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SBT põe modelos seminuas para enfrentar bispos da Record

Como as duas emissoras, SBT e Record, estão brigando por cada minuto do dia, o SBT decidiu investir no horário que é considerado o calcanhar de Aquiles da Record: sua programação religiosa da Igreja Universal do Reino de Deus de todas as madrugadas.

Enquanto a Record diz estar preocupada apenas com a Globo (“a caminho da liderança”, diz seu slogan), o SBT se mobiliza na surdina para impedir que sua principal concorrente cresça ou mesmo mantenha o atual estado de empate técnico no Ibope. Em agosto e setembro, SBT e Record ficaram na faixa dos 6 pontos nas 24 horas do dia.

O SBT vai colocar o erotismo para enfrentar a religião: modelos lindas, escassamente vestidas e sibilantes vão atender aos telespectadores, por telefone. É a nova versão do programa “Fantasia”, que fez imenso sucesso no SBT no final dos anos 90. Era inspirado no programa italiano “50 Mulheres”.

O programa será ao vivo, a princípio da 1h às 3h. Será comandado por dois casais: Ellen Ganzarolli, Luiz Bacci e Patrícia Salvador já estão definidos; falta escolher um outro apresentador.

Pelo menos 40 garotas foram selecionadas para mais essa versão do “Fantasia”. Elas vão passar parte da madrugada – quando o ibope da Record beira o traço – recebendo mensagens, brincando e conversando com telespectadores. Haverá sorteios e games.

Tudo indica que será um golpe duro contra a Record, porque o programa certamente vai ampliar a diferença do SBT em relação à TV do bispo Macedo num horário crítico. Isso vai fazer diferença na hora de calcular a média de ibope nas 24 horas do dia.

A primeira versão do “Fantasia” entrou no ar em 97 com um “acidente”. Como as meninas recebiam ligações gratuitas via 0800, mais de 3 milhões de ligações ocorreram em menos de uma hora. Não sei se lembram, mas isso provocou um caos telefônico jamais visto em São Paulo. Diversas regiões chegaram a ficar horas sem telefonia.

A batalha pela vice-liderança no Ibope brasileiro vem se aprofundando desde o ano passado, quando a Record, então uma terceira colocada “convicta”, começou a registrar índices de crescimento acima da média das demais emissoras. Com projeto de longo prazo e investimentos na ordem de R$ 400 milhões (só nos últimos três anos), a Record almeja chegar ao topo da audiência e concorrer diretamente com a Globo no máximo em dez anos.

Fonte: UOL

Herald Tribune: Cidade holandesa de 18 mil habitantes tem 19 igrejas

Apesar de sua população não chegar a 18 mil, a cidade holandesa de Urk já conta com mais igrejas protestantes do que muitas cidades pequenas. Mas os 19 templos existentes não são suficientes, de forma que planos estão em andamento para construção de mais dois.

A uma hora de carro de Amsterdã, onde maconha é vendida abertamente em cafés e a prostituição é legal, Urk, uma comunidade pesqueira remota e tradicional, é um dos locais mais tementes a Deus na Europa.

Milhares aqui desprezam a televisão, teatro, cinema e dança. Muitos se vestem de preto e assistem três horas de culto aos domingos. E alguns se recusam a imunizar seus filhos ou a comprar seguro, pois acreditam que isto interfere com a vontade de Deus.

O assassinato de dois críticos do Islã, Pim Fortuyn, um político gay e oponente da imigração, e Theo Van Gogh, um cineasta, causou convulsões na Holanda, provocando um forte debate sobre a identidade nacional e a assimilação das minorias nas cidades holandesas.

Mas Urk faz parte de uma Holanda diferente, o coração da direita cristã do país que conta com dois partidos políticos -um deles ocupa o posto de vice-primeiro-ministro na coalizão de governo.

Se esta cidade ilustra algo da famosa tolerância dos holandeses -uma nação multicultural de 16 milhões de habitantes, mais de 3 milhões de origem estrangeira- é o fato dela se basear mais na coexistência do que em um desejo de integração social.

Enquanto a freqüência à igreja está em declínio por toda a Europa, em Urk a religião permanece um pilar da sociedade e os pastores estimam que 97% da cidade freqüente o culto dominical. Por haver tantos fiéis, as diferenças teológicas importam o suficiente para provocar divisões notáveis da fé protestante.

Na Holanda em geral, sete entre dez pessoas raramente assistem a um serviço religioso, segundo estatísticas de 2003. Um motivo para Urk desafiar as tendências modernas, seculares, está no fato de ter sido uma ilha além da costa até 1939, quando a terra foi resgatada do mar.

A cidade conta com um dialeto distinto e expressões únicas freqüentemente derivadas da marinhagem. Um antigo ditado de Urk diz: “Não se pode confiar em vento contrário e em mulheres que procuram prazeres”. De um lado os cidadãos de Urk estão ligados ao continente por terra recuperada, enquanto o porto da cidade, antes marítimo, margeia um grande lago de água doce chamado IJsselmeer. Os pescadores de Urk agora viajar por terra para chegar aos barcos ancorados em outros portos.

Socialmente conservadora, Urk é predominantemente branca (as estimativas do número de imigrantes varia de 20 a 60, incluindo um punhado de muçulmanos). Coabitação antes do casamento é quase desconhecida, as mulheres se casam jovens e as famílias freqüentemente são grandes. Um casal em Urk tem 18 filhos.

