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Papa discute relações com o Islã com líder anglicano

O papa Bento 16 e o arcebispo de Canterbury, Rowan Williams, discutiram relações entre o cristianismo e o islamismo nesta segunda-feira, em seu primeiro encontro desde que o líder anglicano causou furor com seus comentários sobre a lei Sharia na Grã-Bretanha.

O Vaticano disse que o papa recebeu Rowan Williams em uma audiência privada mas não deu detalhes.

Um porta-voz anglicano afirmou que os dois conversaram em privacidade por 20 minutos e discutiram sobre relações entre cristãos e muçulmanos, diálogos entre crenças e sobre as impressões do papa sobre sua visita aos Estados Unidos no mês passado.

Ele descreveu a visita, o segundo encontro oficial entre o papa e o líder espiritual dos 77 milhões de anglicanos no mundo, como “acalorada e amigável”.

Em março, o cardeal Jean-Louis Tauran, principal responsável do Vaticano para as relações com o Islã, criticou Williams chamando-o de equivocado e “ingênuo” por ter sugerido que seria inevitável que alguns aspectos da Sharia, a lei islâmica, fossem adotados na Grã-Bretanha.

Os comentários de Williams, feitos em um discurso em fevereiro, causaram confusão na Inglaterra e no mundo e se tornaram parte de um debate sobre como integrar os 1,8 milhão de muçulmanos da Grã-Bretanha.

Relações entre as igrejas Católica e Anglicana foram prejudicadas na última década por divergências sobre padres mulheres e bispos homossexuais na igreja Anglicana, o que ambos os líderes reconheceram como obstáculos para a união.

Fonte: Reuters

Polêmica: estudos afirmam que Bíblia abriga duas versões contraditórias da criação do mundo

Estudos históricos e lingüísticos do texto sagrado mostrariam que os dois primeiros capítulos da Bíblia retratam não uma criação do mundo, mas duas. O ser humano surge de duas maneiras diferentes, uma logo depois da outra, e até o deus responsável pela criação não tem o mesmo nome nos dois relatos.

Leia abaixo a continuação da matéria veiculada no site G1:

Essa natureza contraditória e fascinante do Gênesis, o primeiro livro da Bíblia, está sendo revelada por uma série de estudos históricos e lingüísticos do texto sagrado. A arqueologia, por sua vez, mostra a relação dessas histórias com as de outros povos do Oriente Médio — às vezes tão parecidas com o Gênesis que ajudam a recriar a “pré-história” das Escrituras.

“A hipótese básica é que os textos bíblicos foram reunidos de várias fontes diferentes, de períodos diferentes, ao longo de nove séculos”, explica Suzana Chwarts, professora de estudos da Bíblia hebraica na USP. “Essa é a chamada hipótese documentária, discutida aos gritos em qualquer congresso internacional desde o século 19 até hoje”, brinca Chwarts, referindo-se às polêmicas que rondam a idéia.

Controvérsias à parte, a hipótese documentária costuma ver dois textos-base principais para as narrativas da criação, conhecidos pelas letrinhas P (primeiro relato) e J (o segundo). As diferenças entre a dupla são numerosas, como se pode conferir no infográfico abaixo.

De P a J

O relato de P é o único a detalhar a criação de todos os corpos celestes e seres vivos em seis dias. Nele, o homem e a mulher são criados ao mesmo tempo, e a divindade usa apenas palavras para fazer isso. Já o relato de J inverte a ordem de alguns elementos e, na verdade, enfoca apenas a criação dos seres humanos (trata-se da famosa história do homem feito de barro e da mulher modelada a partir de sua costela).

De quebra, os personagens que comandam a ação parecem não ser os mesmos. O primeiro recebe o nome hebraico Elohim (originalmente uma forma do plural, como “deuses”, mas usada para designar uma única divindade), normalmente traduzido simplesmente como “Deus”. O segundo é apresentado como Yahweh Elohim (dependendo da versão da Bíblia, chamado de “Senhor Deus” ou “Javé Deus” em português). Os indícios nesse e em outros textos bíblicos sugerem que os dois nomes refletem a influência de antigos deuses pagãos sobre a concepção de Deus dos antigos israelitas, autores e editores da obra.

As idéias sobre a origem dos relatos são variadas. Recolhendo pistas no texto hebraico completo da Bíblia, há quem aposte que J é o material mais antigo da dupla, tendo sido composto por volta do ano 700 a.C. Por outro lado, fala-se numa data mais recente para P, talvez a fase que se seguiu ao exílio dos habitantes do reino de Judá (a parte sul do antigo Israel) na Babilônia — ou seja, pouco antes do ano 500 a.C.

Chwarts, no entanto, diz que a principal diferença entre a dupla talvez não seja a data, mas a visão de mundo. P teria sido escrito pela casta sacerdotal israelita, a julgar pelo seu ritmo altamente ritualizado e organizado. “Ele é arquitetonicamente estruturado e ordenado, hierárquico. É totalmente antimitológico: tudo é criado pela palavra, inclusive os astros celestes, que são divindades em todas as outras culturas do Oriente Médio antigo, viram meras criações de Deus”, afirma ela. Já o segundo relato “não traz uma reflexão filosófica, mas reflete a visão popular de um camponês na terra de Israel. Esse é um deus mais paternal: quando cria o homem, o verbo usado é yatsar, ou seja, modelar a partir de uma substância”, explica.

