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Igreja recebe carta de grupo neonazista ameaçando exterminar sérvios e judeus

Uma igreja ortodoxa da Croácia recebeu uma ameaça de extermínio dos sérvios e judeus do país assinada por adeptos do Hajduk Split, um dos maiores clubes de futebol croata.

“Recebemos uma carta com um conteúdo neonazista ameaçando, de forma brutal, o povo sérvio e os judeus da Croácia”, declarou, em comunicado, a referida igreja

“Pouco a pouco vamos exterminar-vos todos”, lia-se na carta dos adeptos.

A igreja já contatou a polícia para que sejam identificados os autores da ameaça. Mas a carta estava assinada com a insígnia “Hajduk Jugend”, nome dado aos apoiadores neonazistas do clube croata, que já não é a primeira vez que se manifestam em público com estes propósitos.

Fonte: Jornal Record

Igreja da Cientologia diz que livro de Andrew Morton está cheio de mentiras

Um dia depois de o escritor britânico Andrew Morton ter lançado nos Estados Unidos um livro sobre a vida de Tom Cruise e sua relação com a Igreja da Cientologia, a entidade respondeu ontem afirmando que se trata de um texto “cheio de preconceitos e mentiras, e difamatório”.

O lançamento do livro coincide com a divulgação na internet de um vídeo, filmado há quatro anos, no qual Cruise, com a música do filme “Missão Impossível” ao fundo, ressalta que pertencer à Igreja da Cientologia é “genial”.

Em comunicado, a organização religiosa indica que ao contrário do que Morton afirma no livro, o ator é “fiel da Cientologia e não tem qualquer cargo na hierarquia eclesiástica”.

Em “Tom Cruise: An Unauthorized Biography” (“Tom Cruise: Uma Biografia Não-Autorizada”, em tradução livre), o autor afirma que o astro de Hollywood é o segundo na estrutura da Cientologia e que manipula a entidade por trás dos panos.

O escritor britânico indica que o ator mantém sua atual esposa, Katie Holmes, “isolada e só”, e que a filha do casal, Suri, foi concebida com esperma do criador da Cientologia L. Ron Hubbard.

O vídeo de nove minutos divulgado hoje na Internet mostra Cruise, de 45 anos, dizendo que pertencer à Cientologia “é uma confusão, mas ao mesmo tempo é fabuloso e divertido. Não há nada melhor que sair e lutar e ver que as coisas melhoram”.

No livro, Morton também afirma que após o divórcio de Cruise e Nicole Kidman, o ator só permitiu que a atriz visse e conversasse com os filhos pela internet e que ficou irritado quando ao longo de seus dez anos de casamento descobriu uma série de e-mails trocados entre ela e o astro Russell Crowe.

O autor indica que após seu divórcio, Kidman consultou com uma ex-autoridade da Cientologia para ver como podia afastar as crianças da Igreja.

Cruise e Kidman adotaram durante o casamento dois filhos: Isabella e Connor.

Por último, o livro aponta que o relacionamento do ator com Penélope Cruz terminou depois que o pai da atriz, Eduardo, sofreu um ataque do coração em 2003.

Fonte: EFE

Igreja Católica negocia zona de encontro com as Farc

A Igreja Católica da Colômbia disse que já está em contato com o grupo rebelde Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) em uma tentativa de garantir a libertação de mais reféns em poder dos guerrilheiros.

O presidente da Conferência Episcopal da Colômbia (CEC), Luis Augusto Castro, disse que está mantendo contatos “discretos” com os rebeldes para que eles concordem com uma visita de representantes da Cruz Vermelha a mais de 40 reféns, incluindo a ex-candidata a presidente Ingrid Betancourt.

O governo oferece às Farc um encontro em uma zona neutra para discutir o acordo para a libertação.

Segundo as autoridades colombianas, o local teria cerca de 150 quilômetros quadrados, de preferência em área rural pouco povoada e sem postos militares ou policiais.

Reféns libertadas

Na segunda-feira, o presidente Álvaro Uribe se reuniu, ao lado do alto comissário para Paz da Presidência, Luis Carlos Restrepo, e de outros representantes do governo, com as reféns libertadas Consuelo González e Clara Rojas.