A cidade não têm igreja católica romana, sinagoga ou mesquita. Mas seguindo pela rua De Noord é possível contar sete igrejas protestantes em três quadras.

Na sala de estar de sua casa, William Middelkoop desenhou um diagrama com 12 linhas entrelaçadas para descrever a evolução das igrejas de Urk, que se dividiram desde os anos 60 devido a uma série de disputas teológicas.

No momento as 19 igrejas possuem prédios e, das três sem endereço permanente, duas estão planejando construir -incluindo a igreja Ichtus da qual Middelkoop é pastor.

Sua congregação de 800 se reúne em um ginásio esportivo, mas acabou de receber a permissão para reformar um prédio em igreja. O projeto custará 4 milhões de euros e deverá ser concluída em meados de 2009.

Middelkoop, 42 anos e nascido em Roterdã, lamenta a divisão das igrejas devido a disputas em torno da interpretação das escrituras.

“Satã ri quando vê isto”, disse Middelkoop. A questão, ele acrescentou, é: “É possível fazer parte de uma igreja que dá espaço para pastores não bíblicos?”

Uma das rixas teológicas mais significativas de meados do século 20 na Holanda foi sobre se a história de Adão e Eva devia ser aceita literalmente -em particular sobre se a serpente de fato falou.

Mas apesar das Igrejas Reformada e Cristã Reformada de Urk terem sobrevivido a este debate relativamente unidas, elas se dividiram desde os anos 60 em torno de quanto pensamento livre e teologia liberal é possível tolerar.

A Ichtus surgiu de uma aliança de igrejas que permitem que os fiéis duvidem das palavras literais das escrituras. Uma igreja não rígida segundo os padrões de Urk, sua congregação pode assistir televisão e dirigir no domingo.

Mas Middelkoop alerta seus fiéis a resistirem à tentação. “Você tem a lei do Senhor”, ele argumenta. “É preciso assistir a TV com os 10 Mandamentos do Senhor em sua mente, olhos e ouvidos. Quando você está com o controle remoto em sua mão, você não deve pensar ‘uau’, mas que tipo de decisão Jesus Cristo tomaria?”

O pastor da igreja mais rígida de Urk, a Jachin Boaz, se recusou a comentar, mas um ex-membro da congregação, falando sob a condição de anonimato por temer ofender a hierarquia da igreja, lembrou que “na infância não tínhamos TV, nem música popular e nem filmes. Nós vestíamos roupas pretas no domingo”.

Mas esta é uma comunidade unida e na qual as pessoas apóiam umas às outras, onde as pessoas conhecem seus vizinhos. “Eu tive uma boa infância”, ele disse. “Se você não tem TV, você lê um livro ou conversa com seu irmão ou irmã, seu marido ou sua esposa. Se você tem TV, você apenas olha para a TV.”

Como Urk conseguiu permanecer em outra era estando tão próxima das grandes cidades e centros de tentação da Holanda?

A resposta é que não conseguiu. Mesmo nos anos 60 a igreja mais rígida, a Jachin Boaz, foi sacudida por um escândalo quando foi descoberto que seu pastor tinha um filho fora do casamento, segundo um ex-morador que pediu que seu nome não fosse mencionado.

Ao receber um Mercedes de sua congregação, o mesmo pastor bateu seu carro, mas seus fiéis o substituíram após arrecadarem mais dinheiro. Posteriormente foi descoberto que o pastor tinha segurado o carro -contra o código da igreja- e resgatado o prêmio.

Com uma alta taxa de natalidade e uma grande população jovem, Urk tem um problema documentado com álcool e drogas, um que se torna mais evidente nas sextas e sábados, quando os pescadores voltam para casa.

Jaap Bakker, um ex-ancião da igreja Bethelkerk e um assistente social aposentado, aponta para o senso de comunidade, para a boa qualidade de vida familiar e para o retrospecto de filantropia da cidade.

Mas ele reconhece que, sob o exterior temente a Deus de Urk, se encontra uma realidade perturbadora. “Muitos jovens estão bebendo demais, as pessoas estão usando drogas. O que acontece em Amsterdã também acontece em Urk”, ele disse sentado no terraço da casa de seu filho.

No museu da cidade, o curador Hans Besselink disse que uma das coisas que torna Urk diferente é que aqueles que se comportam mal em uma noite de sábado invariavelmente estarão na igreja na manhã seguinte. Fortemente independentes, os fiéis de Urk não querem que lhes digam como orar, mas “se você estiver descontente com uma disputa teológica, ninguém se importa se iniciar uma nova denominação”.

Os fiéis de Urk, disse Besselink, não tentam converter pessoas e “são muito tolerantes em relação a culturas de fora” desde que possam proteger seu próprio modo de vida. A tolerância é uma virtude, ele acrescentou, mas “também pode significar falta de interesse”.

Fonte: International Herald Tribune

Governo medirá impacto da TV em crianças

O governo federal vai fazer pesquisas para medir o impacto da TV na vida de crianças e adolescentes e incentivará a criação de uma agência “voltada para a análise crítica da mídia”.

