A Europa vive há tempo um inverno demográfico _ com um milhão de nascimentos a menos em relação a 1980 e um milhão de abortos a mais _ no qual a única “primavera” é proveniente dos filhos dos imigrados.
E, sempre nos últimos trinta anos, aumentou a desagregação familiar, que registra no continente um milhão de divórcios por ano. Os dados estão contidos na Pesquisa promovida pela Rede européia do Instituto de política familiar (IPF), apresentados nos dias passados na sede do Parlamento Europeu, em Bruxelas.
Mas como a Igreja reage diante desse cenário que induz ao pessimismo? Foi o que a Rádio Vaticano procurou saber do diretor do setor de Pastoral da Família da Conferência Episcopal Italiana (CEI), Mons. Sergio Nicolli. Eis o que disse:
Mons. Sergio Nicolli:- ”Sem dúvida, a primeira reação é de grande preocupação porque tudo isso é sinal de uma cultura individualista, de uma cultura que rejeita as dificuldades e os sacrifícios que os filhos comportam nas famílias. Porém, não podemos limitar-nos a lamentar essa situação. A Igreja reage a ela propondo um modelo cultural de família que se fundamenta no pacto social, portanto, no matrimônio, no sacramento para quem acredita. Trata-se de um modelo de família no qual os filhos não são vistos como um perigo para o bem-estar do casal, ou como um ingrediente necessário para a felicidade do casal, como infelizmente se dá hoje em dia, mas propõe os filhos como pessoas que a família deve acolher, sobretudo como um bem não privado, mas um bem comum. Portanto, ajuda a acreditar que, gerando a vida e educando a vida, a família dá uma contribuição importante, essencial também para o desenvolvimento da sociedade, bem como para o crescimento da Igreja.”
P. A Igreja fala, insiste sobre a cultura da família. Os Estados, por sua vez, comumente propõem medidas para a família _ ou procuram fazê-lo. É o dilema de sempre entre assistência e formação…
Mons. Sergio Nicolli:- ”De fato, há uma visão radicalmente diferente. A proposta cultural e educacional da Igreja é uma proposta que crê na família, que tem a convicção de que a família carrega em si uma grande riqueza e, portanto, tem a convicção de que a família não deve simplesmente ser assistida. A ela deve-se dar confiança, um crédito, sabendo que se a família for colocada em condições de usufruir essa riqueza que tem dentro de si, ela se torna o ponto de partida tanto para renovar a sociedade quanto para ir ao encontro da missão da Igreja hoje.”
Fonte: Rádio Vaticano