O papa Bento XVI pediu hoje que a Igreja Católica da África continue a promover o diálogo com os muçulmanos, para “trabalhar juntos” na defesa da “vida e na luta contra a doença e a desnutrição”.

Ao receber bispos de Gâmbia, Libéria e Serra Leoa em visita “ad limina” ao Vaticano — que ocorre a cada cinco anos –, o Pontífice lançou um apelo pela paz, pela defesa da família e pelos direitos das mulheres.

Bento XVI exortou os religiosos presentes a “continuarem a promover o diálogo com outras religiões, e sobretudo com o Islã, de modo a manter as atuais boas relações e prevenir toda forma de intolerância, injustiça ou opressão nociva à promoção da confiança recíproca”.

Segundo ele, trabalhar em conjunto para defender a vida contra a fome e as doenças “não deixará de construir compreensão, respeito e aceitação”.

“Rezo para que o processo de reconciliação em justiça e paz possa produzir um respeito duradouro para cada direito humano concedido por Deus e minar qualquer tendência à retaliação e à vingança”, declarou.

O Papa elogiou os esforços educativos das Igrejas presentes ao encontro, através das quais “o Senhor preserva sua gente do mal, da ignorância e da superstição”, e exortou os bispos a promoverem “a unidade e o bem-estar da família cristã baseada no matrimônio” “em um ambiente marcado pelo divórcio e a poligamia”.

O chefe de Estado do Vaticano lembrou que “a corrupção é um pecado grave” e encorajou o apoio aos refugiados e imigrantes, “buscando, quando possível, a cooperação com seus países de origem”.

Ainda hoje, Bento XVI recebeu as credenciais do novo embaixador da República Democrática do Congo junto à Santa Sé, Jean-Pierre Hamuli Mupenda.

Durante o encontro, o Pontífice falou sobre o país africano, no qual a violência “cega e sem piedade” se abateu “sobre uma larga fatia da população, fazendo-a vergar sob seu jogo brutal e insuportável, e semeando ruína e mortes”.

O Papa afirmou que cabe aos “poderes públicos” colocar fim a esta situação “a qualquer custo”, e recordou ter recebido o presidente congolês, Joseph Kabila, em 2008. Ele desejou que “Deus o guie nos esforços para chegar à paz, garantia de uma existência digna e de um desenvolvimento integral”.

“É necessário portanto empregar todos os meios políticos e humanos para colocar fim ao sofrimento” e “se dedicar à reconstrução humana e social do país no respeito dos direitos fundamentais”, assinalou.

Após décadas de ditadura, a República Democrática do Congo se viu envolvida em um conflito civil no qual nove nações foram afetadas, a chamada “guerra mundial africana” — que terminou oficialmente em 2003 e deixou quatro milhões de mortos. Os combates internos, no entanto, persistem até hoje.

Bento XVI citou a grave situação do país e dirigiu seu apelo “às mulheres, aos jovens e às crianças, cuja dignidade foi traída ao máximo pela violação de seus direitos”. “Gostaria de exprimir-lhes a minha preocupação e a minha oração”, acrescentou.

Ele ressaltou que a própria Igreja Católica “foi ferida em muitos de seus membros e nas suas estruturas”, mas que agora “deseja promover a cura interior e a fraternidade”.

Fonte: Ansa

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