Cerca de 30 pessoas participaram do protesto na porta da Igreja da Lagoinha. (Foto: Divulgação/O Tempo)
Cerca de 30 pessoas participaram do protesto na porta da Igreja da Lagoinha. (Foto: Divulgação/O Tempo)

Cerca de 30 pessoas protestaram na manhã do último domingo (20) contra os pastores da Igreja Batista da Lagoinha, em Belo Horizonte (MG). Com cartazes que traziam mensagens como “igreja é lugar para todos”, o grupo se manifestou sobre as declarações de André e Ana Paula Valadão sobre a homossexualidade.

De acordo com Thiago Santos, um dos líderes da União da Juventude Socialista (UJS) e integrante de outros movimentos, o objetivo da manifestação era fazer com que a igreja dialogasse sobre o tema. “Nós achamos que a informação é algo importante. Também há gays e lésbicas dentro da igreja, e acreditamos que a fala dos líderes têm muito poder de influenciar nos fiéis”, disse ao jornal O Tempo.

“O nosso principal objetivo era tocar em dois aspectos muito específicos: a Ana Paula, devido à questão do HIV como uma doença específica de homossexuais, algo que a própria OMS já contesta. E o Valadão, que fez uma fala homofóbica e inconstitucional, já que proibir qualquer pessoa de entrar em uma instituição religiosa por questão de identidade de gênero é ilegal”, alegou.

Membros da igreja foram à rua para conversar com os manifestantes. Segundo O Tempo, uma das pastoras da Lagoinha, Márcia, explicou que os líderes da igreja amam todas as pessoas, e que as críticas estão afetando a família Valadão.

No início do mês, Ana Paula Valadão chegou a ser processada por crime de LGBTfobia por dizer que homossexualidade é pecado e relacionar a prática à Aids, durante um episódio exibido pela Rede Super.

“Isso não é normal. Deus criou o homem e a mulher. E é assim que nós cremos. Qualquer outra opção sexual é uma escolha do livre arbítrio do ser humano. E qualquer escolha leva a consequências”, disse a pastora sobre a homossexualidade.

“Nem é Deus trazendo uma praga ou um juízo não. Taí a Aids para mostrar que a união sexual entre dois homens causa uma enfermidade que leva à morte, contamina as mulheres. Enfim, não é ideal de Deus. Sabe qual é o sexo segura, que não transmite doença nenhuma? O sexo seguro se chama aliança do casamento”, esclarece. “Deus é perfeito em tudo o que faz”.

Dias antes, seu irmão, o pastor André Valadão, havia sido criticado por responder no Instagram a uma pessoa que questionou se um casal homossexual deveria ser expulso da igreja.

“Entendi. São gays. A igreja tem um princípio bíblico. E a prática homossexual é considerada pecado. Eles podem ir para um clube gay ou coisa assim. Mas, na igreja, não dá. Esta prática não condiz com a vida da igreja. Tem muitos lugares que gays podem viver sem qualquer forma de constrangimento. Mas na igreja é um lugar para quem quer viver princípios bíblicos. Não é sobre expulsar. É sobre entender o lugar de cada um”, respondeu André.

A Comissão de Diversidade e Gênero da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Minas Gerais chegou a informar que iria apurar o post do pastor.

Liberdade religiosa

A Aliança Nacional LGBTI+ e a comissão da OAB respaldam sua ação na decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que em 2019 enquadrou a homofobia como crime de racismo, que é imprescritível e inafiançável.

Embora a decisão preveja a liberdade religiosa para manifestações em templos religiosos, o caso de Ana Paula e André, que direcionavam suas mensagem ao público cristão, apontam para uma restrição na abordagem do tema.

Em ministração transmitida no domingo passado (13), o pastor André Valadão destacou: “Há uma coisa que é respaldada pela Constituição, se chama direito de culto”.

Cerca de 30 pessoas participaram do protesto na porta da Igreja da Lagoinha. (Foto: Divulgação/O Tempo)

André mencionou o exemplo de um casal de amigos que foi impedido de entrar em uma mesquita muçulmana: o homem por ter tatuagem e a mulher por não usar véu. Ele também usou o exemplo de religiões que matam animais em seus rituais, mas não podem ser contestadas por entidades de defesa aos animais.

“Não é absurdo, é direito constitucional de culto. Não é um lugar público, é um lugar privado. Aquele lugar tem lei, tem usos e costumes”, explica o pastor.

“Nós, que temos Jesus Cristo como Senhor e Salvador de nossas vidas, nós que entendemos o Evangelho, não podemos nos calar. Ninguém pode nos impedir de falar a verdade. É um direito que nós temos. É o princípio da Palavra de Deus, e ponto final”, ele continua.

André deixou ainda um recado aos líderes cristãos: “Pastores, eu me incluo nisso, é hora da gente falar o que é pecado e não é. Porque temos uma geração hoje que não está entendendo mais o que é pecado e não é”.

Fonte: Guia-me com informações de O Tempo

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