Tribunal de Justiça vai interrogar dupla no processo em que foram denunciados por tráfico de drogas.

O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) irá contar com o sistema de videoconferência para o depoimento nesta quinta-feira, a partir das 13h30, de Márcio Santos Nepomuceno, conhecido por Marcinho VP. Ele e o pastor Marcos Pereira da Silva serão interrogados em audiência de instrução e julgamento no processo em que foram denunciados por tráfico de drogas, que tramita no juízo da 43ª. Vara Criminal.

A utilização do equipamento vai evitar o deslocamento até o Rio do réu Márcio Nepomuceno. Atualmente, ele está no presídio de segurança máxima de Catanduvas, no Paraná.

[b]Ligações perigosas [/b]

Segundo o promotor Alexandre Murilo Graça do Ministério Público, que denunciou os dois, a associação para o tráfico de drogas começou em 1993, época em que Marcos Pereira fazia trabalho de evangelização em presídios, delegacias e comunidades dominadas pelo tráfico. Paralelamente, Márcio Nepomuceno começava a crescer na estrutura da facção Comando Vermelho, organização da qual é hoje um dos principais chefes.

No início, Marcos agia como “pombo correio”, levando ordens de chefes do tráfico que estavam presos para as comunidades onde atuavam, aproveitando-se do fato de ter acesso aos presos como pastor. Nas comunidades – principalmente nos complexos do Alemão e da Penha – outros religiosos eram ameaçados e impedidos de realizar seus cultos, o que fortalecia a igreja do pastor.

A Promotoria acusa o pastor de utilizar os templos da igreja como esconderijo para traficantes e paiol para armas da organização criminosa. Além disso, “sob o manto de estar fazendo um serviço de ressocialização de criminosos”, convencia fiéis a esconder traficantes e a depor a seu favor.

No início dos anos 2000, o pastor passou a promover filmagens de supostas ações de resgate, nas quais ele aparecia para salvar alguém que havia sido condenado à morte pelo tráfico, para convencer outro a abandonar o vício ou para conter uma rebelião em alguma cadeia.

“Na verdade, os traficantes participavam da simulação e os viciados recebiam drogas e dinheiro do próprio Marcos para participarem da encenação”, diz a Promotoria.

Depoimentos colhidos pela Delegacia de Combate às Drogas (DCOD) revelaram que diversas rebeliões no sistema penitenciário – como a que ocorreu em 31 de maio de 2004, na Casa de Custódia de Benfica, na qual foram assassinados diversos integrantes da facção rival “Terceiro Comando” – eram usadas para fortalecer o poder do pastor e sua projeção na mídia. “Além da teatralização da ‘rendição’, Marcos tinha incumbência de relatar o que estava acontecendo do lado de fora (dizer quais os planos das autoridades) e repassar ordens para os membros da quadrilha que não estavam presos”, destaca um trecho da denúncia.

[b]Pastor levava ordem dos traficantes às comunidades [/b]

Em 2006, o pastor atuou, segundo a Promotoria, recebendo ordens dos presídios e levando-as às comunidades, durante os ataques contra a população civil e os policiais, nas cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro, como forma de protesto contra o programa de isolamento das lideranças em presídios federais, com a implantação do Regime Disciplinar Diferenciado (RDD).

Em razão da prisão do pastor Marcos, traficantes liderados por Bruno Eduardo da Silva Procópio atacaram a sede da ONG AfroReggae, como represália, com a autorização de Luiz Fernando da Costa, a pedido de Márcio dos Santos Nepomuceno. A ação foi encaminhada à 43ª Vara Criminal da capital.

[b]Fonte: O Dia online[/b]

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