Durante a reunião, eles discutiram possíveis locais para o encontro com as Farc.

Restrepo sugeriu ainda que o lugar pode ser decidido em um encontro com o “chanceler” das Farc, Rodrigo Granda.

As Farc libertaram as duas reféns na semana passada. A ex-parlamentar Consuelo González apresentou cartas de alguns dos reféns que deixou para trás, no cativeiro, e que revelam o sofrimento físico e mental deles.

Desde o final de 2006, quando decidiu encerrar a mediação do presidente venezuelano Hugo Chávez com as Farc, Uribe autorizou a Igreja Católica do país a entrar em contato com o grupo guerrilheiro.

Fonte: BBC Brasil

Após protestos, imprensa italiana manifesta apoio a Bento 16

Todos os grandes jornais italianos desta quarta-feira condenaram firmemente os protestos de professores e estudantes que provocaram, nesta terça, o cancelamento de uma visita do pontífice à Universidade La Sapienza, de Roma.

O cancelamento da visita do papa, seria a vitória de “uma caricatura do laicismo (…), um laicismo radicalizante, sempre pronto a ser anticlerical, que quer unicamente ouvir suas próprias razões”, escreveu o “Corriere della Sera”, jornal de maior tiragem da Itália.

“Até ontem, a Itália era um país tolerante, onde a forte marca religiosa, cultural, social e a política do catolicismo coabitava com culturas e credos diferentes, garantidos pela autonomia do Estado republicano”, escreveu na primeira página Enzio Mauro, diretor do principal jornal de esquerda, o “La Repubblica”.

“Mas alguma coisa se rompeu, dramaticamente, sob os olhos do mundo (…) O papa, que é também o bispo de Roma, não pôde discursar na universidade de sua cidade, nesta Itália medíocre de 2008”, continuou Mauro, que fala de “um dia que ficará marcado na memória”.

“É uma dura prova para o laicismo na Itália”, escreveu o jornal “La Stampa”, que chama “as vozes do laicismo a se levantarem com clareza contra os contestadores” da universidade romana.

“Pobre igreja, pobre Itália”, afirmou o jornal de centro-direita “Il Giornale”, propriedade da família Berlusconi.

Ao protestarem contra a vinda do papa, os professores da universidade “cometeram um erro, demonstrando não crerem suficientemente no pluralismo”, disse, por sua vez, o jornal “Il Sole 24 Ore”.

O chefe da Igreja católica deveria tomar a palavra nesta quinta-feira diante de um auditório de professores e estudantes selecionados para a cerimônia de abertura do ano acadêmico.

Um grupo de professores e pesquisadores do departamento de física da universidade, assim como estudantes radicais protestaram durante dias contra a visita papal.

O medo de que pudesse haver distúrbios que constituíssem uma ameaça ao papa parece ter sido a origem do cancelamento da visita.

Papa teria dito em universidade que não queria “impor a fé”

O Vaticano divulgou ontem o discurso que o papa Bento XVI pretendia pronunciar durante sua visita à Universidade La Sapienza de Roma, que foi cancelada após os protestos de professores e alunos, e no qual afirmava que não buscava “impor a fé”.

No discurso, que o Vaticano enviou ao reitor da La Sapienza, o papa lembra que esta era a universidade dos pontífices e hoje “é uma instituição laica” com plena autonomia.

E conclui, lembrando que um papa que comparece a uma universidade “não vai tentar impor de forma autoritária a fé”, mas sua missão é “convidar sempre à razão, à busca da verdade, do bem, e de Deus”.

A visita foi cancelada após um total de 67 professores ter pedido sua anulação, por considerar o Papa um “obscurantista e porque em 1990 dizia que o processo da Igreja contra Galileu foi razoável e justo”.

No texto divulgado pelo Vaticano, Bento XVI explica que sua visita seria feita como “pastor da comunidade católica”, e que sua figura “se tornou cada vez mais uma voz da razão ética da humanidade”.

O pontífice explica em seu discurso que o papa “fala como representante de uma comunidade que guarda em si um tesouro de conhecimento e de experiência ética, que é importante para toda a humanidade”.