Polêmica

O curioso é que elementos que lembram tanto a primeira quanto a segunda história da criação aparecem em textos desencavados por arqueólogos no Oriente Médio. “A imagem de deuses fazendo uma série de pequenos humanos com argila, como se fossem oleiros, também é muito comum”, lembra Christine Hayes, professora de estudos judaicos da Universidade Yale (EUA). O mais famoso desses textos mitológicos é o “Enuma Elish”, achado no atual Iraque e escrito em acadiano, uma língua aparentada ao hebraico. Tal como o primeiro capítulo do Gênesis, o “Enuma Elish” também descreve um mundo primordial coberto pelas águas, que é organizado por um deus — no caso, Marduk, que estabelece o firmamento celeste, a terra firme e os astros.

Como explicar as semelhanças? Para Osvaldo Luiz Ribeiro, doutorando da Pontifícia Universidade Católica do Rio (PUC-RJ) cuja tese versará justamente sobre a primeira narrativa da criação, não é preciso pensar numa influência direta do “Enuma Elish” (que pode ter sido escrito por volta de 2.000 a.C.) sobre a Bíblia. “Esses relatos dependem mais da plataforma cultural comum do mundo semita [grupo que incluía tanto israelitas quanto os falantes do acadiano]” — ou seja, teriam apenas uma origem remota comum.

Já Christine Hayes vê as semelhanças, na verdade, como uma crítica polêmica dos israelitas aos seus vizinhos pagãos. Ao adorar um deus único e soberano sobre a natureza, eles teriam usado elementos parecidos para contar uma história totalmente diferente. O deus Marduk, por exemplo, precisou lutar contra uma feroz deusa aquática, chamada Tiamat — uma espécie de representante das águas primordiais –, para criar o mundo. Já o Deus da primeira narrativa da criação simplesmente manda as águas se mexerem — e elas se mexem sem resistência, argumenta Hayes.

“O ouvinte antigo imediatamente ia ficar de orelhas em pé. Ia ficar pensando: cadê a batalha? Cadê o sangue? Achei que conhecia essa história”, diz a pesquisadora. Chwarts e Hayes também lembram o forte tom de otimismo das histórias da criação bíblica, em especial na primeira narrativa (a segunda é mais comedida nesse aspecto). Ao contrário das histórias similares entre outros povos antigos, os autores e editores bíblicos estariam rejeitando a idéia de que o mal faria parte da estrutura do mundo desde o começo. Não é à toa que, depois de cada obra, afirma-se que Deus viu que aquilo “era bom” ou “era muito bom”. “Você sente aquele tremendo influxo de otimismo: o mundo é bom! Os seres humanos são importantes, têm propósito e dignidade”, diz Hayes.

Terroso

A análise moderna do texto hebraico revela outras surpresas em relação a Adão, o suposto ancestral isolado de todos os seres humanos. “Para começar, Adão não é um nome próprio”, diz Hayes. A primeira narrativa diz que Deus criou o ‘adam — com artigo definido, como se fosse uma categoria de seres, e não um indivíduo. “Já se traduziu ‘adam como o terroso [ou seja, o feito de terra]”, conta Osvaldo Ribeiro. De quebra, nesse relato diz-se explicitamente que o ‘adam, homem e mulher juntos, são criados ao mesmo tempo e ambos seriam “imagem e semelhança” de Deus.

“É que, no mundo antigo, não se concebe um deus sozinho. Todo deus tem sua fêmea — não dá para imaginar um deus celibatário”, explica Rafael Rodrigues da Silva, professor do Departamento de Teologia e Ciências da Religião da PUC-SP.

Política pós-exílio

Silva diz que a relação entre ‘adam e ‘adamah, ou “terra” em hebraico, tem a ver com a idéia de terra enquanto lavoura, terreno para plantar. Nesse caso, as narrativas do Gênesis estariam de olho na necessidade de voltar a cultivar a terra da Palestina depois que o povo de Judá voltou do exílio na Babilônia.

Ribeiro, da PUC-RJ, aposta justamente nessa interpretação social e política para explicar a primeira narrativa da criação. “Essas narrativas tinham uma função específica no antigo mundo semítico, e essa função aparentemente não tinha a ver com a nossa visão delas como relatos da origem de tudo o que existe”, afirma. O “Enuma Elish”, por exemplo, era recitado na construção de templos e cidades — como uma parte ritual da ação criadora que estava sendo executada.

Ora, ao voltar do exílio, os ancestrais dos judeus, capitaneados pelos sacerdotes, viram-se diante da tarefa de reconstruir o Templo de Jerusalém — e o relato da criação seria justamente uma versão ritual desse processo. Ribeiro afirma que há um paralelo claro entre a situação de caos e de desolação antes da ação divina e a terra de Israel devastada pela guerra. “Por exemplo, quando uma cidade é destruída na Bíblia, há a invasão das águas”, diz. Isso explicaria também porque, estranhamente para nós, Deus não cria as coisas do nada, mas reorganiza elementos que já estão presentes — como alguém que traz de novo a lei e a ordem para uma região.

“Eu sinceramente nem sei se os povos semitas antigos tinham essa noção da criação do Universo inteiro a partir do princípio. Para eles, a criação significava provavelmente a criação de sua própria cultura, de sua própria civilização. O que ficava fora dos muros da cidade ou dos campos cultivados perto dela era considerado o caos”, afirma Ribeiro.

Contradições preservadas
Diante da história complicada e tortuosa do texto, a pergunta é inevitável: por que os editores antigos resolveram preservar as contradições, em vez de apagá-las?