Nesta semana, o Ministério da Justiça lança edital para a contratação de um instituto que realizará uma pesquisa que entrevistará, ainda neste ano, 2.200 pais e 2.200 crianças e adolescentes de todo o país. O estudo custará R$ 350 mil.

Dos pais, a pesquisa quer saber o que eles acham das cenas de sexo, violência e drogas e que reações percebem no comportamento dos filhos. Das crianças, quer descobrir como elas recebem esse conteúdo e arrancar dados como o herói do momento, quantas horas elas assistem à TV e se brincam enquanto vêem programas.

Numa segunda etapa, em 2008, o ministério fará pesquisas com grupos, para identificar o impacto da TV nas crianças e adolescentes. Numa terceira fase, será estudada a influência da TV a médio prazo. “Queremos saber o que acontece com uma criança após dez anos de exposição à TV”, diz José Eduardo Romão, diretor do departamento de classificação indicativa do ministério.

A idéia é repetir essas pesquisas anualmente e criar uma política pública de “análise crítica da mídia”. O ministério já articula com Unesco e universidades parceria para a criação de uma ONG que se encarregue desse monitoramento.

Fonte: Folha de São Paulo

Movimento quer coletar 5 milhões de assinaturas contra o aborto

O Movimento Nacional em Defesa da Vida – Brasil sem Aborto lançou na quinta-feira, 04/10, em Brasília, uma campanha nacional pela coleta de 5 milhões de assinaturas contra a descriminalização do aborto no país.

A campanha foi deflagrada durante o Seminário da Criança Antes de Nascer “A Vida do Nascituro”, organizado pelo deputado Talmir Rodrigues (PV/SP), e que teve a participação de diversos parlamentares que integram as Frentes Parlamentares Contra o Aborto e Pela Vida e entidades da sociedade civil.

O deputado federal André Vargas, que coordena na região Sul a Frente Parlamentar em Defesa da Vida – Contra o Aborto, participou do lançamento da campanha e destacou a importância da mobilização popular para impedir que o Projeto de Lei nº 1135/91, seja aprovado.

Ele está em debate na Comissão de Seguridade Social e Família (CSSF), da Câmara dos Deputados e tem como relator o deputado Jorge Tadeu Mudalen (DEM/DF), que também preside da CSSF da Câmara. O projeto já passou por duas audiências públicas, a primeira no dia 27 de junho e a segunda, 29 de agosto passado.

No dia 11/09, o deputado Mudalen se reuniu com representantes de entidades nacionais e locais que defendem a vida desde a concepção e se comprometeu a apresentar seu parecer sobre o PL 1135/91 na primeira quinzena de dezembro.

“Por meio deste abaixo-assinado vamos intensificar a luta em defesa da vida e contra a descriminalização do aborto. Já temos apoios importantes como o do presidente Lula, que recebeu 780 mil assinaturas contra o aborto quando visitou Curitiba, no mês de agosto e declarou que no seu entendimento a legislação atual não precisa mudar. A sociedade precisa se mobilizar para defender a vida desde a sua concepção”, lembrou.

Desde quinta-feira (dia 4), é possível encontrar o modelo do abaixo-assinado no site do Movimento (www.brasilsemaborto.com.br), que poderá ser acessado por qualquer pessoa ou entidade interessada em coletar as assinaturas em sua comunidade ou região. O material recolhido deverá ser enviado para a coordenação nacional, em Brasília: SEPS 714/914 Bl, sala 212 Edifício Porto Alegre.

Fonte: Bem Paraná

Lei que proíbe véu em escolas ainda fere muçulmanas

Faz três anos e meio que ser fiel ao islã é mais difícil para as jovens muçulmanas que moram na França, proibidas por lei desde 2004 de portar o véu islâmico nos estabelecimentos públicos de ensino. O adereço, para elas, é mais do que um dogma: faz parte da identidade.

E é como um atentado à personalidade que muitas delas recebem a aplicação da lei.

Adotada para adequar as escolas ao Estado laico francês, a Lei 14 de Março, como ficou conhecida, só deixou às meninas duas alternativas: ou se adequavam ou abandonavam os estudos. E o que se vê nas ruas é que elas adaptaram a devoção religiosa à nova norma.

A cena se tornou habitual: as adolescentes chegam à escola usando o véu até o último instante, quando o retiram no portão. A situação inversa se repete quando elas deixam o local, na metade da tarde.

“Eu me sinto agredida por ter de fazer isso. O véu faz parte da minha identidade. Não entendo por que um pedaço de tecido cobrindo os meus cabelos pode ofender alguém”, avaliou Elmoutannabbi Khaoula, 17, que arrumava os cabelos ao retirar o véu antes de ingressar no liceu profissional Fréderic August, no norte de Paris.

Fidelidade

Elmoutannabbi e a amiga Boudaoud Saleha, 18, dizem que sem o véu se sentem de certa forma nuas. Em sinal de fidelidade “ao profeta” – como todas as entrevistadas se referiram a Maomé-, cobrem os cabelos há quatro anos.

“Nós seguimos a lei, e os protestos praticamente acabaram, mas eu garanto a você que toda muçulmana “voilée” ainda se sente ferida cada vez que é obrigada a se despir em público dessa forma”, disse Boudaoud.

