O Papa Bento XVI decidiu criar uma comissão especial para estudar a beatificação do controvertido Papa Pio XII (1939-1958), acusado de ter mantido silêncio ante os horrores do nazismo, informou nesta terça-feira a agência de notícias católica francesa I-Media.
“O Papa não quer assinar e pretende acompanhar pessoalmente esse dossiê tão delicado. O melhor meio de suspender qualquer decisão sobre o tema é criar uma comissão especial”, indicaram fontes vaticanas para explicar as razões pelas quais foi adiado o processo de beatificação de Pio XII.
“O tema da beatificação de Eugenio Pacelli (Pio XII), além das questões hitóricas, não está relacionado com a atitude tomada durante a guerra e pela leitura que faz a diplomacia atual. Sua beatificação poderá provocar muita agitação num momento marcado pelas tensões nas relações com o Estado judeu”, comentou uma das fontes, que não quis revelar sua identidade.
A agência católica recorda que Bento XVI autorizou na segunda-feira a promulgação de uma série de decretos que reconhecem as “virtudes heróicas” de oito servos de Deus, primeira etapa para a beatificação.
Na lista de candidatos não figurava Pio XII, assinala a I-Media.
Em 8 de maio de 2007, os membros da Congregação para a Causa dos Santos votaram a favor da concessão de virtudes heróicas ao Papa que reinou durante a Segunda Guerra Mundial.
O papel de Pio XII durante os difíceis anos da história da Europa suscita fortes polêmicas entre alguns historiadores, que o acusam de ter sido passivo ante o holocausto dos judeus.
O Vaticano, por sua parte, enfatiza as intervenções do Papa na ocasião e sua decisão de proteger os judeus dentro do próprio Vaticano depois da ocupação da Cidade Eterna pelas tropas nazistas.
Por outro lado, as relações entre Israel e o Vaticano atravessam um momento delicado e o Papa Bento XVI “deseja muitíssimo visitar a Terra Santa e espera que Israel envie sinais positivos” nas complexas relações entre os dois Estados, anunciou a Santa Sé.
“As condições para uma viagem do Papa, como uma pacificação da região e o envio de sinais positivos nas negociações bilaterais, não foram cumpridas”, declarou o porta-voz da Santa Sé, padre Federico Lombardi.
Os dois Estados negociam, depois de dez anos de interrupção, os aspectos econômicos de um acordo assinado em 1993, que regulamenta o estatuto jurídico e fiscal das propriedades da Igreja e as atividades comerciais das comunidades cristãs na Terra Santa.
Fonte: AFP