“Porque ambas eram respeitadas em seus círculos, ambas eram fontes com autoridade, e os redatores bíblicos utilizaram o sistema de edição ‘cortar/colar’, e nunca ‘deletar’. Para o pensamento semita antigo, não há contradição alguma em dois relatos diferentes estarem no mesmo livro. Aliás, a idéia é que a palavra de Deus é múltipla e e se expressa de múltiplas formas, assim como sua verdade”, arremata Suzana Chwarts.

Fonte: G1

Obama se recupera após romper com reverendo, diz pesquisa

O aspirante democrata à Presidência Barack Obama recupera popularidade após romper publicamente com o pastor de sua igreja, o reverendo Jeremiah Wright, segundo uma pesquisa feita pública neste domingo, 4.

A pesquisa, publicada pelo jornal The New York Times e pela rede de televisão CBS, aponta que Obama recebe o apoio de 50% dos eleitores democratas, contra 38% de sua rival nas primárias, Hillary Clinton.

Na quarta-feira passada, em plena controvérsia sobre o pastor, a mesma pesquisa indicava que a vantagem de Obama era de apenas oito pontos.

A pesquisa mostra que se as eleições presidenciais do dia 4 de novembro fossem hoje e Obama enfrentasse o candidato republicano, John McCain, o derrotaria por 51% a 40%. Na semana passada, a enquete mostrava ambos os políticos empatados.

O reverendo Jeremiah Wright repetiu na segunda-feira em um comparecimento em Washington acusações de que o Governo dos Estados Unidos divulgou com pleno conhecimento o vírus da aids entre a população negra.

As declarações de Wright representaram uma queda de Obama nas pesquisas de popularidade.

Fonte: Estadão

O pastor branco radical que apóia McCain

Entediado com essas repetições infindáveis do reverendo Jeremiah Wright [ex-pastor de Barack Obama]? Então, vá diretamente ao YouTube, procure por “John Hagee Roman Church Hitler” e seja recarregado por um novo choque de bobagens clericais.

Você encontrará um televangelista branco, o reverendo John Hagee, palestrando em frente a um enorme diorama. Com uma caneta luminosa, ele aponta para a imagem de uma mulher com seios do tamanho dos de Pamela Anderson, segurando um cálice dourado nas mãos. A mulher é “a Grande Prostituta”, explica Hagee, e ela está bebendo “o sangue do povo judeu”. Isto porque “a Grande Prostituta” representa “a Igreja Católica Romana”, que, na visão dele, teve sede de sangue judeu ao longo da história, das Cruzadas ao Holocausto.

Hagee não é um excêntrico obscuro, mas o pastor de uma megaigreja texana. Em 27 de fevereiro, ficou ao lado de John McCain e endossou sua candidatura contra a de Mike Huckabee, o favorito dos conservadores religiosos, que ainda estava na disputa republicana pela candidatura à Casa Branca.

Katrina e gays

Devíamos acreditar que nem McCain nem sua campanha tinham a mínima idéia das posições de Hagee? Este vídeo do YouTube, que não é o único, foi postado em 1º de janeiro, quase dois meses antes dos pronunciamento Hagee-McCain para a imprensa. Hagee está em múltiplas redes religiosas, incluindo duas aparições diárias na maior delas, “Trinity Broadcasting”, que chega a 75 milhões de lares.

Desde então, McCain ficou chocado em descobrir que seu aliado religioso fez muitos outros pronunciamentos bizarros. Hagee, é verdade, jamais culpou o governo americano por criar a Aids. Mas ele diz que Deus mandou o furacão Katrina para punir Nova Orleans por seus pecados, particularmente uma “parada homossexual marcada para a segunda na qual veio o Katrina”.

Hagee não fez essa acusação em circunstâncias obscuras. Ele a transmitiu em um dos programa de rádio de maior audiência nos EUA, “Fresh Air” da NPR, em setembro de 2006. Ele reafirmou o que disse há menos de duas semanas. Somente depois que um repórter perguntou a McCain sobre o sermão do Katrina, em 24 de abril, o candidato classificou as declarações como “absurdas” e o pastor se retratou.

McCain diz que não endossa nenhum dos ataques de Hagee, não mais que Obama endossa os de Wright. Mas aqueles que tentam livrar McCain da acusação de ter abraçado o pastor problemático têm um argumento tênue, que pode ser resumido a isto: McCain não foi por 20 anos um fiel da igreja de Hagee.

Fica implícito, na defesa, que McCain foi um recipiente passivo do apoio de um radical intolerante. Na verdade, de acordo com ele próprio, foi McCain quem procurou Hagee, que talvez seja mais conhecido por defender uma “guerra santa” preventiva contra o Irã. (Os discursos agressivos do pastor talvez nos digam mais sobre as posições políticas de McCain que os de Wright sobre as de Obama).

Mesmo depois de os ataques de Hagee aos católicos reverberarem na mídia tradicional, McCain não o rejeitou, como fez Obama com o apoio não solicitado de Louis Farrakhan [líder do grupo Nação do Islã], após conclamações feitas pelo âncora da NBC Tim Russert e por Hillary Clinton.

Os vídeos de Hagee nunca tiveram a mesma circulação dos de Wright. A grandiloqüência de um pastor branco destilando veneno não fica tão bem na TV quanto o entusiasmo teatral de um homem negro.

