Benjamin Tem tinha 48 anos e trabalhava no projeto de tradução da Bíblia para o dialeto Aghem, falado em Camarões. (Foto: Aghem Bible Translation)
Benjamin Tem tinha 48 anos e trabalhava no projeto de tradução da Bíblia para o dialeto Aghem, falado em Camarões. (Foto: Aghem Bible Translation)

Um segundo tradutor da Bíblia foi morto nesta semana por extremistas Fulani no sul de Camarões, região anglófona civil, assolada pela guerra. A informação foi confirmada por uma fonte de um ministério cristão atuante no país.

Benjamin Tem, de 48 anos, foi assassinado em sua própria casa, no último domingo à noite, na região de Wum, segundo relatou Efi Tembon, um ativista camaronês que chefia o ministério “Oasis Network for Community Transformation”.

De acordo com Tembon, que conheceu a vítima enquanto trabalhava em um projeto de tradução em 2013, Tem serviu como facilitador do engajamento das escrituras para o Projeto de Tradução da Bíblia Aghem, que concluiu uma tradução do Novo Testamento no idioma Aghem em 2016.

Tem também foi um promotor de grupos de escuta da Bíblia na área de Wum. Ele foi enterrado na última segunda-feira (21) e deixa para trás cinco filhos.

Ninguém assumiu a responsabilidade pelo assassinato de Tem. No entanto, Tembon disse ao The Christian Post que os locais culparam os radicais Fulani, dizendo que foram incentivados por agentes do governo a realizar ataques contra comunidades agrícolas de apoio separatista no sul de Camarões.

Na África, há muito tempo, os pastores [criadores de gado] Fulani se opõem aos agricultores pelo direito à terra para seus animais pastarem.

“Ele foi atacado ontem à noite por pessoas suspeitas de serem pastores Fulani pró-governo”, disse Tembon a amigos no Facebook. “Eles o massacraram e cortaram sua garganta.”

Contexto

A morte de Tem ocorre dois meses depois que seu colega de profissão, o tradutor Angus Fung, que também atuou no Projeto de Tradução da Bíblia Aghem em Wum, foi morto de maneira semelhante em sua casa.

Segundo Tembon, extremistas Fulani mataram pelo menos duas dúzias de pessoas e queimaram várias casas apenas na área de Wum.

“Acho que nossas autoridades estão trabalhando em conjunto com os Fulanis”, disse Tembon, que viaja regularmente às capitais mundiais para instar a comunidade internacional a pressionar as autoridades de Camarões pelo fim do derramamento de sangue e dos abusos dos direitos humanos no país.

“Há uma guerra de independência na área e, portanto, a população local apóia a independência no sul dos Camarões. E esses ataques contra a população local não são apenas dos Fulanis, os militares também estão atacando e queimando casas. Portanto, os militares estão trabalhando de mãos dadas com os Fulanis. Na verdade, eles têm colocado armas nas mãos dos Fulanis para ajudá-los a atacar a população local”, explicou.

Tembon acusou o governo de tentar “injetar um aspecto religioso no conflito”.

“Eles sabem que os Fulanis são muçulmanos e a população local tende a ser cristã”, disse ele. “E assim, as autoridades tentam criar um conflito, um caos na área”.

Segundo o Joshua Project, a comunidade Aghem em Wum é 75% cristã.

Desde a morte de Tem, os moradores fugiram da área, assim como outras populações locais que foram atacadas. Tembon garantiu que “ataques estão ocorrendo em toda parte” no sul dos Camarões.

“Todas as áreas onde foram realizados ataques foram abandonadas”, enfatizou Tembon. “Agora os Fulanis colocam seu gado para pastar e tiram proveito do caos para dominar a terras”.

Segundo as Nações Unidas, pelo menos 700.000 pessoas foram deslocadas internamente nos Camarões em meio à violência nos últimos dois anos.

Fonte: Guia-me com informações de The Christian Post

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