Cristãos durante culto em igreja na Nigéria (Foto: Gracious Adebayo/Unsplash.com )
Cristãos durante culto em igreja na Nigéria (Foto: Gracious Adebayo/Unsplash.com )

Mais uma onda de ataques colocou as comunidades cristãs no estado de Plateau, Nigéria, de joelhos. Militantes entre o povo fulani atacaram pelo menos sete comunidades desde o final de março deste ano, matando até 70 pessoas e deslocando novamente milhares de pessoas justamente quando a estação chuvosa começa.

Fontes locais contaram que algumas das vítimas foram baleadas, algumas massacradas e outras queimadas até virarem cinzas. Entre elas, havia mulheres idosas e crianças. “Cerca de sete a oito comunidades foram atacadas. Os ataques nos afetaram espiritualmente e socialmente. Precisamos de orações por provisão para os deslocados internos e os que acolheram nossos irmãos desabrigados em suas casas”, disse o reverendo Arum, ligado a parceiros da Portas Abertas em Bokkos e na área de governo local (LGA, da sigla em inglês) de Bassa.

“Pessoas perderam suas vidas, seis vítimas estão desaparecidas e muitas outras sofreram vários graus de ferimentos. Mais de 200 casas e propriedades no valor de milhões foram queimadas, deixando mais de três mil deslocados”, segundo o líder cristão Ayuba Matawal, presidente do Comitê de Bem-estar das Pessoas Deslocadas Internas de Bokkos.

Série de ataques de acordo com parceiros locais da Portas Abertas

24 de março: Vila de Dundu, Bassa (LGA), militantes emboscaram três agricultores cristãos enquanto cultivavam suas terras.

27 de março: comunidade de Ruwi, Bokkos (LGA), militantes fulani mataram 11 cristãos enlutados que se reuniram um velório para consolar a família de um ente querido falecido. Entre eles, estava uma mulher grávida, o marido e uma menina de dez anos.

2 de abril: Bokkos (LGA), militantes atacaram a vila de Tamiso, onde mulheres estavam em um encontro de comunhão cristã na igreja COCIN (Igreja de Cristo nas Nações). Cinco cristãs foram mortas no incidente.

  • No mesmo dia, a vila de Dafo também foi atacada, matando duas pessoas.
  • Na vila de Hurti, os militantes mataram até 40 pessoas na mesma data.

6 de abril: Vila de Pyakmula, Bokkos (LGA), militantes mataram quatro pessoas.

7 de abril: vila de Hwrra, Bassa (LGA), três pessoas mortas.

8 de abril: Bassa (LGA), três ataques separados, mas simultâneos, mataram pelo menos duas pessoas.

Lançados na vala comum

“Trinta e uma pessoas foram enterradas em uma vala comum na quinta-feira, com outras cinco vítimas menores de idade queimadas até virarem cinzas na vila de Hurti”, relatou à imprensa Farmasum Fuddang, advogado e presidente do Conselho de Desenvolvimento Cultural de Bokkos (BCDC).

As autoridades do estado de Plateau condenaram os ataques e coordenam uma resposta de segurança para enfrentar a onda contínua de ataques nas comunidades afetadas. A LGA de Bokkos está em tensão desde maio de 2023, quando militantes armados lançaram vários ataques prolongados contra comunidades cristãs na área. Na véspera de Natal, outro ataque direcionado matou cerca de 200 cristãos no final de 2023.

“Temos cerca de quatro campos de deslocados internos: um em Bokkos, um em Gombe e dois em Hurti. Em Bokkos, há mais de dois mil deslocados internos. Em Hurti, temos mais de quatro mil. Vamos orar para que o Senhor providencie alimento e recursos, e o corpo de Cristo apoie a igreja por meio de orações e, se puderem, financeiramente”, pediu o reverendo Arum.

Mais de seis mil deslocados sem abrigo das chuvas

A estação chuvosa na Nigéria vai de abril a outubro. É um período crucial para os agricultores de subsistência que precisam cultivar suas terras. Os produtos colhidos são consumidos ou vendidos, e o dinheiro é guardado para a estação seca, quando é preciso comprar alimentos.

A maioria dessas comunidades atacadas são cristãs e de agricultores de subsistência. Agora, deslocadas de suas casas e terras, elas não têm comida, renda e são empurradas para a pobreza. Em muitas famílias, os homens são mortos, deixando as mulheres especialmente vulneráveis e tendo que se defender sozinhas.

“As pessoas começaram a limpar suas fazendas para cultivar. Mesmo na comunidade de Hurti, quando fomos lá, você podia ver claramente que as pessoas estavam preparadas para plantar. Vimos seus produtos como pimenta e batatas estragando porque as pessoas fugiram e deixaram tudo. Essa é a única fonte de sustento nessa comunidade, e eles estão privados de fazer isso”, disse Titus Ayuba Alams, conselheiro especial do governador de Plateau.

“Nossa gente está vivendo com medo. As crianças não vão mais à escola, nem mesmo podem adorar nas igrejas, porque estão fugindo para salvar suas vidas”, concluiu Alams.

A Nigéria está em 7º entre os lugares mais perigosos do planeta para os cristãos, de acordo com a Lista Mundial de Perseguição de 2025 (LMP) da Portas Abertas, que reúne os países onde é mais difícil ser cristão. Dos 4.476 cristãos mortos por sua fé em todo o mundo durante o período analisado pela LMP, 3.100 (69%) estavam na Nigéria.

Fonte: Portas Abertas

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