Quando a votação no Parlamento determinou a proibição, fazia poucos meses que ela havia decidido adotar o adereço. “Foi muito difícil. Imagine se de um dia para o outro obrigassem você a não usar mais blusa. Eu percebia os olhares das pessoas e ficava muito incomodada. Sinto exatamente a mesma coisa todos os dias, até hoje.”

Ser muçulmana não é fácil numa metrópole ocidental, mas as amigas sustentam que a lei não lhes provocou mudança na forma de pensar. “Tenho um monte de amigas cristãs, mas não tenho a menor vontade de expor o meu corpo como eu vejo as mulheres fazendo por aí”, afirma Elmoutannabbi.

O Alcorão dá liberdade à mulher de escolher o momento de passar a portar o véu, mas sugere o início da puberdade como período ideal. Amparadas nisso, muitas jovens muçulmanas na França decidiram não usá-lo para evitar preconceitos.

É o caso da estudante Sofia Lina, 19. Embora afirme não perder uma única reza das cinco diárias obrigatórias, ela deixa os cabelos à mostra. “Para uma mulher muçulmana que vive no Ocidente, é muito mais difícil portar o véu do que não o portar. Minha família me apóia porque acha que ficaria mais vulnerável ao preconceito contra os muçulmanos.”

Já Donia Jawmene, 20, começou a usar o véu depois de a lei ter entrado em vigor. Ela pode portá-lo na universidade, uma vez que a proibição é válida apenas nos colégios. “Não pergunto para os outros sobre suas religiões e gosto que respeitem a minha.”

Nora Rami, porta-voz do Comitê 15 de Março e Liberdade, criado para prestar auxílio às adolescentes, diz que a opção por usar o véu costuma ser definitiva e recebe influências da família, das amigas, de um professor ou até mesmo da TV.

Marco de nova fase

O início do uso do véu, portanto, marca uma nova fase na vida da mulher muçulmana e daí a origem da dificuldade em abandoná-lo. “Pelo menos 300 jovens deixaram a escola depois da lei. Algumas começaram a fazer curso por correspondência, mas raros foram os casos das que não finalizaram o ensino médio”, disse Nora.

As que continuaram os estudos e pertencem a famílias de tradição islâmica mais rígida procuraram por estabelecimentos muçulmanos privados. Só existem dois na França: um em Lille, no norte, e o outro em Décine, no sudeste do país. Só o primeiro é reconhecido.

Por baixo do véu, as muçulmanas francesas usam jeans, saias estampadas, maquiagem e salto alto. Na rua de Rennes, em Montparnasse, as moças adoram bisbilhotar as lojas de lingeries, e a avenida Champs-Elysées, meca das principais grifes, é o endereço escolhido para os finais de semana.

As grifes de véu também fazem sucesso entre as mulheres muçulmanas. Em Paris, há desfiles de moda do adereço -a presença dos homens é proibida. “Eu acho um tremendo charme usar um véu bem trabalhado. Imagina, você tem uma festa e coloca um preto ou um prata, todo bordado, combinando com o restante da roupa… Fica perfeito!”, diz Hasbani Ibtissen, 18, que, para um passeio no shopping Quatre Temps, escolheu um véu que misturava tons de verde com laranja, adornado por contas.

De acordo com o Instituto Nacional de Estatísticas, cerca de 4% da população francesa hoje é muçulmana. Entidades ligadas à religião afirmam que o dado correto é de 7,5%, ou 5 milhões de pessoas.

Laicidade tem interpretações diferentes

A interpretação do princípio da laicidade do Estado esteve no foco da discussão que levou à lei do véu em 2004. Há duas correntes principais: a republicana e a liberal. A primeira, adotada pelo ex-presidente Jacques Chirac, defende a total separação entre Estado e Igreja. A segunda, apoiada pelo atual presidente, Nicolas Sarkozy, entende que é dever da República possibilitar liberdade plena de culto religioso, em respeito às liberdades individuais.

Por trás da discussão política do assunto, na época da votação foi a questão do racismo que se tornou central. Instituições islâmicas alardeavam que o povo francês estava podando os costumes dos árabes, numa retaliação à imigração. Chirac argumentava justamente o contrário: que o porte dos sinais ostensivos de religiosidade poderia atiçar as tensões relativas às diferenças culturais.

Fonte: Folha de São Paulo

Cristãos enfrentam falsos testemunhos na Índia

Ativistas de direitos humanos dizem que enfrentar falsas acusações da polícia é algo comum para os trabalhadores cristãos de várias partes do país.

Em um caso típico, um pastor e sua irmã foram absolvidos do processo aberto por estupro e aborto forçado no Estado de Chhattisgarh.

Akhilesh Edgar, presidente do Fórum Cristão de Chhattisgarh, disse ao Compass que nos Estados de Madhya Pradesh e Chhattisgarh, ambos governados pelo partido nacionalista hindu Bharatiya Janata (BJP), apresentar falsas acusações contra cristãos é uma prática freqüente.

“Normalmente extremistas apresentam queixas relacionadas com “ataque a crenças religiosas” e conversões forçadas”, de acordo com as seções 295(a) do Código Penal Indiano (IPC), e 3 e 4 da Lei de Liberdade Religiosa (leis anticonversão) dos dois Estados”, disse ele.

