O papa Francisco decidiu abrir os arquivos secretos do Vaticano sobre o Holocausto judaico antes da sua visita a Jerusalém, no final de maio.

Segundo o jornal espanhol El País, em matéria desta quinta-feira (6), o papa deve anunciar a decisão em breve, já que não é partidário da “cultura do segredo” cultivada pelo Vaticano. A negligência ou cumplicidade da Igreja Católica com a política de extermínio do nazismo contra negros, judeus, homossexuais e outros grupos ainda não foi esclarecida.

De acordo com o jornal El País, o papa Francisco disse querer que sejam divulgadas até as notícias mais comprometedoras, porque, segundo ele, a Igreja “não deve temer a verdade”.

“Nem sequer a verdade que ocultaram os documentos conservados em segredo sobre as polêmicas relações entre o papa Pio XII e o nazismo?”, indaga Juan Arias, que escreve para o jornal.

Segundo notícias vindas de Roma, já está digitalizado tudo o que se refere às acusações feitas ao papa Pacelli de ter mantido silêncio sobre a matança de judeus para não se indispor com Hitler, que por sua vez poderia, se fosse excomungado, promover represálias contra os católicos.

“Que se conheça tudo, e se nos equivocamos, teremos que dizer: ‘Erramos’”, disse o então cardeal arcebispo de Buenos Aires ao rabino Skorka, seu amigo, no livro que escreveram juntos. À pergunta do rabino sobre se a Igreja estaria disposta a abrir seus arquivos secretos relacionados ao genocídio de judeus, em específico, o papa lhe respondeu que estava de acordo, acrescentando que a Igreja não deve ter medo da verdade.

Segundo Arias, que enfatiza o reconhecimento do papa à “Terra Santa” como berço da religião, “não existiria cristianismo sem o judaísmo, de cujo tronco acabaria nascendo. Jesus era judeu de nascimento e de religião.”

Entretanto, o artigo não se refere a qualquer compromisso mais abrangente do papa com relação à matança nazista e fascista dos outros grupos além dos judeus e do papel da Igreja no contexto mais abrangente da política de extermínio.

“Francisco vai a Jerusalém não só como convite à Igreja para que volte às suas origens, mas também para poder se colocar diante de Israel como um interlocutor crível no difícil e eterno diálogo de paz entre judeus e palestinos,” ressalva Arias. A instrumentalização da tragédia para justificar políticas opressivas (rechaçadas até mesmo por diversos setores da comunidade judaica) contra os palestinos é um assunto frequentemente sobre a mesa.

“Aos cristãos ele manda uma mensagem clara: acabou-se o secretismo na Igreja. Francisco tem se proposto a despi-la das suas superestruturas, despojando-a de riquezas e ouropéis, de símbolos de poder, de velhos tabus para ressuscitar a primitiva simplicidade das origens do cristianismo,” continua o jornalista.

[b]Fonte: Vermelho com informações do El País[/b]

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