De forma geral as religiões condenam o suicídio. A vida é considerada um dom de Deus do qual o ser humano deveria preservar. Com algumas variações, esta visão existe no Cristianismo, Islamismo, Judaísmo e Hinduísmo. O Budismo, apesar de não cogitar da existência de Deus, também tem uma postura, embora menos enfática, de desaprovação do suicídio.

Para cerca de 70% dos brasileiros declarados católicos, a vida é sempre um bem alienável. É essa a opinião da Igreja Católica nos tempos atuais. Segundo o padre Bianor: ‘‘Deus nos deu o dom da vida. Devemos preservá-la, honrá-la como bem precioso. O catecismo da Igreja contradiz o suicídio. A inclinação natural do ser humano é de perpetuar, prolongar a vida. O suicídio ofende o amor ao próximo quando quebra os vínculos de solidariedade familiar’’.

Segundo o padre, a Igreja encara hoje o suicídio, acima de tudo, com misericórdia. E ora por essas pessoas. Em outros tempos a Igreja rejeitava a influência dos distúrbios mentais como causa suicida. ‘‘Vivemos uma cultura de morte; da desvalorização da vida. É a ditadura do relativismo. Faltam verdades absolutas. Músicas falam disso. Um refrão canta: beber, cair e levantar. É a desvalorização do corpo, do verdadeiro sentido da vida’’, lamenta o padre.

O pároco relata uma opinião menos ortodoxa da Igreja: ‘‘O suicídio é um pecado grave e mortal. A pessoa que comete está nas mãos de Deus e Ele tem os meios para buscar a salvação dessa pessoa. Até o século 19, a Igreja via o tema com tabu. Pouco a pouco viu-se que essas pessoas são envolvidas pela misericórdia de Deus. Há casos em que a culpa é minorada pela angústia, depressão, desemprego. Por mais injustificada, mas diminuem a culpa’’.

A justificativa principal da Igreja Católica para classificar o suicídio como pecado mortal está escrito no 5º mandamento da Lei de Deus, presente no Êxodo, capítulo 20, versículo 13: ‘‘Não matarás’’. Segundo padre Bianor, ‘‘em termos de gravidade, o suicídio é como matar o outro. E desde a sua concepção natural; no ocaso natural, essa concepção vale também para a eutanásia’’, conclui.

A questão do suicídio varia entre culturas. Se alguns países encaram como crime, algumas culturas vêem como maneira honrosa de escapar a situações vergonhosas ou desesperadoras, como no caso do seppuku japonês geralmente usado para limpar o nome da família na sociedade. No Brasil, desde 26 de outubro de 1992 o Superior Tribunal de Justiça reconheceu a tentativa de suicídio como ato livre de incriminação. A autolesão só será punida se for comprovado fraude para recebimento de indenização ou de valor de seguro.

Fonte: Diário de Natal

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