Talvez por isso quase ninguém retransmita o diálogo entre Pat Robertson e Jerry Falwell, protótipo da alegação de Wright de que o 11 de Setembro foram as galinhas americanas “retornando ao galinheiro”. Na conversa transmitida pela TV em 13 de setembro de 2001, eles responsabilizam os pró-aborto, as feministas, os gays e os advogados da União Americana de Liberdades Civis pelos ataques -Wright culpou a política externa americana.

Padrão duplo

Caso o vídeo tivesse ressurgido no frenesi noticioso da TV a cabo, McCain talvez tivesse sido indagado sobre o porquê de não mais chamar esses pastores de “agentes da intolerância” e de ter escolhido aproximar-se de Falwell ao palestrar, em 2006, na Universidade Liberty, instituição batista fundamentalista criada pelo pastor.

Dois pastores brancos ensandecidos não tornam um Wright correto. É inteiramente justo que qualquer eleitor pondere sobre o longo relacionamento entre Obama e seu pastor ao julgar sua adequação para a Presidência. É igualmente justa ponderar a capacidade de Obama de lidar com essa crise pessoal e política que tem respingado repetidamente.

Qualquer que seja o veredicto, porém, é ingênuo fazer de conta que não há um padrão duplo operando. Se tivermos de julgar candidatos negros baseando-nos em seus apoiadores mais controversos -e à rapidez com que o renegam- deveríamos fazer o mesmo com os políticos brancos.

Fonte: Folha de São Paulo

Pesquisa Datafolha: Droga na família apavora paulistanos

Entre os cinco maiores medos pesquisados pelo Datafolha desde 1983, problemas econômicos perderam liderança do ranking. Ter um jovem da família envolvido com drogas é um medo que dobrou nos últimos 25 anos, quando o Datafolha foi fundado.

Troque o horror da violência pelo fantasma da economia e está aí um retrato dos medos do paulistano há 25 anos. A mudança salta aos olhos na comparação entre a primeira pesquisa realizada pelo Datafolha, em 1983, e a mais recente, realizada há duas semanas.

Há um quarto de século, os paulistanos sentiam calafrios só de pensar na “alta do custo de vida”. Era, afinal, época de recessão. O PIB (Produto Interno Bruto) começava a ser negativo após uma década de “milagre econômico”. O desemprego crescia e a inflação marcou 164% só em 1983. Hoje, a violência tomou esse lugar (veja o primeiro quadro acima).

Ambos os levantamentos, de 1983 e de 2008, foram estimulados: o pesquisado escolheu, entre cinco situações apresentadas, a que lhe dava mais medo. “Essas situações mostravam as principais preocupações da época. Hoje, seriam outras. Refizemos para efeito de comparação”, diz Mauro Paulino, diretor do Datafolha.

Drogas

Assim, o medo de um “jovem da família se envolver com drogas” é hoje o maior pesadelo paulistano daqueles cinco possíveis. Dobrou neste quarto de século. E, claro, a mudança não é conseqüência apenas da estabilidade econômica.

No período, a violência teve um salto, mas agora reflui. Em 1980, aconteciam 12,8 homicídios por 100 mil habitantes do Estado de São Paulo. Em 1999, houve o recorde: 28,4 homicídios a cada 100 mil paulistas. No ano passado, foram 11,8 assassinatos por 100 mil.

“Há agora essa epidemia de crack, que contribuiu muito pra aumentar o medo da droga”, diz a antropóloga Alba Zaluar, especialista em pesquisas sobre violência.

Nos anos 80, a palavra crack era usada principalmente para se referir à quebra da Bolsa de Nova York em 1929. O primeiro registro de crack do Denarc (Departamento de Investigações sobre Narcóticos) em São Paulo é de junho de 1990, quando foram apreendidos 220g com um barbeiro na zona leste. Após dois anos, a droga estava disseminada pela cidade.

“E é uma droga que arrebenta com a pessoa”, continua Zaluar. “Faz cometer loucuras e que é barata. A cocaína é muito mais temida que a maconha. Mas o crack é a mais temida de todas.” Para Zaluar, o medo da população não se restringe a ver um familiar consumindo: “Se envolver com cocaína e crack é se envolver com traficantes, com a criminalidade”.

O sociólogo Gláucio Ary Dillon Soares é mais pessimista: “Se o medo é de que os filhos se envolvam com drogas, isso reflete não só as drogas, mas também a relação de pais e filhos. Nesses 25 anos, parece ter havido um afrouxamento dessas relações, de tal maneira que a sedução da droga é muito maior.”

“A problemática reflete a nova vulnerabilidade da família em relação a agentes externos”, afirma Soares, pesquisador do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro.

A morte

Para complementar a pesquisa que deu o pontapé inicial no instituto em 1983, o Datafolha de 2008 fez uma série de outras perguntas.

Uma delas foi qual o maior medo do paulistano, mas sem oferecer as cinco situações limitadoras. Dessa forma espontânea, a violência aparece de longe em primeiro lugar, seguida do temor de morrer e do medo da morte de pessoas próximas (segundo quadro acima).

Para Alba Zaluar, essas três respostas nada mais são do que uma só, “efeito da mesma situação, que o momento de violência contribui para acelerar”.

Outras questões feitas agora permitem comparação com diversas pesquisas sobre comportamento do paulistano em vários momentos dos anos 80 e dos 90, como hábito de fumar ou vontade de nascer no Brasil, caso essa fosse uma escolha possível (quadro acima).

Num levantamento realizado em 1996, por exemplo, 41% dos paulistanos declaravam sentir “muito medo” de seqüestro. Hoje, são 54%, um aumento de quase 30% do temor.