Em seu discurso, Bento XVI também admite que “várias coisas ditas pelos teólogos durante a história (…) se demonstraram falsas e agora confundem-nos”.

E acrescentava que “a mensagem cristã, segundo suas origens, tem que ser sempre um empurrão rumo à verdade e uma força contra a pressão do poder e dos interesses”.

No texto não existem referências ao tema da inauguração do ano acadêmico, que era os direitos humanos e a pena de morte, e Bento XVI prefere fazer um repasse sobre a missão do papa e o papel da universidade.

Ele também teria feito uma referência a que “o perigo do Ocidente” é que “se renda perante os assuntos da verdade” e “ceda perante a pressão dos interesses”.

Fonte: EFE

Açougueiro confessa que decapitou menino em ritual satânico

Um jovem açougueiro detido recentemente na Argentina confessou perante a Justiça sua participação no brutal crime de um menino de 12 anos que foi abusado sexualmente, assassinado e esquartejado durante um ritual satânico.

“Com este testemunho se fecha o círculo sobre os autores materiais do assassinato” de Ramón Ignacio González, perpetrado na província de Corrientes (nordeste) em 2006, assegurou o promotor do caso, Gustavo Schmitt.

Pelo crime, há sete pessoas presas e a última delas, detida há uma semana na periferia de Buenos Aires, é um jovem que ao ser indagado pelo juiz que investiga o fato “se entregou” e admitiu ter degolado e decapitado o menino.

“Declarou que foi contratado para assassinar Ramón durante um jogo satânico”, sustentou o promotor antes de esclarecer que ainda falta localizar as pessoas “que encomendaram e financiaram o homicídio”.

O último detido, de sobrenome Beguiristain e cujo nome não foi divulgado, tinha trabalhado como açougueiro durante vários anos e em sua declaração forneceu dados sobre outras “duas pessoas que também tiveram uma participação ativa na noite do crime”.

O jovem, conhecido como “O Bruxo”, foi processado junto aos outros seis suspeitos, e a polícia ainda procura um dos principais envolvidos, identificado como Daniel Alegre.

Ramón González desapareceu no dia 5 de outubro de 2006 e dois dias depois seu corpo foi achado esquartejado e com sinais de ter sido abusado sexualmente perto de uma estação de ônibus de Corrientes na qual o menino costumava pedir esmolas e dormir.

Durante a investigação, uma jovem que aparentemente foi obrigada a presenciar o ritual no qual Ramón foi assassinado forneceu um testemunho-chave para deter os sete suspeitos, entre os quais está a avó da menina.

Após violentarem o menino várias vezes e matá-lo, “o puseram em cima de uma hóstia negra e juntaram o sangue do corpo da vítima”, relatou. A testemunha disse que o rito foi fotografado, e seus participantes “deram-se as mãos com o sangue de Ramón, anunciaram as próximas vítimas e tinham certeza de que as almas de vários desaparecidos estavam ali presentes e comemoravam com eles”.

Fonte: EFE

China declara guerra à corrupção erótica

O Partido Comunista da China (PCCh) emitiu um comunicado sobre a luta contra a corrupção e a imoralidade e destacou, entre outros aspectos, que vai combater “o abuso de poder por volúpia”.

Segundo o comunicado, publicado hoje pela agência de notícias estatal “Xinhua”, este ano o PCCh vai reforçar a luta contra a corrupção. O problema é visto por seus líderes como a principal causa de descontentamento do povo com o Governo.

Em junho de 2007 entrou em vigor uma nova norma, ameaçando punir gravemente os funcionários públicos que tiverem amantes, contratarem os serviços de prostitutas ou abandonarem suas famílias e seus parentes mais velhos.

“Os quadros que mostrarem mau comportamento enfrentarão castigos adicionais, desde advertência até destituição de seu cargo”, alertou o comunicado, emitido numa reunião do Comitê de Disciplina do PCCh, na quarta-feira.

