A personagem Momo é adicionada por crianças e adolescentes a grupos de Whatsapp e propõe diversos desafios, que se encerram com o suicídio dos desafiados. (Foto: BBC)
A personagem Momo é adicionada por crianças e adolescentes a grupos de Whatsapp e propõe diversos desafios, que se encerram com o suicídio dos desafiados. (Foto: BBC)

Pais de diversos países estão sendo alertados sobre um novo jogo de desafios, que está se tornando famoso entre crianças e já levou duas a cometerem suicídio na Colômbia.

O jogo “Momo do Whatsapp” começa quando a criança ou adolescente adiciona a “Momo” a algum dos seus grupos do aplicativo. A personagem é o avatar de uma mulher parecida com uma ave de olhos esbugalhados. Ela irá instruir os participantes do grupo a cumprirem certos desafios, entre os quais o último é cometer suicídio. Se os destinatários se recusarem a participar, eles são ameaçados com uma “maldição” ou “feitiço maligno”.

A agência colombiana de notícias Caracol informou que dentro de apenas 48 horas, uma menina de 12 anos e um menino de 15 tiraram suas próprias vidas por estarem envolvidos no jogo maligno.

“Aparentemente, eles praticaram esse jogo através do WhatsApp, que convidava os jovens a se machucarem”, disse o secretário do governo, Janier Landono, segundo a Fox News. “O jogo tem desafios diferentes e o suicídio está no final de tudo”.

A boneca Momo foi originalmente criada pela empresa de arte japonesa chamada “Link Factory”. No entanto, eles negaram ter qualquer envolvimento na criação deste jogo.

No distrito de Bengali Ocidental, na Índia, um homem foi preso por supostamente enviar um convite para o jogo mortal, de acordo com o Hindustan Times. Segundo a polícia, Arindam Patra, um estudante de engenharia elétrica de 19 anos, foi a primeira pessoa a ser presa por estar envolvida com o fenômeno bizarro.

Casos no Brasil

Alguns casos com um possível envolvimento do jogo “Momo do Whatsapp” já foram registrados no Brasil.

A morte de uma adolescente de 12 anos no município de Extremoz, Região Metropolitana de Natal, está sendo investigada pela Polícia Civil se tem relação com o jogo eletrônico da Boneca Momo. A criança teria cometido suicídio por enforcamento.

A mãe e o irmão mais velho da garota relataram que a família estava jantando e a criança tomando banho. A mãe sentiu que a menina estava demorando demais no quarto e foi chamá-la. Ela não respondeu, então o irmão de 25 anos olhou por baixo da porta e a viu pendurada. Eles arrombaram a porta do quarto e levaram a criança para a Unidade de Saúde, mas ela não resistiu e morreu.

Em Pernambuco, a Polícia Civil investiga se a morte por enforcamento de Artur Luis Barros dos Santos, um menino de nove anos, no Recife, no dia 16 de agosto, está ligada ao desafio que circula pelo WhatsApp. Para a mãe, a professora Jany Nascimento, o filho foi influenciado pelo jogo Momo, mas a delegada responsável pelo caso, do Departamento de Polícia da Criança e do Adolescente (DPCA), disse que vai esperar o laudo do Instituto de Criminalística (IC).

No dia 23 de agosto, um adolescente de 12 anos foi internado em um hospital particular com sinais de enforcamento, em Aldeia, na Região Metropolitana de Recife.

Ainda em Pernambuco, duas adolescentes de 13 e 14 anos foram socorridas para a Unidade Pronto Atendimento (UPA), após desmaiarem na sala de aula de uma escola municipal de Caruaru, no Agreste pernambucano, no dia 31 de agosto.

Segundo as informações da Secretaria de Saúde, as vítimas ingeriram uma grande quantidade do medicamento controlado diazepan. As adolescentes passaram por uma lavagem estomacal e foram encaminhadas à Unidade Infanto-Juvenil para receber o atendimento psicológico. Elas tiveram alta no mesmo dia.

Tensão em família

O jogo causou medo nos corações de muitos pais, especialmente após as consequências devastadoras do “Desafio da Baleia Azul“, no ano passado. Da mesma forma que Momo, os participantes eram instruídos a participar de certos desafios em um período de 50 dias. Muitos destes seriam “inofensivos”, mas gradualmente se tornariam mais sérios. Os atos finais envolveriam autoflagelação e, em última instância, o suicídio.

