Asia Bibi e a jornalista Anee-Isabelle Tollet. / Foto: Thomas François
Asia Bibi e a jornalista Anee-Isabelle Tollet. / Foto: Thomas François

Asia Bibi, a cristã paquistanesa que passou anos no corredor da morte após uma condenação por blasfêmia em 2010, disse na segunda-feira (24) que está buscando asilo político do governo francês.

“Meu grande desejo é morar na França”, disse Bibi em entrevista à rádio RTL, em sua primeira viagem à França desde que foi com a família para o Canadá em 2018.

Sua visita ocorre algumas semanas após a publicação de seu livro, “Enfin Libre!” (Enfim Livre) em francês no mês passado, com uma versão em inglês prevista para ser lançada em setembro.

“A França é o país de onde recebi minha nova vida… Anne-Isabelle é um anjo para mim”, disse referindo-se à jornalista francesa Anne-Isabelle Tollet, que realizou uma longa campanha por sua libertação e colaborou com o livro de Bibi.

Na terça-feira, a prefeita de Paris, Anne Hidalgo, teria concedido um certificado de cidadania honorária reconhecido a Bibi pela cidade em 2014, quando ela ainda estava atrás das grades.

Ela disse que não tinha nenhuma reunião agendada com o presidente Emmanuel Macron, mas “obviamente, eu gostaria que o presidente ouvisse meu pedido”.

Em seu livro, Bibi narra as condições do pesadelo a que foi submetida na prisão até sua libertação em 2018, em meio a um clamor internacional por sua liberdade. A absolvição provocou protestos violentos no Paquistão de maioria muçulmana, onde os cristãos são frequentemente alvo de perseguição.

Mais tarde, ela fugiu com sua família para o Canadá, onde vive em um local não revelado sob proteção policial.

“Obviamente, sou imensamente grata ao Canadá”, disse Bibi, acrescentando que agora queria trabalhar “de mãos dadas” com Tollet para instar as autoridades do Paquistão a libertar outras pessoas presas pelas leis anti-blasfêmia do país.

“Exílio para sempre”

As acusações contra Bibi foram feitas em 2009, quando agricultoras muçulmanas que estavam trabalhando ao lado dela se recusaram a compartilhar a água porque ela era cristã.

Depois de uma discussão, uma mulher muçulmana procurou um clérigo local e acusou Bibi de cometer blasfêmia contra o profeta Maomé.

Apesar de sua notável absolvição pelo chefe de justiça do Paquistão, os ativistas alertaram que a liberdade de Bibi provavelmente significaria uma vida ameaçada por extremistas que pedem sua morte.

Em seu livro, ela também conta a dificuldade de se adaptar à nova vida e a dor de viver longe de outros membros da família. “O Paquistão é o meu país. Eu amo meu país, mas estou no exílio para sempre”, escreveu ela.

Fonte: Guia-me com informações de AFP

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