Em todo o país, o número de evangélicos tem subido nos últimos anos. O catolicismo tenta evitar a perda de fiéis. Nas últimas décadas, a Igreja Católica brasileira perdeu 15 milhões de adeptos, segundo pesquisa de mobilidade religiosa feita pelo Ceris (Centro de Estatística Religiosa e Investigações Sociais).

Uma das ações mais fortes para tentar reduzir a queda foi a visita do papa Bento 16 ao Brasil em abril.

Coordenada pela socióloga Sílvia Regina Fernandes, a pesquisa abrangeu 50 municípios, sendo 23 capitais, e foi realizada entre agosto e novembro de 2004. A discordância em relação aos princípios católicos, a sensação de não ser acolhido pela igreja e não encontrar apoio para os momentos difíceis são os principais motivos que levam os brasileiros a deixar a Igreja Católica. “De cada dez ex-católicos, sete se tornaram evangélicos”, afirma Síliva.

Em contrapartida, entre os anos de 2000 e 2003 o número de evangélicos brasileiros passou de 15% para 18% da população, segundo o estudo “Retrato das religiões no Brasil” feito pela FGV (Fundação Getúlio Vargas), coordenado pelo economista Marcelo Neri.

Isso significa que, em três anos, quase seis milhões de brasileiros aderiram ao protestantismo, que continua crescendo graças ao trabalho de uma nova geração de pastores.

A socióloga da USP (Universidade de São Paulo) Maria Cristina Loureiro Serra afirma que o sucesso do discurso dos novos pastores está relacionado ao fato de enfatizarem a importância da racionalidade, além de mirarem um segmento que começa a crescer: o dos fiéis da classe média.

O estudo da FGV indica que a maior parte dos evangélicos no país pertence às classes econômicas mais pobres: enquanto o percentual de evangélicos no Brasil era de 15% em 2000, na periferia e nas regiões metropolitanas ele chegava a 20%.

Na comparação com fiéis de outras religiões, a situação socioeconômica dos evangélicos é desfavorável: em média, eles ganham 7% a menos do que os trabalhadores católicos, segundo a pesquisa.

“Sabemos que há indícios que apontam a penetração mais intensa da igreja evangélica nas classes econômicas mais altas, como por exemplo a formação dos próprios pastores”, afirma Maria Cristina.

Dos cinco pastores ouvidos pela reportagem, todos possuem ensino superior completo, além de exercerem ou já ter exercido papel importante dentro de suas respectivas profissões.

“Com essa qualificação, os pastores têm um discurso moderno e podem debater sobre temas atuais sem pudores”, afirma Maria Cristina. Além disso esta qualificação é fundamental para a implantação de técnicas de gerenciamento, contribuindo assim pela manutenção do espaço físico e pela distribuição das diferentes atividades desenvolvidas.

Fonte: Gazeta de Ribeirão

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