Um decreto do papa Bento 16 permitindo que os padres celebrem a missa em latim mais frequentemente foi criticada tanto por católicos quanto por judeus, e um bispo italiano disse estar “em luto”.

O decreto, um aceno para tradicionalistas que, segundo o papa, foi feito para curar as divisões dentro da Igreja, foi considerado por alguns como um golpe às reformas dos anos 1960 que promoveram a missa em línguas locais e compreensíveis para não-católicos.

“Este é o momento mais triste em minha vida como homem, padre e bispo”, disse Luca Brandolini, membro da comissão de liturgia da conferência de bispos italianos, ao jornal romano La Repubblica em uma entrevista.

“É um dia de luto, não apenas para mim, mas para muitas pessoas que trabalharam para o Segundo Concílio do Vaticano. Uma reforma para a qual muitas pessoas trabalharam, com grande sacrifício e apenas inspirada pelo desejo de renovar a Igreja, foi, agora, cancelada”.

O pontífice, em uma carta a bispos no sábado, rejeitou críticas de que seu decreto pode dividir católicos e reverter as reformas do Segundo Concílio do Vaticano (1962-1965).

Alguns líderes judeus fizeram fortes críticas ao decreto, o qual revive uma passagem do antigo livro de orações em latim para a Sexta-Feira Santa que pede para que os judeus sejam convertidos. Outros, entretanto, assumiram um tom mais comedido e pediram por esclarecimentos.

“Eu acho que há aqueles que interpretaram (o decreto) de uma maneira extremamente alarmista”, disse à Reuters o rabino David Rosen, do Comitê Judaico Norte-Americano.

“Isso não significa que não haja coisas precisando de esclarecimentos, mas não há dúvida do compromisso do papa Bento a respeitosas relações com o povo judeu”.

Fonte: Reuters

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