Mulher lendo a Bíblia (Foto: Canva Pro)
Mulher lendo a Bíblia (Foto: Canva Pro)

Dois pesquisadores estão unindo a tecnologia da Inteligência Artificial às Escrituras para alcançar as comunidades que não têm acesso à Palavra de Deus em seus idiomas.

Ulf Hermjakob, cientista pesquisador sênior do Instituto de Ciências da Informação (ISI) da Universidade do Sul da Califórnia na Escola de Engenharia USC Viterbi, e Joel Mathew, engenheiro de pesquisa do ISI, estão liderando o projeto.

Os pais de Mathew estavam envolvidos na tradução da Bíblia na Índia, onde ele cresceu, o que o fez estar envolvido com esta missão: “É uma das minhas paixões ver a Bíblia traduzida em todas as línguas.”

Denominado “Sala Grega”, o projeto pode mudar definitivamente o cansativo e demorado trabalho de tradução da Bíblia, que tem cerca de 700.000 palavras.

A Sala Grega é composta por três ferramentas principais: verificação ortográfica, alinhamento mundial para garantir consistência na tradução e o Gnu, utilizado para detectar caracteres impróprios em um texto.

“Havia muitas áreas em que eu sentia que a tecnologia de software poderia realmente acelerar, melhorar, dar suporte e ajudar [os tradutores]”, disse Mathew.

Segundo ele, a verificação ortográfica geralmente demanda muitas pessoas e tempo. No caso da tradução para línguas raras, apenas os membros da igreja local possuem a qualificação necessária, mas não possuem acesso à tecnologia para auxiliá-los em seu trabalho.

Ele explicou: “Esses não são problemas triviais; são desafios muito complexos. No entanto, as grandes empresas não estão interessadas em resolvê-los, pois não faz parte de seu modelo de negócios focar em idiomas extremamente raros.”

‘Alcançar todos’

O grande objetivo do trabalho é espalhar as Escrituras para os milhares de idiomas sem tradução, alcançando seus falantes.

“Queremos alcançar todas as línguas do mundo; o objetivo é alcançar a todos”, disse Mathew.

O trabalho de tradução pode levar uma década ou mais do início ao fim, pois muitas vezes depende de uma única pessoa aprender o idioma antes de iniciar o processo.

Entre as 7.100 línguas existentes, a Bíblia já foi traduzida para mais de 700, fazendo dela o livro mais traduzido em todo o mundo.

Mesmo que mais de 3.500 idiomas tenham pelo menos um livro da Bíblia, ainda assim outros 6.000 idiomas não têm uma versão completa das Escrituras.

“As pessoas não percebem que existem cerca de 7.100 idiomas no mundo. O Google Tradutor abrange cerca de 100 deles”, disse Hermjakob. Recentemente, o USC Viterbi onde ele trabalha, apresentou o perfil do projeto em um comunicado à imprensa.

“Para esta tradução da Bíblia, estamos realmente visando idiomas com poucos recursos que não estão nem entre os 500 melhores”, disse Hermjakob.

Aumentar a eficiência

Mathew e Hermjakob estão construindo ferramentas para ajudar a aumentar a eficiência da tradução da Bíblia. Grande parte da tradução da Bíblia é “objetiva”, o que significa que há pouco ou nenhum debate sobre o que o texto deve dizer. Outras partes, dizem eles, são mais subjetivas e precisam do olhar humano. Por exemplo, alguns conceitos não se traduzem facilmente em idiomas locais, disse Mathew.

“Existe uma comunidade que vive nas montanhas e eles vivem em cabanas sem portas, então não há o conceito de porta em sua cultura”, disse Mathew. “Na Bíblia há um versículo que diz: ‘eis que estou à porta e bato’. A questão é: como você traduz isso para as pessoas de modo que seja significativo para elas?”

Segundo ele, o objetivo da Sala Grega é permitir que as partes subjetivas também sejam explicadas que tenham correta aplicação ao leitor da Bíblia.

“Tentamos explicar isso não especificamente como uma batida na porta, mas descrevendo uma cena em que alguém está parado na entrada de sua casa e pedindo para ser convidado a entrar”, disse Mathew.

Os dois pesquisadores se dizem apaixonados pela tradução da Bíblia. E a ideia é tornar a Sala Grega “código aberto” e disponível para tradutores em todo o mundo.

A iniciativa já está sendo apoiada pela Wycliffe Bible Translators USA, de acordo com o Religion News Service.

“Queremos fazer com que outros esforços de tradução da Bíblia também possam usar o que construímos para suas próprias pesquisas, então uma coisa que decidimos desde o início é que queremos tornar nossos dados e código públicos”, disse Hermjakob.

Fonte: Guia-me com informações de Christian Headlines

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