A Câmara dos Representantes dos Estados Unidos aprovou ontem uma resolução em que pede desculpas à comunidade afro-americana pelos anos de escravidão, algo inédito no poder legislativo.
Em uma decisão sem precedentes, os membros da Câmara aprovaram por aclamação a iniciativa do legislador branco Steve Cohen, que representa o distrito de Memphis (Tennessee), de maioria negra.
É a primeira vez que um ramo do Governo federal expõe suas desculpas pelos tempos de escravidão, apesar de diversos estados já terem feito isso anteriormente.
Antes da aprovação, Cohen disse que a resolução é um reconhecimento da Câmara de Representantes “à injustiça, à crueldade, à brutalidade e à falta de humanidade da escravidão e o Jim Crow”.
O termo Jim Crow se refere ao período compreendido entre 1865 e 1960, depois que a escravidão foi abolida, quando foi tirado dos afro-americanos o direito ao voto e outras liberdades civis.
“Os afro-americanos continuam sofrendo as conseqüências da escravidão e a era Jim Crow mediante numerosos danos e perdas, ambos tangíveis e intangíveis”, assinala o texto da resolução.
Entre estes danos, o documento destaca “a perda da dignidade e da liberdade, a frustração na vida profissional e a perda de muito tempo de lucro e oportunidades”.
No entanto, o texto não fala sobre as compensações que muitos membros da comunidade afro-americana solicitam para os descendentes dos escravos americanos.
Não é a primeira vez que um ramo do Congresso oferece desculpas a um grupo minoritário da população do país.
Em abril deste ano, o Senado aprovou outra resolução na qual se desculpava com os nativos americanos pelos “muitos casos de violência, maus-tratos e abandono”.
Essa mesma Câmara pediu perdão, em 1993, pela participação dos Estados Unidos na “derrocada ilegal” do Reino do Havaí um século antes.
Fonte: EFE