A seção 295(a) do IPC trata de atos deliberados e maliciosos com intuito de insultar sentimentos religiosos de qualquer classe através de insultos à religião ou a crenças religiosas. Um crime inafiançável é punido com até três anos de prisão, podendo também incluir multa.

As seções 3 e 4 da lei anticonversão estão relacionadas com o uso de “força”, “meios fraudulentos” ou “aliciamento” para converter alguém de uma religião para outra, com punição de até um ano de prisão e/ou multa de até 5000 rúpias (R$ 250).

No caso da pessoa convertida ser mulher, ser da casta dalit ou de uma tribo minoritária, o tempo de prisão pode ser estendido em até dois anos e a multa pode chegar a 1000 rúpias (R$500).

Acusações de estupro e assassinato

A Associação Evangélica da Índia lembrou que o pastor Rohit Ranjan, um convertido do hinduísmo para o cristianismo, e sua irmã Sanjeela Begum, foram inocentados por uma corte no distrito de Kanker, em Chhattisgarh, no dia 12 de setembro ( leia depoimento dele aqui).

Rohit enfrentava acusações de estuprar e forçar uma moça a interromper a gravidez resultante de um estupro depois que ela prestou queixa contra ele – orientada por um grupo extremista hindu – em junho de 2005. Sua irmã, Begum, foi acusada como cúmplice.
A corte encontrou discrepâncias nas declarações da suposta vítima e falta de evidências contra os acusados. Por isso eles foram inocentados.

Outro caso

“Os cristãos de vez em quando são acusados de crimes como estupro e assassinato”, acrescentou Edgar, referindo-se à liberação de 16 cristãos, no ano passado, no distrito de Jhabua, em Madhya Pradesh.

Os réus, associados à Igreja do Norte da Índia, foram acusados de matar um extremista hindu em um movimento de violência que começou quando o corpo de uma menina de uma escola primária que havia sido estuprada foi encontrado nas dependências de uma escola católica, em 2004.

As sessões da corte de Alirajpur liberaram os cristãos no dia 31 de maio de 2006, declarando falta de evidências e afirmando que os acusadores forjaram e manipularam testemunhos para provar suas alegações.

Quatorze dos 16 acusados padeceram na prisão de Jhabua por mais de dois anos até o veredicto final que os absolveu.

Grupos extremistas hindus também acusaram um padre da escola de matar e estuprar a menina. A polícia depois prendeu um não-cristão que confessou ter cometido o crime.

Fonte: Portas Abertas

Católicas pelo Direito de Decidir denunciam padre

Líderes da organização Católicas pelo Direito de Decidir registraram denúncia no Centro Nicarágua dos Direitos Humanos (CENIDH) acusando o padre Bismarck Conde e membros da paróquia de as expulsarem, no domingo, aos empurrões da catedral de Manágua.

“Nós iríamos sair pacificamente depois que nos foi negada a eucaristia na santa comunhão, mas nos chamaram de satânicas e suspenderam a missa, causando uma reação violenta de muitos fiéis que diziam que éramos assassinas”, queixaram-se Maria José Arguello, Olga Rocha e Maite Ochoa, integrantes da ONG.

Elas disseram que assistiram à missa na catedral para “pedir aos nossos guias espirituais que orassem por 84 mulheres que morreram neste ano por causa da recusa de médicos de realizar um aborto terapêutico”. As mulheres também pediriam compaixão pelas menores gestantes, mas sacerdotes chamaram a polícia, para que não entrassem no templo.

“Quando o padre Conde nos insultou com o qualificativo de ‘satânicas’ incendiou os ânimos de muitos fiéis, que começaram a nos agredir. As coisas não foram mais longe porque outro grupo de católicos nos auxiliou e conseguimos sair”, contou Rocha.

Elas pediram à hierarquia católica para não se envolver em políticas públicas porque os deputados, por pressão da igreja, votaram como cordeiros a reforma que penaliza o aborto teraupêutico no Código Penal, afirmou Maria José Arguello.

Maria Arguello argumentou que Católicas pelo Direito de Decidir é a favor da vida. Ela afirmou que a hierarquia católica condenou mulheres pobres à morte. Recordou que em outubro de 2006, numa homilia, o bispo Abelardo Matta disse que, quando o aborto vem como conseqüência prevista, mas não intencionada nem querida, simplesmente tolerada de um ato terapêutico inevitável para a saúde da mãe, é moralmente legítimo.

O diretor do CENIDH, Bayardo Isaba, disse que a denúncia será estuda para ver se merece ser levada à outra instância.

Fonte: ALC

Igrejas dos EUA adotam game para atrair jovens

Segundo especialistas, a nova moda se assemelha aos grupos de idosos que disputavam bingos, sendo que, desta vez, dezenas de jovens com idades entre 14 e 17 anos freqüentam as igrejas nas noites de culto para disputar partidas de Halo 3.

O novo jogo chegou às lojas dos Estados Unidos há duas semanas e, segundo informações divulgadas pela Microsoft, já faturou US$ 300 milhões em vendas.

Nas noites de sábado, é comum encontrar jovens na Igreja da Comunidade de Colorado, em Denver, travando combates em grupo na tela da televisão.

“É divertido explodir aliens”, descreve o jovem Tim Foster, de 12 anos, em entrevista ao New York Times.

