O principal cardeal do Vaticano para relações com os judeus, Walter Kasper, negou, nesta quinta-feira, que uma nova oração pedindo a conversão deles seja ofensiva e afirmou que os católicos tinham o direito de rezar como quiserem.

O cardeal Walter Kasper falou em uma entrevista para um importante jornal italiano um dia depois de lideres judaicos mundiais dizerem que a nova oração poderia ser um retrocesso de décadas para o diálogo intra-religioso.

“Eu devo dizer que não entendo o porquê de os judeus não poderem aceitar que nós podemos usar nossa liberdade para formular as nossas orações”, disse o alemão Kasper ao Corriere della Sera.

Na quinta-feira o Vaticano revisou uma contestada oração em latim usada por uma minoria tradicionalista na Sexta-feira Santa, removendo uma referência à “cegueira” dos judeus sobre Cristo e uma frase pedindo a Deus que “remova o véu dos seus corações”.

No entanto, os judeus criticaram a nova versão porque ela ainda diz que eles todos deveriam reconhecer Jesus Cristo como salvador da humanidade. Ela pede que “toda Israel seja salva” e mantém um pedido nas entrelinhas pela conversão, o que os líderes judaicos queriam ver fora do texto.

“Nós achamos que racionalmente essa oração não pode ser um obstáculo para o diálogo porque ela reflete a fé da Igreja e, além disso, os judeus têm orações nos seus textos litúrgicos das quais nós católicos não gostamos”, afirmou Kasper.

Kasper disse que o formato da oração veio dos manuscritos de São Paulo e apenas reforçam que para os cristãos, Jesus é o messias e Filho de Deus.

Apenas algumas centenas de milhares de tradicionalistas acompanham o rito em latim e vão usar a oração. A grande maioria do 1,1 bilhão de católicos do mundo assistem às missas em suas línguas locais usando outras orações.

Fonte: Reuters

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