Um advogado pediu nesta quinta-feira que o arcebispo de Buenos Aires, cardeal Jorge Bergoglio, seja intimado a depor em um caso sobre o desaparecimento de dois padres durante a ditadura militar (1976-1983).

O pedido foi feito pelo advogado Luis Zamora, depois que a ex-presa e desaparecida María Elena Funes relatou hoje o sequestro dos sacerdotes Francisco Jalics e Orlando Yorio. A mulher foi testemunha em um julgamento sobre crimes cometidos na Escola de Mecânica da Marinha (Esma), centro de detenção clandestino da ditadura.

Segundo a versão de Funes, o arcebispo de Buenos Aires –forte opositor ao governo de Cristina Kirchner– havia proibido Yorio de exercer suas funções como padre na região de Bajo Flores, ao sul da capital argentina, onde vivia, por razões ideológicas.

Yorio também teria dito à ex-detida que Bergoglio enviou uma nota ao arcebispo de Morón, advertindo-o de que os dois padres “eram maus e não deveriam ser aceitos”, de acordo com o relato prestado no tribunal.

Segundo Funes, o religioso lhe revelou que tinha sido censurado por Bergoglio, na época seu superior, uma semana antes do sequestro dos dois sacerdotes por um comando da Esma.

A suposta responsabilidade do cardeal no crime dos dois párocos foi denunciada pela primeira vez em 1986, no livro “Igreja e Ditadura” escrito pelo falecido defensor de Direitos Humanos Emilio Mignone, cuja filha Mónica também está desaparecida.

[b]Fonte: Folha Online[/b]

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