Mulheres muçulmanas na França como Fátima, que é supervisora em uma escola e deve obrigar as jovens islâmicas a tirarem o véu, quando ela mesma o usa, ou como Bouchra, que se pergunta como fazer, na sociedade francesa, a não estender a mão aos homens, gesto proibido pelo Islã mais rigoroso, estão sendo auxiliadas cada vez mais por sites que proliferam para discutir justamente estas questões.

O objetivo é ajudar as mulheres muçulmanas a encontrar uma resposta aos problemas da vida do dia-a-dia em um país como a França, em que elas são proibidas de portar o véu. Nos fóruns de discussões são tratadas questões difíceis, como o melhor de modo de manter sob controle o desejo sexual, como convencer as novas gerações a seguirem os preceitos do Islã ou sobre como se vestir.

Os debates sobre o véu estão, segundo uma pesquisa divulgada pelo jornal “Le Parisien”, entre os temas mais discutidos nesses sites. Mas as páginas, que não são apenas fóruns de discussão e conselhos sobre como se comportar em uma sociedade de “descrentes”, inquietam os serviços secretos franceses pela sua ação de propaganda radical.

Um estudo da polícia divulgado em julho passado constatou “um crescimento dos sites muçulmanos dirigidos às mulheres”, os classificando como “instrumentos que permitem ao Islã radical de crescer e se multiplicar.”

Os sites possuem nomes tranqüilizantes, como “femmervertueuse” (mulher virtuosa) ou “islamoncouer” (islã meu coração), mas a polícia acredita que por trás da fachada se escondem teorias radicais.

O objetivo dos sites é muito simples: instruir as mulheres sem que estas sejam obrigadas a sair de casa. Neste tipo de formação a domicílio, para serem boas mulheres muçulmanas, o primeiro dever é naturalmente aprender o árabe e os preceitos religiosos, depois serem assíduas na prática religiosa.

A boa muçulmana deve também se vestir como tal. Alguns sites chegam a sustentar que apenas o véu na cabeça não basta e que é preciso vestir o véu integral. E afirma que deve também se relacionar apenas com outros muçulmanos, de modo “a respeitar sempre as leis do Alcorão.”

A polícia afirmou temer uma excessiva influência destes sites sobre as crianças e se preocupar com a censura social proposta entre muçulmanos e “descrentes”. “Estas mulheres doutrinadas podem se tornar um verdadeiro viveiro para os fundamentalistas islâmicos”, afirma uma fonte do serviço secreto francês citado pelo jornal “Parisien”.

Fonte: Folha Online

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