Ao longo dos dois mandatos de Barack Obama, os americanos convivem com boatos de que o presidente dos Estados Unidos é muçulmano. Embora Obama já tenha reiterado inúmeras vezes ser praticante do cristianismo, o rumor se mantém vivo no país – uma pesquisa realizada em 2015 mostrou que 54% dos republicanos acreditam que, “lá no fundo”, o primeiro presidente negro [img align=left width=300]http://msalx.veja.abril.com.br/2015/09/26/0039/pe6Cx/alx_imagens-do-dia-20150922-14_original.jpeg[/img]dos EUA é muçulmano. A teoria da conspiração sobre a religião secreta de Obama ultrapassou as fronteiras dos Estados Unidos e ganhou detalhes que ajudariam a provar sua “veracidade” e, assim, justificar decisões da política externa americana, como o acordo nuclear com o Irã que resultou no fim das sanções contra o país islâmico.

Uma das versões estrangeiras do boato diz que o presidente americano não só é muçulmano como pertence ao grupo xiita, a segunda maior vertente do islamismo. Recentemente, Dhahi Khalfan Tamim, ministro de segurança de Dubai, sugeriu que as “raízes xiitas” de Barack Obama ajudaram a elegê-lo para que ele pudesse promover a aproximação entre Irã e Estados Unidos. Tamim, que tem mais de 1,2 milhão de seguidores no Twitter, postou diversas mensagens na rede social associando Obama aos xiitas que foram retuitadas centenas de vezes, disseminando ainda mais o boato.

Em julho do ano passado, o ex-parlamentar iraquiano Taha al-Lahibi deu uma entrevista a uma emissora do país explicando que a aproximação entre Obama e os “xiitas iranianos” se dava pelo “passado xiita” dos pais do presidente americano, e citou o nome do meio de Obama, Hussein, como prova – Hussein é o nome de um mártir sagrado da tradição xiita, mas é comumente adotado também por sunitas e não-muçulmanos. No mesmo mês, o escritor sírio Muhydin Lazikani disse em outra entrevista que Obama era “filho de um queniano xiita”, de acordo com o jornal Washington Post.

[b]Boato antigo
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O rumor se espalhou antes da vitória de Obama nas urnas, quando jornais estatais do Iraque já se referiam ao então candidato como muçulmano. Quando ele venceu as eleições presidenciais, em novembro de 2008, redutos xiitas no Iraque comemoraram sua vitória. “Agora temos um irmão na Casa Branca”, disse à época um iraquiano morador de Sadr, bairro xiita de Bagdá, à revista Time.

Uma segunda versão da teoria de que Obama é muçulmano afirma que ele apoia os sunitas, maior vertente do Islã. No Iraque, muitos militares acreditam que o governo americano fornece armas ao grupo extremista sunita Estado Islâmico. “Não há dúvidas disso”, disse Mustafa Saadi, membro de uma milícia xiita iraquiana, ao jornal Washington Post.

Os boatos de que o presidente dos Estados Unidos esconde sua verdadeira religião se baseiam, provavelmente, no passado de Obama. Seu pai, filho de muçulmanos que se tornou ateu, nasceu no Quênia, um país islâmico, de maioria sunita. Na infância, durante o segundo casamento de sua mãe com um indonésio muçulmano sunita, Obama morou dos 6 aos 10 anos em Jacarta, onde frequentou duas escolas: uma católica e uma instituição pública, ao lado de alunos islâmicos. Porém, em diversas entrevistas o presidente americano já afirmou que as maiores influências religiosas em sua vida vieram de sua mãe e avós maternos, cristãos.

[b]Fonte: Veja.com[/b]

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