Os novos hábitos, entretanto, têm levantado discussões sobre até onde as igrejas são capazes de ir para conquistar novos fiéis, segundo o jornal. Em mensagem aos pais dos jovens que freqüentam a pequena igreja de Denver, o pastor Gregg Barbour garante que os jovens ficam no ambiente para assistir as mensagens cristãs mesmo após as cenas de violência no Halo 3.

“Deus nos nomeou pescadores de fiéis. Acho que estamos sendo bem sucedidos em nossas iscas”, disse, em mensagem.

Mas na opinião de James Tonkowich, presidente do Instituto de Religião e Democracia, organização não governamental que analisa ações religiosas, a adoção de videogames é uma atitude radical demais.

“Se você pretende estreitar os laços com os jovens e levá-los à igreja, oferecer bebidas e filmes eróticos também surte efeito. Mas sabemos que podemos fazer melhor do que isso”, criticou.

Fonte: O Globo

The New York Times: Padre francês busca sepulturas de judeus mortos pelos nazistas na Ucrânia

As pessoas com as quais ele conversa eram, em sua maioria, crianças e adolescentes naquela época; testemunhas aterrorizadas do assassinato em massa.

Algumas foram obrigadas a trabalhar na base da máquina assassina nazista – como escavadores de sepulturas coletivas, cozinheiros que alimentavam os soldados nazistas e costureiras que remendavam as roupas arrancadas dos judeus antes das execuções.

Atualmente ele vivem em estado de pobreza na zona rural, muitos sem água corrente ou aquecimento, e estão próximos ao final da vida. Patrick Desbois tem procurado essa gente discretamente, vasculhando as estradas vicinais e os campos esquecidos da Ucrânia, ouvindo as histórias desses indivíduos e tentando encontrar sepulturas não identificadas.

Ele sabe que essas pessoas se constituem em uma fonte sem paralelo para a documentação do massacre dos 1,5 milhões de judeus na Ucrânia, mortos a tiros e enterrados por todo o país.

Ele não é nem historiador nem arqueólogo, mas um padre católico francês. E a sua ferramenta mais poderosa é o seu estilo simples – e o seu colarinho sacerdotal.

Os nazistas mataram quase 1,5 milhão de judeus na Ucrânia após a invasão nazista da União Soviética em junho de 1941. Mas, com poucas exceções – a mais notável delas o massacre de quase 34 mil judeus na ravina Babi Yar, em Kiev, em 1941 -, grande parte dessa história nunca foi narrada.

Batendo nas portas sem se fazer anunciar, o padre de 52 anos de idade procura resgatar as memórias dos aldeões ucranianos da mesma forma que ouve as confissões individuais na igreja.

“A princípio, algumas vezes, as pessoas não acreditam que sou padre”, disse Desbois em uma entrevista nesta semana. “Tenho que usar palavras simples e ouvir as histórias de atrocidades – sem fazer qualquer julgamento. Não posso reagir aos horrores que brotam. Se eu reagir, as histórias são interrompidas”.

Durante quatro anos, Desbois gravou mais de 700 entrevistas em vídeo feitas com testemunhas e expectadores, e identificou mais de 600 sepulturas coletivas de judeus, a maioria delas previamente desconhecida. Ele também reuniu provas materiais da execução de judeus de 1941 a 1944, durante o “Holocausto de Balas”, como o episódio é conhecido.

Freqüentemente os aldeões ucranianos pedem a Desbois que fique para uma refeição ou para uma reza, como se quisessem que, de alguma forma, o fato de lembrarem fosse abençoado. Ele diz que não julga aqueles que foram obrigados a realizar tarefas para os nazistas, e os estudiosos do Holocausto afirmam que esse é um dos motivos pelos quais Desbois é tão eficiente.

“Se um tomador de testemunhos judeu fosse até lá, as pessoas achariam que o objetivo desse indivíduo fosse acusá-las”, explica Paul Shapiro, diretor do Centro de Estudos Avançados do Holocausto do Museu Memorial do Holocausto em Washington. “Mas quando quem surge é um padre, os moradores locais se abrem. Ele confere uma espécie de legitimidade, uma sensação de que não há problema em falar sobre o passado. É como se, com a confissão, houvesse a absolvição”.

Ao contrário da Polônia e da Alemanha, onde o Holocausto continua visível na forma dos símbolos chocantes dos campos de concentração, o horror da Ucrânia foi ocultado, primeiro pelos nazistas, e depois pelos soviéticos.

“Na Ucrânia não havia nada para se ver, já que as pessoas foram executadas a tiros”, diz Thomas Eymond-Laritaz, presidente da Fundação Victor Pinchuk, a maior organização filantrópica da Ucrânia. “É por isso que o padre Desbois é tão importante”.

A fundação ajudou a financiar uma conferência sobre o assunto na Sorbonne, em Paris, nesta semana – a primeira a reunir estudiosos ocidentais e ucranianos – e passou a contribuir com verbas para o projeto de Desbois.

Alguns dos resultados da pesquisa de Desbois – incluindo entrevistas em vídeo, documentos do período da guerra, fotografias de sepulturas coletivas recém-descobertas, balas e cartuchos de munições oxidados e objetos pessoais das vítimas – estão sendo exibidos pela primeira vez em uma exposição no Memorial do Shoah, no distrito Marais, em Paris.

