O bispo de Xingu (PA) e presidente do Cimi (Conselho Indigenista Missionário), dom Erwin Krautler, 69, disse que 48 obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), do governo federal, afetam diretamente terras indígenas.

Segundo o bispo, cuja declaração foi feita durante a 47ª Assembleia Geral da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), o PAC é “autoritário e arrogante”, pois as populações atingidas não são ouvidas sobre as obras em tempo hábil.

Além de falar sobre o tema em entrevista, d. Erwin divulgou um texto intitulado “A igreja e os povos indígenas”, no qual diz que os principais impactos são sociais e ambientais.

“São projetos de transformação de leitos de rios em hidrovias, de construção de usinas hidrelétricas, de utilização de terras indígenas para passagens de gasodutos, minerodutos e linhas de alta tensão”, diz o texto do bispo, que anda escoltado por policiais em Xingu por estar ameaçado de morte.

Entre as obras com verbas do PAC citadas pelo bispo estão a hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, a hidrelétrica de Estreito, no Tocantins e no Maranhão, e a transposição do rio São Francisco, na região Nordeste.

Em outro levantamento divulgado pelo bispo, ele diz que, incluindo obras do PAC e outras financiadas por iniciativa privada e Estados, 450 projetos afetam terras indígenas.

A reportagem procurou a Casa Civil, por meio da assessoria de imprensa, para que comentasse as declarações do religioso sobre as obras do PAC. Até o fechamento desta edição, isso não havia ocorrido.

Fonte: Folha de São Paulo

Comentários