Marcha para Jesus 2006A Igreja Renascer, que organiza a Marcha para Jesus (foto), divulgou uma nota protestando contra a proibição do evento na Avenida Paulista, no centro de São Paulo. A determinação foi assinada entre Ministério Público Estadual e prefeitura. Eventos definidos para o local foram réveillon, São Silvestre e Parada Gay.

De acordo com a igreja, no dia 4 de maio do ano passado foi firmado um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o Ministério Público do Estado de São Paulo, que garantia à Renascer o direito de realizar o evento na Paulista, caso a avenida fosse palco de qualquer outro movimento popular de massa.

No entanto, ontem, um outro termo assinado pelo MP e pelo prefeito Gilberto Kassab (DEM), prevê apenas três grandes eventos por ano na Paulista.

O Ministério Público do estado e a Prefeitura de São Paulo assinaram um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) determinando que a partir de agora apenas três grandes eventos poderão ser realizados por ano na Avenida Paulista, região central da capital.

O acordo foi assinado no último dia 23 na sede do MP-SP, mas somente na manhã de terça-feira (10), segundo a Empresa de Turismo e Eventos da Cidade de São Paulo (SPTuris), a prefeitura definiu que as festas que passarão a ocorrer na avenida a partir deste ano serão o réveillon, a Corrida de São Silvestre e a Parada GLBT (gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros).

De acordo com o promotor do Ministério Público, José Carlos de Freitas, o TAC não escolheu os eventos que iriam ser realizados, quem definiu isso foi a prefeitura. O que ficou definido é que seriam apenas três eventos que não poderiam ter duração superior a cinco horas e não poderiam superar o horário das 18h. Além disso, a área do evento ficaria restrita ao trecho da Paulista que vai da Alameda Joaquim Eugênio de Lima até a Rua da Consolação, incluindo as vias paralelas. A restrição de duração e horário não se aplica ao réveillon e à Corrida de São Silvestre.

A SPTuris conta que a escolha dos eventos foi definida por vários fatores. No caso do réveillon e da São Silvestre, principalmente pela tradição. A parada GLBT foi escolhida como terceiro evento na avenida por vários motivos. Os principais foram: o fato de ser um desfile e não precisar da montagem de uma estrutura fixa como um palco, o que diminui o tempo de interdição da avenida para o tráfego de veículos; ser um evento tradicional com cerca de dez anos no local; ser um festejo capaz de transmitir à cidade a imagem de modernidade e nenhum preconceito; ser uma festa que traz muitas divisas econômicas para a capital.

Com a escolha da parada GLBT, outros dois grandes eventos que tradicionalmente ocorriam na Paulista não poderão mais ser realizados no local: a festa do trabalhador no 1º de maio e a Marcha para Jesus, caminhada realizada por evangélicos de várias igrejas.

Ainda de acordo com a SPTuris, a decisão foi tomada para resguardar a Avenida Paulista, evitando que ela seja depredada e assegurando sua posição de ícone de São Paulo, e ampliar os espaços destinados a eventos culturais na cidade. Para a empresa de turismo, a capital possui vários locais propícios à realização de grandes eventos que não são muito utilizados, como o Sambódromo (no Anhembi, na Zona Norte), Interlagos e Parque da Independência, ambos na Zona Sul. Neste último local, será realizada já neste ano a festa de 1º de maio pela Central Única dos Trabalhadores (CUT).

Renascer

A Fundação Renascer divulgou na tarde desta quarta-feira (11) nota oficial comunicando a “surpresa” ao saber que o evento Marcha para Jesus não poderá ser realizado na Avenida Paulista neste ano. A fundação, pertencente à Igreja Apostólica Renascer em Cristo, criada pelo casal Estevam e Sônia Hernandes, é a organizadora da marcha.

Segundo a assessoria da fundação, a marcha seria um evento “que já se transformou em tradição paulistana” e que, em maio do ano passado, foi também firmado uma TAC com o Ministério Público do estado em que havia ficado garantido “o direito de, se houvesse qualquer outro evento de massa na Avenida Paulista, ali também seria realizada a Marcha para Jesus”.

A nota diz ainda que irá levar à prefeitura documentos para argumentar e pedir pela realização do evento na Paulista e que, independente da decisão, irá realizar a marcha no dia 7 de junho ou na Paulista ou em outra área indicada pelas autoridades competentes.

A SPTuris informou, no entanto, que a decisão é definitiva e que não há cabe negociação sobre o assunto.

Segundo o promotor José Carlos de Freitas, não é novidade a proibição de eventos na Paulista por parte da prefeitura. A administração municipal já teria recusado a realização da Parada da Consciência Negra e uma missa do Padre Marcelo Rossi no local. Além disso, no ano passado, a CUT não pôde realizar na avenida a festa da reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, segundo Freitas.

O promotor conta por fim que a fundação pode entrar na Justiça contra o TAC, mas para isso teria que mostrar por que a marcha poderia ser realizada no local e não outro evento como a parada GLBT ou o 1º de Maio.

Fonte: Agencia Estado e G1

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