Um pai cristão do Paquistão está em uma batalha legal com seqüestradores pela custódia de suas duas filhas pré-adolescentes, que supostamente foram forçadas a se converterem ao islamismo.

No último dia 10 de julho um juiz da província de Punjab, no Paquistão, ordenou mais investigações sobre o seqüestro de Saba Younis, 12 anos, e Aneela Younis, 10 anos, que estão desaparecidas desde 26 de junho na pequena cidade de Chowk Munda.

Os seqüestradores pediram a custódia das meninas na delegacia de polícia local em 28 de junho, declarando que as irmãs se converteram ao islamismo e que seu pai não tinha mais direito sobre elas.

Quando o pai das duas meninas, Younis Masih, foi intimado pela polícia para testemunhar, a polícia inicialmente se recusou a registrar o caso contra os seqüestradores – Muhammed Arif, Abjad, Ali e um quarto homem não identificado – que são conhecidos por pertencer a uma rede poderosa de tráfico de pessoas.

Ao contrário, como declararam ativistas dos direitos humanos ao Compass, Younis Masih foi orientado a “ficar em silêncio”, pois, como os oficiais disseram, as meninas abraçaram o islamismo em uma declaração por escrito.

Situação delicada

Foi apenas na semana passada que, com a ajuda de advogados e do Ministério dos Direitos Humanos e Assuntos das Minorias, Younis Masih registrou uma queixa oficial na delegacia local.

O advogado da família cristã, Khalil Tahir, disse que os seqüestradores provavelmente violentaram e venderam as duas menores a um bordel. Moradores do local vêem os homens como seqüestradores em série.

Muitos detalhes sobre as condições e o local onde estão as meninas permanecem desconhecidos, e a família não teve contato com elas. Tahir disse que os criminosos não levaram as meninas seqüestradas à audiência do dia 10.

“Provavelmente elas foram violentadas”, disse o advogado. “Nós não tivemos contato com as elas”.

Ação Institucional

Khalil Tahir, um ativista dos direitos humanos e advogado, declarou que no Paquistão menores não podem ser coagidos a mudar de fé. Tahir também é membro da Assembléia da Província e disse que se o Escritório do Distrito Policial não cooperasse e registrasse o caso em sua delegacia, ele iria entrar com uma ação imediata na Justiça.

“Eu estou tentando um contato com o Escritório do Distrito Policial para saber sobre o registro do caso criminal”, declarou Tahir. “Eles ainda não registraram o caso. É o dever deste escritório registrar o caso, mas não estão cumprindo com sua obrigação, então estou tentando contato com eles ou levarei o caso à Suprema Corte”.

Minoria cristã é alvo

Ashfaq Fateh, um advogado cristão que estabeleceu contato com Younis Masih nesta semana, disse que a família católica das meninas não recebeu ameaças por causa de sua fé. Ele afirmou, no entanto, que o seqüestro foi um problema religioso.

“Por serem fracas e pertencerem a uma comunidade cristã, as meninas foram seqüestradas”, disse ele.

Saba e Aneela Younis, as mais novas de oito filhos, foram seqüestradas enquanto estavam a caminho da casa do tio.

“O seqüestro das minhas filhas me fez sentir inseguro neste país”, declarou Masih a Fateh em uma conversa telefônica. “Meus conterrâneos muçulmanos pensam que nós [cristãos] não somos seres humanos. Eles pensam que não temos dignidade.”

“Isso acontece todos os dias”, disse Tahir sobre os seqüestros de crianças paquistanesas e o tratamento injusto para com os cristãos, “porque somos pessoas marginalizadas e humilhadas”.

Fonte: Portas Abertas

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