família. “Os pais têm um projeto para o filho, mas eu segui outro rumo. Eles não entendiam porque eu queria isso”, diz a noviça, que é filha única.

Jaqueline já viajou para a Europa e para distantes regiões do Brasil para se reunir com jovens religiosos. Foi na viagem à Polônia, depois de visitar o campo de concentração de Auschwitz – símbolo do extermínio de judeus promovidos pelos nazistas – que ela decidiu pela vida abnegada.

Os contrariados pais ainda moram no bairro Assunção, em São Bernardo, na mesma casa onde a noviça um dia também morou. Hoje entendem a decisão da filha.

Respeito

Outro que se dedica à religião é Yuri Youssef Hassan. “Todo ano quando vou para à Arábia Saudita passo pela Inglaterra e percebo que lá eles são muito mais preocupados com a aparência do que no Brasil”, diz, em alusão à imagem pejorativa que muitos fazem de muçulmanos como ele.

Realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o Censo Demográfico de 2000 apontou que 73,6% dos brasileiros são católicos, 15,4% evangélicos e 1,3% espíritas. Seguidores da umbanda e do candomblé são 0,3% da população e 1,8% cultuam outras religiões. Os que não possuem credo representam 7,4% do contingente.

Fonte: Diário do Grande ABC

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