A exposição mostra, por exemplo, imagens de 15 sepulturas coletivas nas quais milhares de judeus de uma comuna chamada Busk foram enterrados. Desbois e sua equipe fizeram a descoberta e começaram a escavar após entrevistarem diversas testemunhas. Entre as centenas de objetos exibidos há uma foto em preto e branco que mostra um policial alemão atirando em mulheres judias nuas em uma ravina na região de Rivne.

Viajando com uma equipe que inclui dois intérpretes, um fotógrafo, um cinegrafista, um especialista em balística, um técnico em mapeamento e um tomador de notas, Desbois registra todas as histórias em vídeo, às vezes empunhando ele próprio o microfone, e fazendo perguntas em uma linguagem simples e um tom de voz tranqüilo.

Em Buchach, em 2005, Regina Skora disse a Desbois que, quando era menina, testemunhou execuções.

“As pessoas sabiam que iam ser executadas?”, perguntou Desbois a ela.

“Sim”.

“E como elas reagiam?”.

“Elas apenas caminhavam. Só isso. Se alguém fosse incapaz de caminhar, os nazistas ordenavam que a pessoa se deitasse no chão e davam-lhe um tiro na nuca”.

Vera Filonok disse que tinha 16 anos quando viu da entrada da sua cabana de estuque, em Konstantinovka, em 1941, milhares de judeus serem mortos a tiros, jogados em uma vala e incendiados. Segundo ela, aqueles que ainda estavam vivos contorciam-se “como moscas e vermes”, contou ela.

Há histórias sobre como os nazistas batiam em baldes vazios para evitar que os gritos das vítimas fossem ouvidos, e de como as mulheres judias eram transformadas em escravas sexuais dos nazistas e, a seguir, executadas. Uma testemunha disse que, quando tinha seis anos de idade, escondeu-se e viu o seu melhor amigo ser morto com um tiro.

Outras testemunhas descrevem como os nazistas só tinham permissão dos seus comandantes para disparar um único tiro pelas costas em cada vítima, o que fazia com que os judeus às vezes fossem enterrados vivos. “Uma testemunha contou como a sepultura coletiva se moveu durante três dias, como ela respirava”, lembra Desbois.

Desbois ficou assombrado com a história dos nazistas na Ucrânia quando era um garoto que cresceu na fazenda da família na região de Bresse, no leste da França. O seu avô por parte de pai, que foi deportado para um campo de prisioneiros para soldados franceses em Rava-Ruska, do lado ucraniano da fronteira polonesa, não contou nada à família sobre a sua experiência. Mas ele confessou ao neto extremamente curioso: “Para nós, foi ruim, para ‘os outros’, foi pior”.

O padre possui na família outros vínculos com a ocupação alemã da França. Uma prima por parte de mãe, que enviava cartas para os membros da resistência francesa, morreu em um campo de concentração nazista. Só recentemente a mãe de Desbois contou a ele que a família escondeu dezenas de membros da resistência na fazenda.

Após ter lecionado matemática como funcionário do governo francês no oeste da África, e ter trabalhado três meses em Calcutá com Madre Teresa, Desbois tornou-se padre. A sua família, que é secular, ficou consternada.

Desbois iniciou a carreira como padre de paróquia, estudando o judaísmo e aprendendo o hebraico durante um período passado em Israel. Ele pediu para trabalhar com ciganos, ex-prisioneiros ou judeus, e foi nomeado oficial de ligação entre a igreja e a comunidade judaica francesa.

Foi em uma viagem com um grupo, em 2002, que, ao visitar Rava-Ruska, perguntou ao prefeito onde os judeus tinham sido enterrados. O prefeito disse que não sabia.

“Eu sabia que dez mil judeus haviam sido enterrados lá, de forma que era impossível que ele não soubesse de nada”, recorda Desbois.

No ano seguinte, um novo prefeito levou o padre a uma floresta na qual cerca de cem aldeões se reuniram em um semicírculo, aguardando para contar as suas histórias e ajudar a revelar as sepulturas que se encontravam sob os seus pés.

Desbois conheceu outros prefeitos e padres de paróquias que ajudaram a encontrar mais testemunhas. Em 2004, Desbois criou a Yahad-In Unum, uma organização dedicada a promover o entendimento entre cristãos e judeus. A organização funciona em um pequeno escritório em um bairro de classe operária no nordeste de Paris, e foi financiada em grande parte por uma fundação dedicada à memória do Holocausto na França e pela Igreja Católica.

Para confirmar os relatos das testemunhas, Desbois se baseia bastante em grandes arquivos de documentos da era soviética armazenados no museu do Holocausto em Washington, bem como em arquivos de julgamentos alemães. Ele só registra uma execução ou uma sepultura após obter três relatos independentes de testemunhas.

Até agora somente um terço do território ucraniano foi coberto, e ainda faltam muitos anos para o fim da pesquisa. Um cartaz na saída da exposição em Paris pede a qualquer visitante que tenha informações sobre as vítimas das atrocidades nazistas que deixe um relato ou envie uma mensagem por e-mail.

“As pessoas falam dessas coisas como se os fatos tivessem ocorrido ontem, como se os 60 anos decorridos não existissem”, disse Desbois. “Alguns perguntam, ‘Por que você está vindo tão tarde? Nós estávamos esperando a sua chegada'”.