A perseguição das condutas sexuais “inapropriadas” durante o exercício do poder foi ressaltada no mesmo dia em que o ex-deputado da Assembléia Nacional Popular Wu Tianxi foi condenado à morte por ter aproveitado a sua influência para violentar 20 menores de idade.

Aparentemente, o político e empresário obtinha as jovens através de mulheres da localidade. Segundo o “Diário do Povo”, ele abusava delas para prolongar sua vida, acreditando em antigas tradições, segundo as quais as mulheres virgens dão vitalidade e energia, além de sorte.

O comunicado do Comitê de Disciplina também se referiu aos crimes financeiros dos líderes comunistas chineses em todos os níveis.

Também lembrou que os dirigentes não podem receber presentes nem aproveitar a sua posição para especular no mercado imobiliário, possuindo vários imóveis ao mesmo tempo.

A China pune com a pena de morte os responsáveis por grandes casos de corrupção.

Fonte: EFE

Participante do Big Brother diz que Globo vetou Bíblia dentro da casa

Thalita, uma das participantes do programa da Rede Globo, Big Brother Brasil, conversava com as outras participantes Gyselle, Bianca, Thatiana e Juliana no jardim da casa e reclamou que foi proibida de levar os três amuletos que estavam com ela no hotel. Ela ainda disse: “a gente também não pode trazer a Bíblia”.

A carioca entrou nesse assunto porque disse que vai precisar de muita sorte e oração para se livrar do próximo paredão do programa. “Me fizeram escolher um entre os três amuletos que eu tinha”, contou.

A Central Globo de Comunicação afirma que “não existe qualquer restrição a publicações de conteúdo religioso na bagagem dos concorrentes do Big Brother Brasil”. A emissora ainda afirma que “a Bíblia não estava entre os livros que a participante Thalita havia trazido de casa”.

Fonte: Terra

EUA: grupos religiosos em Nevada se dizem excluídos das primárias

Alguns grupos religiosos do Estado de Nevada, palco das próximas primárias americanas, afirmam que estão sendo excluídos do processo eleitoral por causa da data marcada para a votação, um sábado, dia santo para muitas religiões.

Judeus ortodoxos e membros da Igreja Adventista do Sétimo Dia reclamaram que seus fiéis não poderão participar das primárias dos partidos Democrata e Republicano, já que estas acontecerão no Shabat, o dia santo.

“Marcar essas primárias sem a menor consideração pelas necessidades daqueles que observam o Shabat inviabiliza de fato a participação de uma parcela crescente do eleitorado”, declarou Jeffrey Sinensky, conselheiro do Comitê Judaico Americano.

Sinensky divulgou um comunicado afirmando que, já que não haveria urnas móveis para coletar os votos daqueles que não poderiam se deslocar até os locais de votação, qualquer religioso que observe as regras do Shabat não poderia participar das primárias.

Cerca de 60 mil judeus em Nevada podem não participar das primárias partidárias por causa disso. Os adventistas, por sua vez – que são cerca de 5 mil no Estado – levantaram preocupações semelhantes.

“Marcar as primárias na manhã de um Shabat marginaliza tanto a comunidade Cristã Adventista do Sétimo Dia quanto a comunidade judaica ortodoxa”, afirmou James Standish, diretor associado da Igreja Adventista.

“Em uma eleição que está sendo decidida por margens pequenas, selecionar uma data que exclui milhares de eleitores pode mesmo influenciar os resultados”, acrescentou.

Ironicamente, as reclamações por parte de grupos religiosos que se consideram privados de seus direitos civis aparecem em meio à polêmica causada por planos de instalar pontos de votação próximos a cassinos de Las Vegas, para incentivar a participação de seus funcionários nas primárias.

Analistas afirmam que as “primárias do cassino” beneficiam partidários do democrata Barack Obama, que na última semana recebeu o apoio formal de um influente sindicato de trabalhadores de restaurantes, muitos dos quais trabalham em estabelecimentos dentro dos cassinos de Las Vegas.

O sindicato dos professores do Estado, amplamente visto como um aliado da principal rival de Obama, Hillary Clinton, questionou a legalidade dos pontos de votação e alega em um processo que a medida violaria regras constitucionais e estaduais.

