Representantes dos Legionários de Cristo reconhecem que líder morto manteve vida dupla como ‘pedófilo, mulherengo e viciado em drogas’.
Um dia depois de as Nações Unidas acusarem o Vaticano de desrespeitar tratados internacionais ao acobertar casos de abuso sexual na Igreja, a ordem Legionários de Cristo admitiu ontem que seu fundador, o padre mexicano Marcial Maciel, viveu uma vida dupla como “pedófilo, mulherengo e viciado em drogas”. A ordem pediu perdão às suas “muitas vítimas”.
Os Legionários de Cristo reconheceram que o padre manteve “comportamento repreensível e objetivamente imoral” quando estava à frente da ordem – de 1941 até sua remoção, em 2006, pelo então papa Bento XVI. Maciel morreu dois anos depois.
Em maio de 2010, Bento XVI ordenou que os Legionários fossem vigiados e nomeou um representante para reformar a ordem.
Considerado um dos ramos católicos mais importantes do Vaticano por sua capacidade de atrair fiéis à vocação religiosa e conquistar grandes quantias em doações, a ordem chegou perto de ser banida.
Reunidos em Roma para definir novos rumos para a ordem, delegados do mundo inteiro emitiram o pedido oficial de perdão. O comunicado denunciou a “magnitude do mal e do escândalo causado” por Maciel. A conservadora ordem assegurou estar agora “pronta para virar a página”.
O encontro dos delegados começou em 8 de janeiro e deve terminar no fim de fevereiro. O padre Eduardo Robles Gil, de 61 anos – também do México – foi eleito seu novo líder.
“Gostaríamos de expressar nossa profunda tristeza pelo abuso praticado contra seminaristas menores de idade, os atos imorais com homens e mulheres adultos, o uso arbitrário de autoridade e recursos materiais”, declarou a ordem.
Por décadas, o Vaticano repudiou acusações feitas por seminaristas de abusos praticados por Maciel contra eles. Alguns, de 12 anos de idade. O papa João Paulo II, morto em 2005, que deve tornar-se santo em abril, apoiou fortemente Maciel. O pontífice sempre demonstrou sua satisfação pelo crescimento da ordem, mais rápido que o de outras organizações.
Após uma investigação concluir que as alegações contra o padre eram verdadeiras, Bento XVI determinou a aposentadoria de Maciel para uma vida de “oração e penitência”.
[b]Fonte: Estadão[/b]