A Assembléia Geral da Igreja Presbiteriana realizou, dias 28 e 29 de junho, no Seminário Teológico da denominação, na Cidade do México, México, consulta para tratar assuntos de ética sobre o aborto, a lei de sociedades de convivência, a eutanásia e a ecologia. Participaram da consulta pastores e leigos.
Sobre o aborto, expuseram o médico Emilio Pruneda, o advogado Miguel Ángel Arteaga e o professor Iván Efraín Adame. A respeito da lei sobre sociedades de convivência falaram o advogado Hector Hernández, o professor Miguel Fuentevilla Terán, o psicólogo César Avendaño, o pastor Abel Clemente V, e o médico Francisco Méndez. Finalmente, sobre assuntos ecológicos expuseram os pastores Israel Flores e Francisco Limão. Chama a atenção que entre os palestrantes não tivesse nenhuma mulher.
As conferências mais provocadoras foram as de Francisco Méndez (que também é pastor) e César Avendaño, professor da Universidade Nacional Autônoma do México. Ficou a sensação de que nos aspectos bíblico-teológicos fez falta maior rigor, já que, por exemplo, não ficou claro em que consistiria uma autêntica perspectiva reformada destes assuntos, especialmente sobre o aborto.
Supõe-se que, posteriormente, serão apresentados acordos a partir do exposto, ainda que sob o risco de assumir uma postura que não reflita necessariamente a consulta e sim o da mesa diretora da Assembléia Geral.
Neste sentido, há que mencionar que em abril passado (ainda que datado em novembro de 2006) a mesa diretora publicou um comunicado sumamente agressivo em relação à lei sobre sociedades de convivência aprovada na capital do país sobre o aborto, na qual expressou sua rotunda oposição à mesma a partir de uma série de postulados bíblicos baseados na condenação irrestrita da homossexualidade.
Ademais, o mesmo documento anunciou a rejeição a pontos de vista favoráveis ao aborto. O texto veio antecedido por ataque à homossexualidade.Segundo nota publicada na segunda-feira, 2 de julho, pelo pastor Daniel García, na Voz de Michoacán (ocidente do país), “ainda que estes temas já foram objeto de estudo e reflexão há vários anos em nível regional, a verdade é que em nível nacional foi a primeira ocasião que […] se abordam para unificar uma postura”.
Assinala também que durante o evento ficou clara a necessidade de entender que “a igreja tem o compromisso de implementar uma tarefa pastoral vivencial para que as pessoas se sintam acompanhadas; nunca julgadas, recusadas nem abandonadas na solidão”.
Sobre o aborto, as sociedades de convivência e a eutanásia, a consulta enfatizou “que o imperativo é dar primazia à pessoa como o mais importante da vida”. Quanto à ecologia foi definida “a realidade da unidade Mundo-Humanidade, nunca [como] uma dualidade, [pois] o ser humano participa do mundo e vice-versa”. Por isso, disseram, “ao falar da salvação do homem, esta inclui o seu meio, o mundo em que vive, move-se e do qual é parte; assim, cabe a responsabilidade de cuidar do mundo e fazê-lo partícipe da redenção que Jesus Cristo oferece à humanidade”.
García recolhe outros comentários como, por exemplo: “Novamente se fez patente o machismo; a ausência da mulher mostrou como se esquece e marginaliza a mulher em assuntos nos quais deve ter presença e fazer escutar a sua voz”. Ironicamente “alguém espetou: os homens são os que abortarão, não elas”. Isto, segundo García, “soou como um reclamo para recordar-nos que a humanidade, em particular a igreja, está composta por homens e mulheres; e que, como afirmou São Paulo à igreja na carta aos Gálatas: “Já…não há varão nem mulher; porque todos vocês são um em Cristo Jesus”.
A nota conclui com a observação de que “os dirigentes prometeram que as conclusões desta reunião serão compartilhadas com paróquias por meio de seus respectivos corpos eclesiásticos para obter reações e propostas, e, assim, elaborar uma postura sobre os assuntos expostos. Desta forma se poderão fazer declarações em nível nacional a partir da voz do povo como sujeito, e não como objeto onde a voz da hierarquia impõe sua própria maneira de crer sobre assuntos de vital importância. Cedo se conseguiu motivar pastores e leigos para que se ocupem de uma pastoral responsável, que responda às necessidades de um povo que urge da palavra de esperança e de vida em sua realidade cotidiana”.
Fonte: ALC