Fonte: AFP

Sacerdotes espanhóis se reúnem em Havana

Mais de 100 sacerdotes espanhóis, membros da Obra de Cooperação Sacerdotal Hispano-Americana (OCSHA) estão reunidos em Havana para dividir experiências sobre o seu trabalho pastoral na América.

O presidente da Comissão de Missões da Conferência Episcopal Espanhola, monsenhor Ramón del Hoyo, disse à Efe que o objetivo do encontro, que começou na segunda-feira e vai até o dia 18, é reunir os párocos e ver quais são suas necessidades.

O encontro bienal reúne padres de diversas missões religiosas em 19 países da região, entre eles Brasil, Argentina, Bolívia, Estados Unidos, Colômbia, El Salvador, Venezuela e Guatemala.

Segundo Hoyo, nesta terça-feira, o cardeal cubano Jaime Ortega informou sobre a situação da Igreja Católica no país.

“Pareceu muito positiva a forma como se está trabalhando em Cuba, como as comunidades cristãs estão se abrindo à realidade e crescendo. Há aspectos muito positivos da própria revolução”, afirmou o bispo espanhol.

Fonte: EFE

EL PAIS: “Religião não se opõe à modernidade”, defende ex-presidente iraniano Khatami

“A religião não se opõe à modernidade”; “os seres humanos temos de encontrar o que nos une, e não o que nos separa”, declara o ex-presidente iraniano, Mohamed Khatami em entrevista ao jornal El Pais.

Já faz três anos que ele deixou a presidência do Irã, mas conserva os ares patrícios e o sorriso franco que lhe conquistaram o maior apoio popular a um político na República Islâmica. Agora, da Fundação para o Diálogo de Civilizações, Mohamed Khatami (nascido em Ardakan em 1943) continua defendendo suas convicções, apesar da mudança de rumo que deu o governo de seu país.

“A religião não se opõe à modernidade”; “os seres humanos temos de encontrar o que nos une, e não o que nos separa”, declara às vésperas do Primeiro Fórum da Aliança de Civilizações, do qual não poderá participar, apesar de ter plantado a semente e colaborado com os especialistas que o prepararam.

El País – Desde que o senhor deixou a presidência, trabalha para promover o diálogo de civilizações. Quais foram os resultados?
Mohamed Khatami –

Estabelecemos dois centros para promover esse diálogo, em Genebra e em Teerã. Além da repercussão em livros e periódicos, universidades do mundo todo organizam seminários e centros governamentais ou não-governamentais o promovem. Os primeiros-ministros da Espanha e da Turquia lançaram a Aliança de Civilizações, que se reunirá nos próximos dias em Madri. E nossa época precisa desse diálogo, porque o ser humano nunca sofreu tanto quanto agora. Só através do diálogo é possível alcançar um melhor entendimento e convivência.

Que peso o senhor atribui às idéias religiosas na configuração desses sistemas de valores compartilhados que chamamos de civilizações ou culturas?

As religiões são o elemento mais importante que há em cada cultura e em cada país, e por isso a interação entre elas é fundamental para resolver os problemas. Por exemplo, na Fundação, nos reunimos com representantes do Vaticano, da Catedral Nacional de Washington e da Universidade Islâmica de Al Abar para debater o caminho que é preciso seguir. Naturalmente, outras religiões poderão se incorporar. É muito importante esse diálogo inter-religioso.

Que os doutos das diversas religiões entrem em acordo parece mais simples do que estes o façam com os ateus. Não é maior o abismo entre os religiosos militantes (qualquer que seja seu credo) e os que defendem a laicidade?

Sem dúvida, mas o diálogo não termina nos religiosos. Temos muitos problemas humanitários nos quais podemos chegar a um acordo [com os ateus], como por exemplo a pobreza -o mais importante de todos- ou a grave crise do meio ambiente. Devemos pensar nas coisas que temos em comum como seres humanos, e não deixar que as diferenças nos separem.

No fundo dessas diferenças estão as relações entre religião e Estado. Na sua opinião, quais são as normas que as devem reger?

