A chanceler alemã, Angela Merkel, falou em sua mensagem de Ano Novo sobre os casos de maus-tratos e abandono infantil registrados na Alemanha e – após repassar as conquistas econômicas do país – pediu que esta realidade social não seja ignorada.

“Precisamos de uma cultura que dê mais atenção (a estas questões) e que não olhe para o outro lado. Isto significa, concretamente, que onde os pais se vêem sem opções, o Estado deve agir em prol do bem-estar da criança”, afirmou.

Merkel insistiu na “comoção” e no “alarme” gerados pelas recentes notícias sobre casos de maus-tratos, negligência e morte de menores e reiterou o compromisso do Governo de melhorar a situação das famílias e o atendimento à infância.

“Em 2007, nosso país foi melhor que em 2005”, ressaltou a chefe do Governo alemão, se referindo à queda contínua do desemprego e ao crescimento econômico obtido desde o início da atual legislatura e após uma longa etapa de estagnação.

A política familiar voltou ao local “onde deveria estar: no centro” das atenções, disse, e é por isso que continuará havendo avanços, para melhorar a educação e a infância.

“A grande maioria de mães e pais morreria por seus filhos”, disse, “mas cada caso de maus-tratos é e será um que deveria ter sido evitado”, ressaltou.

A chanceler falou sobre o alarme social causado por recentes casos de crianças mortas por desnutrição, negligência ou abandono de seus pais, assim como dos vários infanticídios registrados nos feriados.

Esta semana, uma mãe de 23 anos foi presa após ter matado por inanição e sede seu filho de dois anos.

Outra mulher, de 37 anos, enforcou seus dois filhos, de 3 e 2 anos, aparentemente com medo de perder suas guardas devido à sua profunda depressão.

Estes dramas familiares ocorreram em meio a vários casos parecidos e aumentaram o alarme social causado por outro episódio recente, o caso de uma menina de cinco anos encontrada morta por desnutrição em casa.

As duas principais igrejas, a católica e a protestante, destacaram em suas mensagens de natal estes dramas, resultados freqüentes de uma combinação de situações familiares anômalas e pobreza.

Os especialistas atribuem esta situação à redução dos subsídios aos desempregados crônicos e que precisam do auxílio social, ação iniciada pelo Governo de Gerhard Schröder e continuada pela coalizão conservadora-social-democrata de Merkel.

Cerca de 2,5 milhões de crianças vivem no país em situação de pobreza ou abandono familiar, freqüentemente sob observação de serviços de assistência social que se mostram ineficazes ou muito atarefados.

Fonte: EFE

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