Leonardo Sakamoto
UOL
O Ministério Público Federal e o Ministério Público do Trabalho no Rio de Janeiro afirmam que um shopping center, no município de São João de Meriti, direcionou a oferta de vagas de emprego a membros de igrejas evangélicas (imagem abaixo), o que configuraria discriminação religiosa.
As instituições celebraram com o Shopping Vida um termo de ajustamento de conduta nesta terça (6), em que a empresa garantiu igualdade na oferta de vagas, a adoção de um processo seletivo impessoal e transparente e que não utilizará a crença como critério de seleção e promoção de empregados.
A administração do shopping, com lojas de perfil popular, havia solicitado a pastores que currículos fossem encaminhados a ela para o preenchimento de vagas com o carimbo de suas igrejas.
“Nossa expectativa é mostrar que isso não é normal e está errado”, afirma o procurador da República Julio José Araujo Junior. “Por um lado, desestimular e impedir que essa conduta se repita e que os empregadores prestem atenção. Mas, por outro, dar uma referência às pessoas que sofrem essa discriminação. Recebemos muita informação sobre problemas assim, mas as denúncias não chegam. Esse tipo de ação mostra o caminho para a denúncia.”
Pelo acordo, o shopping também cederá espaço para a realização de duas audiências públicas sobre liberdade religiosa, incluindo grupos religiosos de matriz africana, e se comprometeu a realizar campanhas de informação públicas e de capacitação de seus empregados sobre a importância de se combater a discriminação religiosa. Caso ocorra o descumprimento, a empresa terá que pagar multa diária.
No documento do acordo, o responsável pela empresa lamentou o ocorrido e se comprometeu com as ações.
“A questão não é pontual, mas está inserida em um contexto de aumento da violência a direitos humanos e trabalhistas. Estamos vendo uma degradação do patamar civilizatório mínimo, principalmente neste ano de 2019, em uma velocidade que eu nunca tinha assistido”, afirma o procurador do Trabalho Rafael Garcia Rodrigues.
“Lesões de direitos de trabalhadores, como discriminação religiosa e política, repressão ao direito a manifestar opiniões, supressão da atividade sindical e perseguição de lideranças. E ameaças – o que piora pela realidade da região, de violência física e desemprego”, afirma.
Veja abaixo o anúncio da oferta de emprego do Shopping Vida.
Fonte: Blog do Leonardo Sakamoto – UOL