Uma curiosidade salta em uma pesquisa de 1984: os paulistanos relataram ser mais assaltados na época do que relatam hoje, apesar de o medo da violência ser maior agora.

“Isso aponta para a importância da comunicação do risco e da própria circulação das imagens da violência -não são responsabilidade só da mídia, mas fruto também do “diz-que-diz” da cidade, das pesquisas acadêmicas, entidades- na produção do medo”, analisa Eduardo Marandola Jr., geógrafo e pesquisador do Núcleo de Estudos de População da Unicamp.

“Não podemos ignorar, também, a indústria da violência, que é aquela que propala o medo para vender segurança, fazendo-nos crer que estamos inseguros e desprotegidos.”

Marandola, que acaba de produzir tese de doutorado sobre o assunto, conclui: “Vivemos em uma sociedade que tem se notabilizado por uma busca excessiva da segurança e que produz um terrível paradoxo: quanto mais se busca segurança, maior é o abismo que nos separa dela. Pois quando a violência se consuma, mesmo quando nos julgamos protegidos, para onde vamos correr?”

O demógrafo José Eustáquio Diniz Alves, professor da Escola Nacional de Ciências Estatísticas do IBGE, une as pesquisas citadas num “brainstorm”: “Se o país está melhor para se viver, mas ao mesmo tempo está mais violento, aumenta o medo de morrer. É assim: o Brasil (e São Paulo em particular) tem se tornado melhor, mas a violência tem ameaçado. As pessoas estão mais otimistas e ao mesmo tempo receosas de perder o futuro mais promissor.”

Quem diria que algum dia alguém ia sentir saudades dos velhos tempos da inflação?

Fonte: Folha de São Paulo

Religiões condenam ato do suicídio

De forma geral as religiões condenam o suicídio. A vida é considerada um dom de Deus do qual o ser humano deveria preservar. Com algumas variações, esta visão existe no Cristianismo, Islamismo, Judaísmo e Hinduísmo. O Budismo, apesar de não cogitar da existência de Deus, também tem uma postura, embora menos enfática, de desaprovação do suicídio.

Para cerca de 70% dos brasileiros declarados católicos, a vida é sempre um bem alienável. É essa a opinião da Igreja Católica nos tempos atuais. Segundo o padre Bianor: ‘‘Deus nos deu o dom da vida. Devemos preservá-la, honrá-la como bem precioso. O catecismo da Igreja contradiz o suicídio. A inclinação natural do ser humano é de perpetuar, prolongar a vida. O suicídio ofende o amor ao próximo quando quebra os vínculos de solidariedade familiar’’.

Segundo o padre, a Igreja encara hoje o suicídio, acima de tudo, com misericórdia. E ora por essas pessoas. Em outros tempos a Igreja rejeitava a influência dos distúrbios mentais como causa suicida. ‘‘Vivemos uma cultura de morte; da desvalorização da vida. É a ditadura do relativismo. Faltam verdades absolutas. Músicas falam disso. Um refrão canta: beber, cair e levantar. É a desvalorização do corpo, do verdadeiro sentido da vida’’, lamenta o padre.

O pároco relata uma opinião menos ortodoxa da Igreja: ‘‘O suicídio é um pecado grave e mortal. A pessoa que comete está nas mãos de Deus e Ele tem os meios para buscar a salvação dessa pessoa. Até o século 19, a Igreja via o tema com tabu. Pouco a pouco viu-se que essas pessoas são envolvidas pela misericórdia de Deus. Há casos em que a culpa é minorada pela angústia, depressão, desemprego. Por mais injustificada, mas diminuem a culpa’’.

A justificativa principal da Igreja Católica para classificar o suicídio como pecado mortal está escrito no 5º mandamento da Lei de Deus, presente no Êxodo, capítulo 20, versículo 13: ‘‘Não matarás’’. Segundo padre Bianor, ‘‘em termos de gravidade, o suicídio é como matar o outro. E desde a sua concepção natural; no ocaso natural, essa concepção vale também para a eutanásia’’, conclui.

A questão do suicídio varia entre culturas. Se alguns países encaram como crime, algumas culturas vêem como maneira honrosa de escapar a situações vergonhosas ou desesperadoras, como no caso do seppuku japonês geralmente usado para limpar o nome da família na sociedade. No Brasil, desde 26 de outubro de 1992 o Superior Tribunal de Justiça reconheceu a tentativa de suicídio como ato livre de incriminação. A autolesão só será punida se for comprovado fraude para recebimento de indenização ou de valor de seguro.

Fonte: Diário de Natal

Famílias ‘trocam filhas por comida’ no Afeganistão

A pobreza e a falta do que comer estão levando algumas famílias do norte do Afeganistão a casar suas filhas bem jovens em troca de dinheiro, segundo uma reportagem realizada por Jenny Cuffe para a Radio 4 da BBC.

Farida (nome fictício), que vive no vilarejo de Wandian, na região montanhosa de Badakhshan, no nordeste do país, recebeu o equivalente a cerca de R$ 1.300 no verão passado depois de permitir o casamento da filha de 13 anos com um primo do pai, de 20 anos.

“É o destino dela”, diz Farida.

Mas a filha parece não concordar, dizendo não gostar do marido.

“Eu não queria me casar, foi a decisão dos meus pais. Eu sonhava em poder terminar os meus estudos. Eu não tive escolha”, diz a menina.

Fauzia Kofi, parlamentar da região de Badakhshan, afirma estar vendo um número cada vez maior de noivas muito jovens nos últimos dois anos.