Alguns departamentos de polícia dos Estados Unidos têm emitido avisos aos pais em uma tentativa de erradicar a nova moda perturbadora, como no caso xerife do condado de Pasco, na Flórida.

“Não recebemos nenhum relatório sobre isso em Pasco, mas queremos compartilhar esse aviso que as agências de aplicação da lei de vários países estão divulgando”, twittou o escritório do xerife no mês passado. “Queremos lembrar os pais para sempre estarem cientes do que seus filhos estão fazendo nas redes sociais”.

No caso da Momo, seu principal meio de disseminação é o WhatsApp, mas também se popularizou através do jogo Minecraft, que tem mais de mil jogadores por dia.

Segundo um comunicado oficial do Whatsapp, os usuários devem bloquear qualquer número que venha a fazer propostas de desafios como este.

“O WhatsApp se preocupa profundamente com a segurança de nossos usuários”, disse o serviço de mensagens. “É fácil bloquear qualquer número de telefone e incentivamos os usuários a denunciarem mensagens problemáticas para que possamos realizar uma ação”.

Alerta

Os casos no Brasil fizeram com que escolas de diferentes regiões do país disparassem alertas.

Os comunicados encaminhados aos pais de crianças e adolescentes, de maneira geral, apresentam a “Boneca Momo” como uma isca plantada por criminosos para roubar dados pessoais e propor desafios que podem levar à morte.

“Orientamos os pais que fiquem atentos e conversem com seus filhos para evitarem maiores problemas”, diz comunicado de um dos Colégios Maristas.

Segundo especialistas, para evitar casos de suicídio, familiares, amigos e professores devem ficar atentos a sinais de alerta em crianças e adolescentes, como falar sobre querer morrer, procurar formas de se matar, ampliar o uso de álcool e drogas e agir de modo ansioso, agitado ou irresponsável.

Chefe de comunicação da Polícia Federal em Pernambuco, Giovani Santoro
Chefe de comunicação da Polícia Federal em Pernambuco, Giovani Santoro

Diante de situações como essas, o recomendável é não deixar a pessoa sozinha, ligar para canais de ajuda e levar a pessoa para uma assistência especializada.

O chefe de comunicação da Polícia Federal em Pernambuco, Giovani Santoro, tem dado palestras nas últimas semanas em escolas públicas e privadas sobre a “Boneca Momo”.

Ele informou que não existe um padrão de desafios. As crianças e adolescentes atrelam o número do WhatsApp à conta do Facebook. “Os criminosos, utilizando a imagem do perfil do personagem virtual, colhem informações pessoais e passam a fazer os desafios. Os meninos são iludidos e aceitam”, afirma.

Santoro diz que o mecanismo é semelhante ao jogo da Baleia Azul, que provocou pânico no mundo inteiro. “O Baleia Azul tinha 50 desafios. A estratégia é a mesma. Só muda a forma. Pode ser qualquer desafio. Não existe um padrão definido.”

Um deles é justamente a resistência ao sufocamento para saber quanto tempo a criança suporta sem respirar. “Os professores estão bastante aflitos. Por isso, temos ido às escolas para falar com pais e alunos e tentar amenizar a situação”, afirma.

DICAS DE SEGURANÇA DA POLÍCIA FEDERAL PARA OS PAIS

 1 – Estreitar o vínculo de amizade e cumplicidade com seus filhos e sempre perguntar sobre as atividades desenvolvidas no dia.

2- Ter conhecimento básico de internet e computação, principalmente sobre redes sociais, para instruir os filhos.

3 – Supervisionar o acesso dos filhos à internet de forma discreta e não ostensiva. Melhor caminho é sempre o diálogo e orientação.

4 – Alertar e conscientizar os filhos sobre os perigos que existem na internet.

5 – Importante a conscientização para não compartilharem de maneira exagerada informações pessoais.

6 – Ter o consentimento da criança e do adolescente para acessar o perfil nas redes sociais.

7 – Deixar, se possível, o computador num cômodo público e visível da casa para que, em qualquer momento, possa ser visualizado o que os filhos estão acessando.

8 – Não permitir que os filhos fiquem muitas horas conectados à internet

DICAS DE SEGURANÇA DA POLÍCIA FEDERAL PARA OS FILHOS

1 – Nunca incluir nas redes sociais informações pessoais de maneira exagerada

2 – Não postar fotos em excesso

3 – Nunca incluir desconhecidos em contatos

4 – Preservar a intimidade ao máximo

Fonte: Guia-me, Folha de São Paulo, TV Jornal e Polícia Federal

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