Pedofilia na igreja
Pedofilia na igreja

Uma comissão independente que investiga a conduta de representantes da Igreja Católica na França desde a década de 1950, mostra que a instituição abrigou “entre 2.900 e 3.200 pedófilos” e que o número de vítimas de abuso por parte de membros da Igreja Católica na França pode ultrapassar os 300 mil.

O relatório inédito de 2.500 páginas foi oficialmente publicado nesta terça-feira, 5, e enviado à Conferência Episcopal da França (CEF) e à Conferência de Religiosas e Religiosos de Institutos e Congregações (Corref), que encomendaram a investigação. Durante as últimas sete décadas, a comissão avaliou uma população de 115 mil padres ou religiosos.

A apuração revela que 216 mil crianças foram vítimas de membros do clero e o total pode chegar a 330 mil se considerados membros leigos da Igreja.

Jean-Marc Sauvé, presidente da comissão de inquérito, admitiu à agência France-Presse (AFP) que esses números representam uma “estimativa mínima”. Ele não descartou que o total de abusados chegue a 10 mil.

Criada em 2018, a comissão — formada por 22 profissionais, entre eles advogados, médicos, historiadores, sociólogos e teólogos — recebeu 6.500 denúncias por telefone, nos primeiros 17 meses de trabalho, e manteve 250 audiências ou interrogatórios.

Estes números foram divulgados em uma pesquisa para a comissão do Instituto Nacional de Saúde e Pesquisa Médica da França.

O instituto trabalhou com a agência de pesquisas IFOP para pesquisar uma amostra nacional representativa de mais de 28 mil pessoas com mais de 18 anos, de forma online, entre 25 de novembro de 2020 e 28 de janeiro de 2021.

O relatório estimou o número de sobreviventes em todo o país ao longo do tempo com base no número de entrevistados que disseram ter sofrido abusos.

A pesquisa nacional veio além de uma chamada pública para depoimentos de vítimas, Sauvé disse à CNN antes da divulgação do relatório.

Apresentando as descobertas da investigação nesta terça-feira, Sauve disse que as crianças eram mais propensas a sofrer abusos dentro da Igreja Católica do que em escolas públicas ou acampamentos de verão – ou em qualquer ambiente que não seja a família.

O problema era sistêmico e a violência sexual não se limitava a “algumas ovelhas negras que se afastaram do rebanho”, disse Sauvé à CNN antes da publicação do relatório.

“Quando foi informada dos abusos, [a Igreja] não tomou as medidas estritas necessárias para proteger as crianças dos abusadores”.

No início deste ano, ele disse à CNN que temia ser “muito possível que as vítimas chegassem a pelo menos 10 mil”.

Mas acredita-se que o número final de menores abusados ​​seja mais de 30 vezes maior do que a estimativa inicial, de acordo com o relatório.

Fonte: Correio Braziliense, O Globo e CNN

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