O prefeito Marcelo Crivella (PRB) diz que pretende cortar pela metade a subvenção que o município dá às escolas de samba do Rio de Janeiro. Em um momento de caixa apertado, diz que quer alocar os recursos na educação.
No fim da noite desta quarta (14), a Liesa (liga das escolas de samba do Rio) divulgou uma nota afirmando que, caso prevaleça a decisão do prefeito, “ficarão inviabilizadas as apresentações das escolas de samba no Carnaval de 2018”. A Liga afirma ainda que aguarda o agendamento de uma audiência com o prefeito para encontrar uma solução ao problema.
[img align=left width=300]http://www.esquerdadiario.com.br/IMG/arton15047.jpg[/img]O impasse é mais um capítulo da polêmica relação de Crivella, que é bispo licenciado da Igreja Universal, com o Carnaval. Neste primeiro ano no cargo, ignorou a tradição de entregar a chave da cidade ao rei Momo e se negou a aparecer na Sapucaí. O prefeito nega que o corte seja uma perseguição ao evento, e diz que se trata de elencar prioridades.
Desde 2016, as escolas do Grupo Especial (as primeiras do ranking) recebem R$ 2 milhões cada uma da prefeitura. Crivella quer cortar o apoio para R$ 1 milhão, valor que a prefeitura aportava até 2016 –a cifra dobrou após as escolas perderem apoios do governo do Estado e da Petrobras, que já viviam crise naquela época.
O valor que as escolas deixarão de ganhar corresponde a 17% do orçamento básico delas –em 2017, elas receberam R$ 6 milhões, oriundos do apoio municipal, venda de ingressos, da cota de televisão de de CDs. As escolas também têm outras fontes de renda, como eventos nas quadras que acontecem ao longo do ano.
Em 2017, a cidade recebeu 1,1 milhão de visitantes e teve uma movimentação financeira da ordem de R$ 3 bilhões proveniente do turismo, segundo a Riotur.
Os recursos, diz a prefeitura, serão aplicados no custo diário per capita das crianças que estão nas creches conveniadas à administração municipal. A intenção é dobrar a diária que as instituições recebem por criança, que atualmente é de R$ 10. Hoje, cerca de 15 mil alunos são atendidos em 158 unidades. A nova diária de R$ 20 deve começar a ser paga a partir de agosto.
Ao jornal “O Globo”, o presidente da Liesa (Liga Independente das Escolas de Samba), Jorge Castanheira, disse que considera a decisão do prefeito um “retrocesso”.
“O espetáculo chegou a um alto nível de qualidade. Isso seria um retrocesso. Aumentar verbas para a creche, de fato, é importante. Mas é tratar da questão do Carnaval do Rio de uma maneira muito simplista. O evento movimenta R$ 3 bilhões para a cidade, conforme a própria Riotur já divulgou. É toda uma economia que gira em volta disso. Movimenta hotéis, restaurantes, entre outras atividades econômicas que geram impostos para a própria prefeitura”, disse ele ao jornal.
Crivella também quer cortar subsídio às escolas do grupo de acesso (divisão inferior de escolas).
Segundo a prefeitura, apesar do corte, o Carnaval do Rio vai receber novos investimentos em 2018. A avenida Marquês de Sapucaí passará por obras para melhorar as condições de infraestrutura oferecidas às escolas de samba. O planejamento prevê a modernização dos sistemas de luz e som, além da instalação de telões por toda a passarela.
Além disso, a prefeitura estuda formas de atrair recursos da iniciativa privada para o Carnaval.
[b]Fonte: Folha de São Paulo[/b]