A Graça gera coragem de ser

Na Graça não há medo, pois a Graça é a manifestação do amor de Deus como favor absoluto.

Assim, quem crê que a vida com Deus acontece na Graça e como Graça, não teme; pois, Aquele que se declara em amor unilateral por nós, autoriza-nos a perguntar: “Se Deus é por nós, quem será contra nós?”.

Desse modo, acabam-se os medos e pânicos em relação a tudo — seja o medo de viver ou de morrer; ou o medo do presente com suas catástrofes anunciadas, ou o medo do futuro e seus apocalipses inafastáveis; ou o medo de anjos ou demônios; ou de poderes humanos ou invisíveis; ou do abismo ou das alturas impensáveis; ou de qualquer que seja a criatura ou invenção maligna; ou o medo de todo juízo.

É em razão exclusivamente da Graça que Paulo pergunta: “Quem nos separará do amor de Cristo?” Ou ainda: “Quem nos condenará?” E não encontra nem mesmo em Nero ou Calígula (contemporâneos de Paulo) acusadores ou poderes que o amedrontem.

Ora, durante muito tempo eu cri que cria em tudo isso. No entanto, foi de 1998 para cá que tive a chance de aprender a crer em face de oposições imensas e reais.

Eu lia — “Ainda que um exército se acampe contra mim, não se atemorizará o meu coração!” — e cria que eu cria em tal declaração. Mas quando os exércitos se acamparam contra mim meu coração temeu e se arrefeceu em esperança.

Até o dia do maior desespero, quando tive que admitir para mim mesmo que os salmos que eu conhecia ainda me tinham sido sempre esperanças em tempos de dificuldade humana, mas que eu não os conhecia como salmos pessoais ante as situações sobre-humanas.

Agora (naquele tempo), todavia, eu tinha que conhecer os salmos como Davi e outros os conheceram — ou seja: em meio aos exércitos reais cercando a minha casa e a minha vida, trazendo todas as suas ameaças, e prometendo com o rilhar de seus dentes que haviam chegado para me matar.

E assim foi…

Tive que conhecer a Graça em meio à zombaria, aos muxoxos, às acusações, às ironias e sarcasmos; e em meio a toda sorte de desprezo.

Depois tive que conhecê-la como Graça na dor do luto de meu filho.

Isto sem falar em milhares de situações de um dia-a-dia feito de olhares de perversidade e de acusação.

Então, na prática, aprendi que a Graça é melhor que a vida, pois ela é maior que a vida.

Desse modo, busquei apenas me satisfazer com o amor de Deus por mim, apesar de todas as formas de desamor vindas dos “irmãos”.

O fato é que quando a Graça acaba com o poder da morte para você, o que surge é um imenso poder para viver.

Assim, o caminho da Graça nos leva ao céu e ao abismo, aos vales e às montanhas, às planuras e aos penhascos, aos amores e aos ódios, a abundancia e à escassez, à saúde e à enfermidade, aos ganhos e às perdas, à paz e aos tumultos — mas conduz você em triunfo em todas estas coisas.

Então, depois de tudo, e só depois de tudo, é que você aprende de verdade a dizer “Tudo posso naquele que me fortalece!”.

Afinal, na Graça não há perdas, há apenas livramentos de pesos mortos e desnecessários — pois, o Caminho da Graça em nós é um caminho que conduz à leveza que surge em razão de que tudo o que é morto de significado é pela Graça dispensado de nossa existência.

Por isso, quando tal consciência se transforma em fé para a vida, toda forma de medo se esvai…

Por esta razão é bem-aventurado todo aquele que crê dessa forma e não teme trazer tais implicações para a sua vida.

O que percebo é que o maior o medo humano é perder o medo em razão da confiança!

Sim, pois o que de fato acontece é que a maioria opta pelo medo como segurança, crendo que se houver medo haverá a proteção da covardia.

Tudo o que a Graça propõe só se materializa pela confiança que se entrega e que descansa na fidelidade de Deus — e isto é pura Graça.

A Graça é melhor que a vida somente quando a vida acontece em confiança na fidelidade do Deus de toda Graça.

Você crê?

Se você crê; então venha!

Nele, que nos chama ao andar sem medo,

Caio

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