“Uma criança de 9 ou 10 anos – foi oferecida em casamento em troca de trigo e duas vacas”, afirma.

“Eu não chamo isso de casamento, eu chamo isso de venda de crianças”, diz Kofi.

Mortes no parto

Uma parteira do vilarejo de Khordakhan afirma que tenta convencer os pais a não casar suas filhas tão jovens, mas diz que muitos sentem que não tem escolha.

Ela diz já ter ajudado uma menina de apenas dez anos a dar à luz.

“A menina era tão pequena. Eu a segurei no meu colo até o bebê nascer”, afirma Hanufa Mah.

Dados da ONU mostram que mais mulheres morrem durante o parto na região de Badakhshan do que em qualquer outro lugar no mundo, e mães com menos de 15 têm mais risco.

Pobreza

Tanto Kofi como a parteira Mah acreditam que a explicação para a nova tendência é a pobreza.

O vice-governador de Badakhshan, Mohammed Zarif, afirma que foram registradas 60 mortes causadas por frio e fome e a perda de 7 mil animais em um período de cinco meses que a região ficou isolada do resto do país por causa da neve.

No mercado da cidade, o preço de alguns alimentos dobrou no último ano – um resultado tanto da localização afastada como da crise no mercado global de alimentos.

Fauzia Kofi acredita que o casamento de crianças só terá fim se a região receber investimento para reduzir a pobreza e mais ajuda para melhorar o fornecimento de comida.

Mas o ministro das Finanças do Afeganistão, Anwar al-haq Ahadi, não acredita que regiões como Badakhshan possam ser retiradas da pobreza rapidamente.

“Eu acredito que levará algum tempo. No momento, o que estamos tentando fazer é oferecer o básico”, afirma.

“Nós somos o quarto ou o quinto país mais pobre do mundo. Nós esperamos melhorar de posição, mas em cinco anos, o Afeganistão ainda será um país muito pobre”, completa.

Fonte: BBC Brasil

THE NEW YORK TIMES: Professor defende a evolução com espaço para Deus

Francisco Ayala, ex-monge dominicano, biólogo evolutivo e geneticista da Universidade da Califórnia em Irvine, diz que informa às suas audiências não só que a evolução é uma teoria científica muito bem corroborada como também que acreditar em evolução não impede que uma pessoa acredite em Deus.

Para um professor universitário, Francisco Ayala passa muito tempo na estrada. Biólogo evolutivo e geneticista da Universidade da Califórnia em Irvine, ele realiza freqüentes palestras em universidades, igrejas, diante de grupos sociais e em muitos outros lugares, em defesa da teoria da evolução e contra os argumentos do chamado “criacionismo” e seu primo ideológico o “design inteligente”. Usualmente, o público que assiste às suas palestras já concordava com ele antes de ouvi-lo. Mas nem sempre.

À medida que continuam a surgir desafios a que a teoria da evolução seja parte dos currículos escolares, legisladores debatem medidas sob as quais o ensino do criacionismo equivale a liberdade a acadêmica e um novo filme vincula Darwin a males que variam da supressão da liberdade de expressão ao Holocausto, “muita gente que assiste às minhas palestras não sabe bem o que pensar”, diz Ayala. “Ou eles acreditam no design inteligente mas ainda assim querem me ouvir”.

Ayala, ex-monge dominicano, diz que informa às suas audiências não só que a evolução é uma teoria científica muito bem corroborada como também que acreditar em evolução não impede que uma pessoa acredite em deus. De fato, diz ele, a evolução “é mais compatível com a crença em um deus pessoal do que o design inteligente. Se Deus projetou organismos, ele teria muito por que responder”.

Considerem, por exemplo, o fato de que pelo menos 20% das gestações se encerram em abortos espontâneos. Se isso é resultado de uma anatomia concebida por inspiração divina, diz Ayala, “então Deus é o maior dos aborcionistas”. Ou considerem, ele propõe, o “sadismo” dos parasitas que devoram seus hospedeiros para sobreviver, ou os hábitos de acasalamento de insetos como os mosquitos-pólvora, cujas fêmeas fertilizam seus ovos consumindo os genitais – e todo o resto – de seus parceiros.

Para os mosquitos-pólvora, disse Ayala, “isso faz sentido em termos evolutivos. Se você é macho e se acasalou, a melhor coisa que pode fazer por seus genes é ser comido”. Mas caso Deus ou outro agente inteligente tivesse ordenado as coisas dessa maneira propositadamente, diz o professor, então “Ele seria sádico, certamente faz coisas muito estranhas e é um engenheiro bastante incompetente”.

É essa a mensagem de seu mais recente livro, Darwin’s Gift to Science and Religion (O que Darwin deu à ciência e à religião), no qual ele conta que, quando estudante de teologia na Espanha, foi ensinado que a evolução “oferecia o ‘elo perdido’ para a explicação de todo o mal do mundo” – uma defesa da bondade e da onipotência de Deus a despeito da existência do mal.

Ayala faz cerca de 50 palestras por ano, ele contou em recente entrevista em Nova York, um dia depois de uma aula inaugural de um ciclo de palestras sobre genética no City College. Devido a sua posição eminente – ele é membro da Academia Nacional de Ciências, ex-presidente da Associação Norte-Americana para o Progresso da Ciência e ganhador da Medalha Nacional de Ciências -, Ayala desfruta de posição privilegiada para falar.

