O porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, esclareceu hoje que a carta de Bento XVI sobre os casos de pedofilia na Irlanda, é apenas “uma etapa de um caminho” e “não busca desculpar-se” pelas denúncias em outras nações.

No texto, firmado ontem pelo Pontífice e divulgado na manhã de hoje, o Papa expressa sua “vergonha” pelos abusos cometidos por religiosos contra crianças em entidades eclesiásticas da diocese de Dublin, acusa os sacerdotes e padres acusados de “traição” e ordena que a Igreja Católica na Irlanda ajude as autoridades civis nas investigações.

Com esta carta, explicou Bento XVI no documento, “pretendo exortar a todos, como ao povo de Deus na Irlanda, a refletir sobre os golpes desferidos ao corpo de Cristo, seus remédios, às vezes dolorosos, necessários” e “sobre a necessidade de união, de caridade e de recíproca ajuda no longo processo de recuperação e de renovação eclesial”.

“Para repreender esta dolorosa ferida, a Igreja da Irlanda deve, em primeiro lugar, reconhecer perante o Senhor [Deus] e aos outros, os graves pecados cometidos contra garotos indefesos”, afirmou.

A reflexão destina-se aos fiéis irlandeses, aos quais o Papa reitera a condenação do Vaticano aos atos registrados no seio da diocese de Dublin por décadas e que foram divulgados apenas em 2009 pela Justiça local.

“Quem conhece a história e as obras do cardeal Joseph Ratzinger [nome de batismo de Bento XVI, ndr.], encontra no Papa uma testemunha da busca pela clareza e coerência”, continuou Lombardi, que recordou que a atividade de Raztinger, quando esteve à frente da Congregação para a Doutrina da Fé (de 1981 a 2005), foi caracterizada na direção “do compromisso, da clareza e da intervenção”.

Ainda questionado sobre a postura da Santa Sé frente aos recentes casos em diversas nações europeias — como as denúncias na Alemanha, que vieram a público no início deste ano –, Lombardi reiterou que o Papa se pronunciará “no momento oportuno” e “saberá encontrar um modo apropriado para referir-se à situação” de sua terra natal.

No início do ano, membros de entidades eclesiásticas da Alemanha foram denunciados por abusos contra menores, crimes que teriam sido cometidos durante os anos 1970 e 1980 em escolas jesuítas. Foram lançadas também suspeitas contra integrantes do coro da catedral de Regensburgo, que foi dirigido pelo irmão do Papa, Georg Ratzinger, durante trinta anos.

“Nunca houve uma carta semelhante” à escrita por Bento XVI e esta “é uma resposta que não será esquecida”, completou o porta-voz da Santa Sé, que reiterou: “Para mim é consistente, não é uma resposta pequena”.

Fonte: Ansa

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