A organização islâmica Nour Islamic Center adquiriu o prédio de uma igreja luterana em Hamburgo devido à brusca redução do número de paroquianos.

O próximo Dia da Unidade na Alemanha será marcado em Hamburgo por um grandioso evento na Kapernaumkirche, antiga igreja local luterana. Os representantes do Islã apontam para “a integração de muçulmanos na sociedade alemã e europeia em geral”. Os seus oponentes expressam receios de eventual e paulatina extinção do Cristianismo ocidental.

Enquanto isso, os círculos sociais da Alemanha estão apreensivos com a notícia sobre a aquisição pela organização islâmica Nour Islamic Center do prédio de uma igreja luterana em Hamburgo. Segundo a versão oficial, a negociata se tornou possível devido à brusca redução do número de paroquianos. Dito de outra maneira, ninguém agora necessita da igreja. Alguns afirmam tratar-se de um negócio dúbio em termos legais e jurídicos.

Segundo o assessor de imprensa da comunidade islâmica em Hamburgo, Daniel Abdin, nos últimos dois anos, a mídia tem criado uma imagem negativa dos muçulmanos locais. Por outro lado, eles não tinham planos de transformar as igrejas em alvos de sua propaganda religiosa.

“Nós nunca procuramos encontrar uma igreja para fazer dela uma mesquita. Durante 20 anos, oramos numa garagem subterrânea e passamos 8 anos procurando um prédio onde pudéssemos rezar. Felizmente, foi-nos proposta esta igreja. Eu percebo, em parte, os receios motivados pela falta de contatos com os muçulmanos. O prédio da igreja está em ruínas, podendo ser reconstruído, conservando apenas o modêlo arquitetônico de um templo cristão, tombado como um monumento histórico.”

Para muitos alemães cristãos é terrível uma igreja se tranformada em mesquita. A igreja não tem culto desde 2002, esclarece o representante da Igreja Evangélica da Alemanha, Matthias Benkert, dizendo que o edifício não deixa de ser um símbolo religioso, sendo visto como um templo cristão. O seu dono vendeu-o no início do ano corrente sem ter informado a Igreja Evangélica de Hamburgo, frisou a este propósito Benkert.

“Como é óbvio, não queríamos que isto acontecesse. Em 2004-2005 nem podíamos imaginar que o prédio pudesse ser vendido, tanto mais a uma entidade não cristã. Mas não nos opomos à existência de comunidades muçulmanas. Em Hamburgo está sendo travado um ativo diálogo inter-religioso. Temos apoiado nossos colegas muçulmanos no sentido de eles poderem professar a sua religião. Mas devemos identificar as diferenças. Para nós é um facto triste, mas a situação é tal como está agora.”

Segundo a comunicação social alemã, desde 1990, à escala do país, foram encerradas 800 igrejas. Nem todas foram transformadas em mesquitas. No entanto, um fenômeno idêntico acontece não somente da Alemanha. Na França, por exemplo, os ativistas cristãos põem-se de sobreaviso pela mesma causa – vai crescendo pela acedente o número de apostatas, ou seja, dos que se afastam da religião tradicional para a Europa.

A situação que se criou em Hamburgo e na Alemanha evidencia a degradação do Cristianismo ocidental, constata o professor associado da Universidade de Literatura, perito em religião islâmica, Roman Silantiev.

“A corrida aos valores temporais, marcados por ecletismo, pregou uma má partida aos cristãos do Ocidente. Ocorre um colapso simbólico do Cristianismo ocidental que outrora se considerava o mais progressista ao ponto de almejar um domínio mundial e que agora está perdendo as suas posições.”

Ao que parece, considera o perito, a Europa vai desistindo de valores cristãos, cedendo lugar, ao contrário das expectativas de ateus, aos valores islâmicos.

[b]Fonte: Santa Catarina 24 Horas[/b]

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