Ayala, 74 anos, nasceu em Madri e estudou teologia na Faculdade Pontifical de San Esteban de Salamanca antes de imigrar aos Estados Unidos em 1961, para uma pós-graduação em genética na Universidade Colúmbia. Ele se naturalizou norte-americano em 1971.

Ayala se declara surpreso com o número de norte-americanos que acreditam que a teoria da evolução é contrária à crença em Deus, ou a vêem como errônea, ou até mesmo fraudulenta. (Na verdade, não existe contestação científica confiável a ela como explicação da diversidade e complexidade da vida na Terra.)

Ocasionalmente, diz, as pessoas vêm às suas palestras dispostas a desafiá-lo, usualmente brandindo os argumentos criacionistas mais conhecidos. Mas ele diz que até agora não encontrou argumento que não fosse capaz de rebater.

Ayala também descarta o argumento de que seria justo e equilibrado ensinar tanto a teoria da evolução quanto a teoria da criação, sem tomar partido perante a controvérsia. “Não ensinamos alquimia ao mesmo tempo em que ensinamos química”, ele diz. “Não ensinamos bruxaria e medicina como se fossem complementares. Não ensinamos astrologia e astronomia”.

Ayala se declara entristecido quando se depara com a teoria da evolução descrita como, em suas palavras, “ateísmo explícito”, a exemplo do que acontece nos livros do biólogo evolutivo Richard Dawkins ou de outros escritores que tomam ciência e religião como tema.

Nem a existência de Deus e nem a sua não existência são suscetíveis de prova científica, argumenta Ayala, e equiparar ciência ao abandono da religião “se enquadra aos preconceitos” dos proponentes do design inteligente e de outras teorias de base criacionista.

“Ciência e religião tratam de áreas não sobrepostas do conhecimento humano”, ele escreve em seu novo livro. “É só quando são realizadas asserções que vão além dos limites em que deveriam se enquadrar legitimamente que a teoria evolutiva e a crença religiosa parecem ser antitéticas”.

É importante ressaltar o fato de que Ayala “não é um crítico ou adversário da religião”, diz Eugenie Scott, do Centro Nacional de Educação para a Ciência, uma organização que defende o ensino da evolução e se opõe ao ensino do criacionismo nas escolas públicas. “Os criacionistas sempre tratam os inimigos da religião, no mundo da ciência, como se eles falassem por todos os cientistas. Mas é evidente que eles não falam por Francisco e por muitos outros cientistas”.

Mas ainda assim Ayala se recusa a discutir se continua ou não acreditando em religião. “Não quero ser rotulado”, afirma. “Por um lado ou pelo outro”.

Fonte: The New York Times

CINEMÚSICA: Filmes brasileiros em Cannes

“Não adianta; por mais que o cinema brasileiro tenha evoluído e conquistado espaço no mercado internacional, ainda me confronto com gente que continua não gostando e se recusando a assistir filmes nacionais.” Leia íntegra deste novo comentário de Leon Neto na sua coluna de todas as segundas-feiras, “Cinemúsica”, clicando [url=http://www.folhagospel.com/htdocs/modules/soapbox/]aqui[/url]

Leon Neto é formado em musica pela UFPE, e música sacra pelo STBNB. Possui mestrado em musicologia pela Campbellsville University, no Kentucky, e atualmente atua como professor no departamento de louvor da Liberty University, na Virginia (EUA).

Contatos: [email protected]

A perseguição religiosa em pleno século 21

Um em cada 10 cristãos no mundo está sujeito a restrições severas ou vivendo em estado de guerra. E para eles não há sinais de melhora. Pelo contrário: a ofensiva contra a liberdade religiosa, o conflito ideológico e a imposição a outros credos está ganhando força em todo o mundo.

Nos dias de hoje, especialmente nas nações livres, a perseguição assume ares tanto explícitos quanto sutis.

De acordo com o anuário alemão Maertyrer 2007, há 200 milhões de cristãos enfrentando algum tipo de restrição ao pleno exercício da fé, o que, em muitos casos, desdobra-se em situações de discriminação ostensiva e perseguição severa. Este anuário é publicado pela agência de notícias evangélica “Idea”, em parceria com a Aliança Evangélica Alemã e a Sociedade Internacional para Direitos Humanos.

A informação também foi confirmada em um relatório inédito do Serviço de Inteligência Britânico, o MI6, apontando que cristãos em 60 países enfrentam uma perseguição orquestrada, em grande parte, pela rede terrorista Al-Qaeda.

Antes da queda do muro de Berlim e da abertura da Cortina de Ferro a perseguição era facilmente identificada, sendo dirigida e promovida principalmente pelo governo e pelas agências estatais. Foi nesta época que a Portas Abertas surgiu (confira aqui a história do irmão André).

No entanto, desde então foram muitas as mudanças geopolíticas e econômicas. O comunismo entrou em colapso, a ex-União Soviética foi desmembrada, o muro de Berlim caiu, a União Européia vem se consolidando e o mundo assiste a uma polarização perigosa entre os países do oriente e do ocidente.

Uma nova Guerra Santa vem sendo proclamada por organizações terroristas islâmicas como a Al Qaeda, Talebã, entre outras, contra todos os cristãos e as nações do Ocidente.

De acordo com o anuário alemão Maertyrer 2007, há 200 milhões de cristãos enfrentando algum tipo de restrição ao pleno exercício da fé, o que, em muitos casos, desdobra-se em situações de discriminação ostensiva e perseguição severa. Este anuário é publicado pela agência de notícias evangélica “Idea”, em parceria com a Aliança Evangélica Alemã e a Sociedade Internacional para Direitos Humanos.

