O presidente do Paraguai, Fernando Lugo, reconheceu legalmente, nesta terça-feira, o filho de quase 2 anos que teve quando ainda era bispo católico. O filho de Lugo foi revelado para os paraguaios semana passada, quando o advogado de Viviana Rosalith Carrillo Cañete, 26, disse que ela entraria na Justiça para que o presidente assumisse a paternidade de seu filho.
O advogado do ex-bispo, Marcos Fariña, foi nesta terça-feira ao cartório registrar o menino, Guillermo Armindo Carrillo. O diretor do cartório, Oscar Víctor Benítez, disse aos jornalistas que, se quiser, o menino deverá solicitar a adição do sobrenome do pai presidente, Lugo, na Justiça. De acordo com o advogado, Lugo irá pedir a restituição da parcela de seu salário que era doada a obras sociais para pagar a pensão do menino.
O salário do ex-bispo é de 15.980 guaranis (US$ 3.200).
Nesta terça-feira, diversos deputados fizeram críticas a Lugo, na Câmara. “Lugo quebrou seu compromisso eclesial, por um lado, e seu compromisso com o povo, por outro”, afirmou José López Chávez, do Partido União Nacional de Cidadãos Éticos (Unace), terceira maior legenda do país. Para ele, o episódio revela que Lugo não condiz com “a vida saudável, consagrada a Deus, que vendeu durante sua campanha política”.
Carlos Soler, do nanico Partido Pátria Querida (PPQ), afirmou que o ex-bispo se expôs a um julgamento político pois, durante a campanha, negou a paternidade repetidamente. Ele ainda lamentou o fato de governistas terem chamado de “corajosa” a atitude do governante. Miguel Carrizosa, senador pelo PPQ, disse que Lugo “deveria dizer de uma vez só a quantidade de filhos que tem, para que não haja mais dúvidas a respeito”.
Por meio do Conselho Episcopal Permanente da Conferência Episcopal Paraguaia (CEP), a Igreja Católica pediu perdão pelos “pecados” de seus membros e que estes orem para que se mantenham “fiéis à missão sacerdotal”.
O advogado Ivan Andrés Balbuena pediu nesta terça-feira que a Justiça desconsidere a ação movida em nome da mãe do menino. Conforme a mulher, o processo que denunciou Lugo foi “apresentado sem autorização”, porque estava “em conversas extrajudiciais a fim de obter o reconhecimento voluntário”.
Lugo já pensava em filhos enquanto era padre, diz irmão
O ex-bispo e presidente do Paraguai, Fernando Lugo, que ontem registrou um filho de quase 2 anos, pensava em deixar o sacerdócio e ter um filho enquanto usava a batina, revelou um de seus irmãos, Pompeyo Lugo.
Em entrevista à rádio “Cardeal”, reproduzida pelo jornal “ABC Color”, de Assunção, Pompeyo disse que seu irmão, “quando era um jovem sacerdote, sonhava em deixar a Igreja aos 55 anos” e, depois, “casar-se e ter filhos”.
O irmão do presidente paraguaio também disse que ficou surpreso quando Lugo admitiu que fez um filho em Viviana Carrillo Cañete enquanto era bispo.
“Ele sempre sonhou em se aposentar para escrever, exercer a docência, casar-se e ter filhos”, destacou Pompeyo, que disse ser da natureza humana “amar e ser amado”.
Guillermo Armindo, o filho de Lugo com Viviana, nasceu em 4 de maio de 2007, cinco meses depois de o hoje presidente ter renunciado a seu status clerical – em 21 de dezembro de 2006 -, para se lançar na política.
Na época, o chefe de Estado era bispo emérito do departamento (Estado) de San Pedro (centro).
Fonte: Folha Online e EFE
