O vigário da Pastoral da Comunicação da Arquidiocese de São Paulo Antônio Aparecido Pereira criticou duramente as afirmações do presidente do Tribunal de Justiça do estado, Antonio Carlos Viana Santos, sobre pedofilia e Igreja Católica. Santos afirmou que as vítimas de pedofilia, em cidades pequenas, ficam rotuladas como “comida de padre”.

A afirmação foi feita pelo presidente do TJ-SP na quinta-feira, durante o lançamento do Fórum Internacional de Justiça, evento que vai discutir a pedofilia, entre outros temas.

– Queria saber do presidente do Tribunal de Justiça como ele vai analisar jaleco branco e pedofilia, toga e pedofilia, escola e pedofilia, família e pedofilia. Por quê só a Igreja? – questiona o vigário.

Para Pereira, a declaração do presidente do TJ é “triste”.

– É triste ouvir da boca de um magistrado uma frase como essa, que não faz justiça a milhares de padres que se dedicam ao povo, à Igreja, que luta na Pastoral da Criança pelos jovens e crianças. A frase não faz justiça nem às vítimas – afirmou Pereira.

Segundo o vigário, a Arquidiocese de São Paulo estuda enviar uma carta ao presidente do TJ, questionando suas declarações. Para Pereira, Santos fez uma generalização equivocada ao falar de padres acusados de pedofilia.

– Ninguém é culpado sem antes ser julgado e condenado. Ele fez um pré-julgamento, isso não tem nada a ver.

O vigário Antônio Aparecido Pereira disse que os casos de pedofilia têm que ser investigados profundamente, não só na Igreja Católica.

– A Igreja faz questão que se rompa com o silêncio, dentro da própria Igreja e também na família e em outros ambientes. É importante que se vá fundo na investigação – afirmou o vigário.

A gafe do presidente do TJ-SP ao falar sobre pedofilia

O presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) cometeu na quinta-feira uma gafe ao relacionar casos de pedofilia com a Igreja Católica. O desembargador Antonio Carlos Viana Santos afirmou que muitas vítimas não prestam queixa do crime com medo de ficarem estigmatizadas e poderem ser chamadas de “comida de padre”.

Ele deu a declaração no evento de lançamento do Fórum Internacional de Justiça, encontro com delegações de quase 50 países, que ocorrerá em São Paulo de 13 a 15 de maio. Entre os temas que serão discutidos estão a adoção internacional de crianças, a corrupção na medicina, tráfico de pessoas e formas de combate à pedofilia.

O desembargador fez o comentário ao citar as dificuldades que fazem investigações de casos de pedofilia não avançarem. “A vítima, psicologicamente, se retrai. Então, sem o testemunho dela, que é o começo de tudo, não há nada”, disse Viana Santos. “Desculpe o termo, são todos maiores. Eu sei que vai para o ar, mas eu sou assim. Já imaginou numa cidade aí de uns cem mil habitantes: ?Ah, aquele lá é comida de padre?? Já imaginou como é que fica na cidade? Então ele se retrai, se esconde”, afirmou.

Fonte: O Globo e Estadão

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