A informação também foi confirmada em um relatório inédito do Serviço de Inteligência Britânico, o MI6, apontando que cristãos em 60 países enfrentam uma perseguição orquestrada, em grande parte, pela rede terrorista Al-Qaeda.

Antes da queda do muro de Berlim e da abertura da Cortina de Ferro a perseguição era facilmente identificada, sendo dirigida e promovida principalmente pelo governo e pelas agências estatais. Foi nesta época que a Portas Abertas surgiu.

No entanto, desde então foram muitas as mudanças geopolíticas e econômicas. O comunismo entrou em colapso, a ex-União Soviética foi desmembrada, o muro de Berlim caiu, a União Européia vem se consolidando e o mundo assiste a uma polarização perigosa entre os países do oriente e do ocidente.

Uma nova Guerra Santa vem sendo proclamada por organizações terroristas islâmicas como a Al Qaeda, Talebã, entre outras, contra todos os cristãos e as nações do Ocidente.

Diante de tantas transformações, a Portas Abertas tem sido desafiada a diversificar suas formas de atuação.

Mesmo em uma nação livre como o Brasil – onde ao longo de três décadas a Portas Abertas se especializou em recrutar intercessores e mantenedores financeiros para sustentar o trabalho das localidades onde a perseguição é clara e explícita – já é possível identificar tentativas de coibir a liberdade de pregação da Bíblia e a perseguição aos pregadores com ameaça de detenção.

O governo brasileiro já estuda a adoção de mecanismos para restringir as atividades de missões cristãs na Amazônia. Além disso, dois projetos de lei que se propõem a evitar o preconceito contra homossexuais, também possuem regras para silenciar e censurar a pregação da Palavra de Deus.

“Nunca vimos uma ação tão explícita quanto essa no Brasil, sabemos que esse é um fenômeno importado de outros países tidos como ‘livres’, como a Inglaterra e a Alemanha, e como Igreja precisamos resistir a esse ataque do inimigo”, afirma Douglas Monaco, secretário-geral da Portas Abertas.

Sob o manto da tolerância, o ataque à fé absoluta

As faces mais sutis da perseguição religiosa nas nações livres são revestidas sob o manto da tolerância e da igualdade. Basta observar o que aconteceu no ano passado na maior nação protestante do mundo, os Estados Unidos. Os Gideões Internacionais foram proibidos pela Justiça do Estado de Missouri de distribuir Bíblias a crianças em uma escola de Annapolis.

Alemanha, berço do protestantismo, é um exemplo claro de como a restrição à liberdade religiosa ganhou requintes de modernidade. No ano passado, o pastor luterano Johannes Lerle, de 55 anos, foi condenado a um ano de prisão por ter “incitado a oposição ao aborto durante uma pregação”.

Ali também foi lançada, na Feira do Livro de Frankfurt de 2006, a primeira “Bíblia politicamente correta”, que “muda termos como “homens” por “pessoas” e “obedecer a Deus” por “escutar a Deus”, entre outros trechos.

Na Espanha, foi incorporada ao currículo escolar uma disciplina de educação e aceitação a diferentes tipos de família e afetividades, incluindo as homossexuais – projeto que também está em estudo para ser implantado no Brasil.

Na Inglaterra, o bispo anglicano de Hereford, Anthony Priddis, foi processado por ter se recusado a empregar um homossexual declarado, depois que lei semelhante a esta que está para ser votada no Senado brasileiro foi aprovada. Na Suécia, o pastor Ake Green foi condenado a um mês de prisão por ter pregado um sermão contra o homossexualismo.

Tolerância agora exige negar que qualquer um tenha fé absoluta. Em nome do relativismo moral e cultural, segundo o qual todo uso, comportamento e costume deve ser respeitado e qualquer opinião e palavra contrária é interpretada como fanatismo, vemos o direito de evangelizar sendo atacado”, explica Johan Companjen presidente da Open Doors International.

De fato, as nações consideradas livres vivem hoje diante do desafio de identificar casos de perseguição e de resistir, a fim de evitar que a abertura de uma pequena brecha possa trazer consigo uma avalanche de imposições restritivas à divulgação da Palavra de Deus.

Novos desafios: Portas Abertas diversifica áreas de atuação

Embora a distribuição de Bíblias tenha sido o centro da atividade missionária durante anos a fio, há cada vez mais solicitações para treinamentos e a organização de retiros para jovens e crianças que vivem sob o aliciamento de guerrilhas. Também há os casos emergenciais, como os abrigos aos ex-muçulmanos ameaçados de morte por causa de sua conversão a Cristo.

Crescem também os pedidos para a defesa dos cristãos presos, o que inclui iniciativas junto aos meios de comunicação para dar visibilidade internacional às violações aos direitos humanos dos cristãos encarcerados, torturados ou mortos por causa da féSem contar os casos de ajuda sócioeconômica para aqueles que são discriminados no meio social onde vivem e que por isso não conseguem emprego e muitas vezes têm impedido o acesso à água potável e à ajuda governamental.

Olhar e agir em favor do fortalecimento da Igreja Perseguida de Cristo ao redor do mundo é tarefa de todo o cristão, especialmente entre aqueles onde estão se cumprindo as palavras bíblicas: “Ora, todos quantos querem viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos (2 Tm 3.12)”.

E é este o propósito da Missão Portas Abertas, que acaba de completar 30 anos no Brasil atuando em parceria com a Open Doors International.

Fonte: Portas Abertas

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