É um problema do mundo moderno. Na Idade Média não se planejava. Hoje triunfa a idéia de que se devem separar governo e religião. Diz-se com freqüência que a secularização acabou com as guerras de religião, mas houve outras, como a Primeira e a Segunda Guerras Mundiais, ou numerosos conflitos regionais que não têm nada a ver com religião. Não se pode afirmar que a separação de governo e religião põe fim a todos os problemas. Para que não haja guerra, o ser humano precisa deixar para trás seu egoísmo e não se considerar o centro do mundo. A religião não se opõe à liberdade, ao desenvolvimento e à democracia. Hoje não é mais como na Idade Média.

No Irã a combinação de instituições republicanas e religiosas produz alguns atritos. Chegarão a ser insustentáveis?

As bases da República Islâmica são republicanas, e o xiismo, o ramo do islã que seguimos no Irã, permite a interpretação, a “ijthad”. Isso evita que ambas as normas (islâmicas e republicanas) se contradigam. Na prática pode haver alguns problemas, mas se pode resolver e conseguir que a sociedade respeite as normas religiosas. O imã Khomeini disse que em uma sociedade islâmica se as normas religiosas contradizem a sociedade devem ser mudadas. Esse é um dos objetivos principais dos reformistas. Por isso não vejo contradição entre as duas.

O senhor considera que houve um recuo em parte do caminho que o senhor percorreu no Irã?

Devo explicar que o reformismo não começou nem terminou comigo. O reformismo iraniano tem um século de história. Faz cem anos que os iranianos querem três coisas: liberdade, independência e desenvolvimento. A revolução teve o mesmo objetivo. Por isso vai continuar. Mas a sociedade tem altos e baixos. Às vezes vai mais depressa e às vezes mais devagar, mas não deixa de avançar. As comparações sobre o governo atual e o que eu presidi deixo para a população.

O senhor pensa em ajudar a chapa reformista nas eleições legislativas de março?

Vou animá-los. Tive contatos com Rafsanjani, Karrubi e outros políticos. Temos muitas idéias em comum: o mais importante é nos coordenarmos e não deixarmos resquícios entre nós.

Há alguma diferença prática entre uma vitória dos reformistas ou dos conservadores?

Nossos objetivos não mudaram. Somos contra a intervenção estrangeira e acreditamos que é preciso defender a população. Pedimos mais liberdade e a defendemos; queremos melhorar nossas relações com outros países; melhorar nosso nível científico e tecnológico; conseguir o investimento estrangeiro que exige o desenvolvimento econômico; potencializar o setor privado… Confiamos no país. O programa que os reformistas divulgarão nos próximos dias incluirá esses pontos. E se chegarem ao poder os colocarão em prática. Esse é o nosso desejo. Quanto às comparações, deixo-as para os outros.

Fora do Irã, sua ambição nuclear causa preocupação. Durante seu mandato parecia que o entendimento era possível. Por que com seu sucessor mudou?

A crise explodiu quando eu era presidente. Acreditávamos na necessidade de ter energia nuclear (…) e como membros do Tratado de Não-Proliferação temos direito a ela. A preocupação das potências é compreensível, mas não suas formas. O Irã não tem armas nucleares, nem pretende ter. Já dissemos isso muitas vezes. Os inspetores da ONU o comprovaram e 16 organizações de inteligência dos EUA ratificaram…

Sim, mas dizem que o programa foi suspenso em 2003…

Nisso temos que corrigi-los. Antes de 2003 também não tínhamos um programa nuclear militar. Se há preocupação sobre armas atômicas, é preciso olhar para os que as possuem: nossos dois vizinhos do leste e Israel, que tem o maior arsenal de todos. Por que se pressiona o Irã por querer energia atômica? É uma questão política. Os EUA sabotaram a via amistosa. Para voltar a ela, se exige que todo o mundo reconheça o direito do Irã à energia nuclear e que o Irã dê garantias objetivas de que não desvia essa tecnologia para um programa militar. O Irã não mudou nesse sentido. Continua disposto a colaborar com outros países e com os inspetores. Confio que se chegará a uma solução pela via do diálogo. Um diálogo justo resolverá a tensão nuclear.

Fonte: El Pais

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