Fonte: The New York Times

Para garantir paz a fiéis, igrejas investem em segurança

Foi-se o tempo em que bastava apelar aos anjos pela proteção das igrejas. Para garantir que fiéis possam rezar em paz e que as obras de arte sacra continuem onde estão, as igrejas de São Paulo investiram em sistemas de segurança mais modernos e aumentaram o número de vigias nos últimos anos.

“Atualmente temos três seguranças de dia e um de noite. Vinte e quatro horas há alguém cuidando daqui, mesmo com a igreja fechada”, conta o padre Peter Fenech, responsável pela Catedral da Sé, no Centro de São Paulo. “E estou querendo aumentar, colocar mais dois seguranças”, diz.

O padre aponta que a Praça da Sé ainda é cenário de muitos roubos, o que afasta os fiéis. “As pessoas precisam se sentir seguras. Dentro da Catedral é lugar de silêncio, de respeito, não de coisas erradas.”

Mas a segurança da Sé ainda é muito simples. Além dos quatro vigias, conta apenas com um sistema de alarme. A única câmera de segurança está ao lado de fora, na praça. “O que tem fora isso é o anjo da guarda da Catedral. E as portas, muito fortes, que são de madeira jacarandá vinda da Bahia”, conta o padre Peter.

Por isso, as peças mais valiosas da igreja não estão expostas e ficam trancadas no porão. Entre elas, está um presépio trazido em 1746 de Porto, em Portugal, pelo primeiro bispo de São Paulo, dom Bernardo Rodrigues Nogueira.

Outra igreja que teve de deixar trancadas as peças sacras é a de São Judas, no bairro de Jabaquara, Zona Sul. “Tem pessoas que, às vezes, por recordação, querem levar a imagem ou um dedo da imagem. Temos uma de madeira, por exemplo, da qual quiseram levar a cabeça. A gente tem poucas [obras valiosas] e, mesmo assim, deixamos guardadas por causa do valor histórico”, relata o padre Marcelo Alves dos Reis. Ele não deixou o G1 fotografar as imagens “por questões de segurança.”

“Nós nos precavemos antes que aconteça alguma coisa. A segurança é tanto para as obras e bens da igreja quanto para as pessoas”, afirma. A Igreja de São Judas possui sistema de alarme, monitoramento 24 horas com empresa especializada, câmeras de segurança e seis vigias.

O cuidado pode parecer excessivo, mas não é. O segurança Lismar Lemos, de 29 anos, trabalha há um ano na São Judas. No período, já presenciou duas tentativas de furto ao cofre da igreja. “Um foi em abril e o outro, em junho ou julho. O primeiro usou arame e o segundo tentou com piche”, lembra. Nas duas vezes, Lemos chegou a tempo de deter os criminosos, e os mandou para a delegacia da região.

Pegou o ladrão com a buzina

A Igreja de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, no Sumaré, Zona Oeste de São Paulo, ainda deixa à mostra os tesouros de arte sacra que guarda, como a Via Sacra pintada pelo artista plástico romeno Samson Flexor e as portas feitas por artesãos do Liceu de Artes e Ofícios.

Há cerca de oito anos, a segurança também foi reforçada com câmeras e vigilantes à paisana. Além disso, as portas da frente ficam sempre trancadas a cadeado nos dias de semana. “Não impede, mas dificulta. Ladrão é preguiçoso senão, não seria ladrão”, filosofa o frei Yves Terral, responsável pela igreja.

Ele ainda lamenta o furto do cálice com que fez sua primeira celebração. O crime aconteceu há 10 anos, dentro da sacristia da igreja, após a missa. “Ele tinha sido feito pelo melhor artesão francês. Era um pedaço de cobre, não tinha valor econômico, só o desenho”, conta. “O ladrão não ganhou nada. Só eu perdi”, lamenta.

Para ele, até os criminosos se sentem mais seguros dentro dos templos religiosos. “O ladrão em uma casa de padre não arrisca nada. No máximo, leva um empurrão. E depois, o padre ainda fica se culpando”, diz.

Mas o frei Yves ainda lembra da vez em que a Lâmpada do Santíssimo, que fica ao lado direito do altar, foi levada por um bandido. Ele acabou devolvendo a peça após ser pego de uma forma, no mínimo, diferente: a buzina da lambreta do frei Armando, então responsável pela igreja.

“Ela [a lambreta] tinha buzina de caminhão. Não sei quantas libras de pressão, mas era assustadora”, conta. “Frei Armando foi atrás do ladrão e, quando chegou perto, deu uma buzinada”, completa. Depois de assustar o criminoso, o frei conseguiu alcançá-lo, e acabou recuperando a lâmpada furtada.

Sem números

Não há números para os furtos de peças sacras em São Paulo. “Não há, porque [os furtos] não são repassados. Cada paróquia tem autonomia e elas mesmas resolvem isso”, diz o padre Juarez de Castro, secretário de comunicação da Arquidiocese paulista.

Segundo ele, em São Paulo, a maior parte das peças sacras está em museus. Por isso, o número de furtos não é expressivo. Mas o padre admite que a violência fez com que as igrejas reforçassem a proteção. “Algumas têm instalado novos sistemas para garantir a segurança de quem está rezando.”

Fonte: G1

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