A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) decidiu publicar o texto oficial do Documento de Aparecida, aprovado pelo papa Bento XVI, para não aumentar a polêmica criada pela alteração da versão original, que recebeu emendas em mais de 200 artigos, antes de ser enviada ao Vaticano.

A presidência da entidade rejeitou sugestão de d. Luiz Demétrio Valentini, bispo de Jales (SP), apresentada no Seminário das Comissões Episcopais Pastorais, em Brasília, para que os dois textos fossem publicados paralelamente.

“Essa seria uma maneira de as pessoas poderem
confrontar as alterações com o que foi votado pela 5.ª Conferência-Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe”, justifica o bispo.

D. Demétrio, um dos delegados brasileiros na Conferência de Aparecida, em maio, foi um dos principais defensores das comunidades eclesiais de
base (CEBs), o ponto mais atingido pelas alterações.

“Ainda não está claro quem mexeu no texto, mas isso foi um equívoco”, disse o bispo de Jales. Em sua avaliação, “não se trata de jogar ninguém contra o paredão” e sim de registrar o que ocorreu.

“Mais importante do que o texto de Aparecida é o contexto, mas este poderá ser prejudicado, se não se explicar o incidente”, adverte d. Demétrio. Como a CNBB optou pela publicação do texto oficial, o bispo sugere que alguém – um teólogo ou uma instituição – assuma a responsabilidade de publicar esclarecimentos sobre a mudança do texto.

“Se quiserem, posso colaborar”, promete. Para d. Demétrio, “o episódio deixa a obrigação moral de se publicar esses esclarecimentos, para mostrar o que foi aprovado em Aparecida e o que foi modificado pelo Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam), antes de o documento ser entregue ao papa”.

Uma explicação dada com calma e serenidade, acredita o bispo, contribuirá para salvaguardar a credibilidade do documento.

Fonte: Estadão

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