O deputado e pastor Sargento Isidório (Avante-BA), disse, em entrevista ao portal UOL que entende que a criminalização da homofobia traria uma “guerra santa” ao país.
O assunto está em discussão no STF (Supremo Tribunal Federal).
A Corte discute desde a semana passada o assunto, mas, até agora, apenas quatro ministros votaram. Não há data para que o julgamento seja retomado.
“Eu sou ex-homossexual, então tenho convicção de que é possível viver respeitando uns aos outros. E por que que a gente vai aceitar que haja uma lei que vai estimular uma guerra? O que vai acontecer é uma guerra santa, tá entendendo?”, disse ao UOL.
O deputado comparou a questão da criminalização à criminalidade de menores infratores.
“É como os menores. Por que os menores de idade cometem muito crime? Porque se acham protegidos pelo ECA [Estatuto da Criança e do Adolescente], que eles se acham acima da lei”, disse.
O baiano é fiel seguidor da Bíblia – e carrega o livro por todas as dependências do Congresso. Na última semana, inclusive, portava uma debaixo do braço e outra em um suporte acima da cabeça. Ele justificou que o ato era um protesto contra o julgamento do STF, que “quer proibir a interpretação da Bíblia”.
O pastor também considera que o assunto deveria ser discutido pela Câmara, não pautado pelo Supremo.
Ex-gay há 24 anos, um dos primeiros projetos de lei protocolados por Isidório foi a criação do “Dia do Orgulho Hétero”. Nesta quarta-feira (20), durante discurso na tribuna, reforçou que é “ex-gay” e falou sobre o projeto.
Veja os principais trechos da entrevista ao UOL.
UOL – Como o senhor analisa o julgamento sobre homofobia no STF?
Deputado Pastor Isidório – Se aprovarem o que os gays querem, nós vamos declarar uma guerra entre hétero e homo.
Lá
eles estão tentando que o STF decida sobre o que o parlamento não deu
atenção. Mas é um assunto que trata de família, como que vamos aceitar
que aprove homofobia sem discutir o assunto e com as coisas espúrias que
tem?
Uma decisão que vai estimular uma guerra?
Eu
sou ex-homossexual, então tenho convicção de que é possível viver
respeitando uns aos outros. E por que que a gente vai aceitar que haja
uma lei que vai estimular uma guerra? O que vai acontecer é uma guerra
santa, tá entendendo?
Como assim?
Nós temos o direito a pensar, a falar. O evangélico, o padre, o pastor, o espírita, o pessoal de matriz africana, que é de família tradicional, portanto família de homem mais mulher, macho e fêmea, eles não concordam com um bocado de coisa. Até porque a própria Bíblia, que é livro milenar, irrefutável, que não tem mentira nele, é quem prega no apocalipse contra o homossexualismo
Como foi esse processo de se tornar ‘ex-gay’, o que o senhor quer dizer com isso?
Eu
conheci a palavra de Deus. Eu me abri para ouvir a voz de Deus. Isso
foi há uns 24 anos e percebi que ser gay era o caminho errado.
O senhor esteve reunido com outros pastores junto ao presidente do Supremo [ministro Dias Toffoli] antes do julgamento. O que disseram a ele?
Falamos do que prega a Bíblia. Inclusive eu pude ler a Bíblia para ele, o salmo 133. Sabemos que não pode ter raiva, nenhum cidadão é para ser violentado. Mas expressamos nossas considerações.
E teve até uma situação engraçada, quando o ministro me chamou no gabinete dele para mostrar, que por coincidência a Bíblia dele estava aberta no Salmo 133, reparei que ele é bonito pessoalmente, mas não tive recaída, não [risos].
O senhor protocolou um projeto para celebrar o “Dia do Orgulho Hétero”, por quê? É necessário?
É muito necessário. Se não a gente não vai ser mais representado. Todo mundo tem seu dia, a gente também merece ter. E a Constituição estabelece que todos são iguais, então o crime contra um não pode ser diferenciado do crime contra o outro, e o Dia do Orgulho Hétero também lembra disso.
Fonte: UOL