A China acusou novamente neste domingo o Dalai Lama de querer “tomar como refém os Jogos Olímpicos”, e prometeu derrotar sua “camarilha”, treze dias após o início dos distúrbios em Lhasa, capital tibetana.

“Em 2008, o mundo inteiro espera com impaciência os Jogos Olímpicos, mas a camarilha do Dalai Lama quer tomar como refém os Jogos Olímpicos e forçar o governo chinês a ceder no que diz respeito à ‘independência do Tibete'”, afirma a China em um artigo publicado no Diário do Povo (órgão do partido Comunista Chinês).

Na terça-feira, o primeiro-ministro, Wen Jiabao, já havia acusado o Dalai Lama e sua “camarilha” de querer sabotar os Jogos Olímpicos, que começam em 8 de agosto em Pequim.

Esta nova acusação contra o líder espiritual do Tibete precede a cerimônia para acender a tocha olímpica, na segunda-feira, na Grécia. Está previsto que ela passe por Lhasa antes de chegar a Pequim.

“Pouco importa que o Dalai Lama e seus seguidores se escondam atrás do pretexto da ‘paz’ e da ‘não violência’, suas atividades de sabotagem que perseguem a secessão se encontram fadadas ao fracasso”, advertiu neste domingo a imprensa chinesa.

O artigo faz referência a vários incidentes violentos que foram registrados nos últimos 50 anos, para convencer os leitores de que o discurso de não-violência defendido pelo Dalai Lama é “uma mentira do início ao fim”.

A agência Nova China informou que 94 pessoas ficaram feridas entre 14 e 19 de março, em violentas manifestações na província de Gansu. Entre os feridos, se encontram 64 policiais, dois funcionários do governo local e um civil.

Na terça-feira, o governo tibetano no exílio anunciou a morte de 19 manifestantes tibetanos nesta província.

Segundo o último boletim oficial sobre as vítimas, divulgado na sexta-feira, os protestos em Lhasa deixaram 19 mortos (18 civis e um policial) e 623 feridos: 241 policiais e 382 civis, sem contar os 94 feridos em Gansu.

O governo tibetano no exílio afirmou que 99 pessoas morreram no Tibete e nas províncias chinesas vizinhas.

A agência Nova China informou neste domingo que a calma está voltando aos poucos às zonas afetadas pelas grandes manifestações violentas.

Na quinta-feira, pela primeira desde o início da crise tibetana, a China anunciou que a polícia havia disparado em “legítima defesa” e ferido quatro pessoas nos distúrbios de domingo passado.

Os protestos começaram em 10 de março, por ocasião do aniversário do levante de 1959 contra o poder chinês, oito anos após a China ocupar o Tibete, em 1951.

Fonte: AFP

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