Muita gente me escreve de fato na dúvida, querendo uma confirmação…
Outros, no entanto, escrevem querendo uma validação para o que já decidiram.
Outros ainda escrevem por estarem mesmo completamente perdidos, sem saber o que fazer.
Há ainda os que escrevem apenas por curiosidade, desejosos de apenas saberem o que digo, às vezes até para discutirem com outros…
Respondo a tudo o que consigo, com todo amor. Aliás, somente separar o tempo, no meio de tantas coisas, para responder cartas e cartas, creia, somente se for pela força do amor, pois, muitas vezes, a alma fica sem ânimo ante um trabalho sem fim.
Quando leio uma carta, em geral vejo que a própria carta já trás consigo a própria resposta que a pessoa carece.
Entretanto, a pessoa menciona a solução como problema ou impossibilidade da vontade de realizar.
Sim! A maioria sabe o que fazer, mas apenas não o deseja ou diz que não consegue por não querer conseguir.
Isto porque quando se está tomado pela força do desejo, da paixão, da fixação orgulhosa ou do egoísmo inflexível, fica-se cego para tudo aquilo que, de outra forma, saberíamos exatamente o que é e como proceder.
Ora, isto apenas mostra que grande parte do que nós chamamos “meu problema”, quase sempre deveria ser chamado apenas de “meu desejo”.
Então, nesse caso, estabelece-se a luta entre a consciência fragilizada e o desejo ou a idéia fixa; e, quase sempre o desejo vence para a problematização e a infernização da vida da pessoa.
Afora os problemas que envolvem circunstancias complexas ou problemas mentais, os demais são apenas caminhos criados pelo desejo.
E mais: quando não são criados pelo desejo são criados pela necessidade moldada pelo grupo a que se pertence, no caso, a “igreja”.
Sim! A maior parte dos problemas que aqui trato ou respondo, são problemas que decorrem do sexo reprimido, e que, uma vez solto, descaceta a pessoa e a põe como que ladeira abaixo… sem controle e de modo completamente compulsivo.
Então, quando não seja sexo o problema, no entanto, quase sempre os demais problemas decorrem da culpa herdada pelos excessos neuróticos da “igreja”.
Uma pessoa “de fora” lê as angustias aqui expressas por muitos, e não entende nada. Algumas me escrevem querendo saber se, caso se convertam, ficarão com aquelas mesmas seqüelas dos crentes.
Ao respondê-las sobre isto digo “não”.
Digo que dependerá do que a pessoa tiver na mente, de que grupo freqüente, e, sobretudo, de como se fundamente a fé da pessoa, se na Palavra de Deus ou nas doutrinas dos homens.
O fato é que o Evangelho mesmo, sozinho, sem “igreja” e sem “doutrinação moral”, jamais poderia fazer mal a ninguém.
E mais: sem os “pastores-lobos” ou sem os “pastores-perdidos”, nenhuma pregação do Evangelho criará nada na pessoa que não seja vida e paz.
Porém, o uso errado do Evangelho, misturado com toda essa confusão de “igreja”, adoece a alma tanto ou mais que uma boa macumba, posto que tudo seja feito em nome de Jesus, o que faz com que a alma se perturbe mais do que quando pratica a mentira em nome do diabo.
Macumba faz menos mal à mente do que uma crença cristã sem Deus.
Sim! Pois na macumba ninguém vai pensando em bondade ou em Deus. Lá tudo é como é; ou seja: existe a franqueza do objetivo maldoso e manipulador.
É melhor lidar com o diabo como diabo do que com o diabo como “Deus”, que é o que acontece na crença cristã sem Deus, sem Jesus e sem Evangelho.
Digo isto porque pior do que o diabo é “Deus” como um diabo.
Ora, a maioria dos crentes, na prática, lida com “Deus” como diabo e com o diabo como “Deus”.
“Deus” como diabo porque o “Deus” dos crentes é tão cheio de venetas malucas e perversas como um diabo.
Diabo como “Deus” porque o diabo dos crentes é, na prática, em geral mais poderoso do que “Deus”.
Assim, o “crente” segue oprimido por “Deus” e pelo diabo; e mais: pelo “diabo” dos “crentes”, que é mais poderoso do que o diabo real.
Ora, a maior dificuldade do Evangelho no coração dos crentes viciados em “Deus” como diabo e no diabo como “Deus” está no fato de que eles não sabem fazer a diferença.
Sim! Deus e o diabo se parecem muito na cabeça dos “crentes”.
Na maioria das vezes o que distingue um do outro é apenas o discurso, pois, na prática, eles, “Deus e o diabo”, se parecem muito.
Ora, tal ambigüidade e ambivalência em Deus e no diabo é o que faz a devoção dos crentes um exercício de medo e pânico.
Por isto os “crentes” não gostam de silencio, nem de quietude e nem de culto sem muita agitação, pois, no silencio mora a indefinição entre “Deus” e o “diabo”.
Se você não entendeu ainda nada, digo:
Quando você se converter entenderá então tudo o que estou dizendo e verá tudo com extrema clareza.
Até lá, todavia, fica a dúvida, a qual eu provoco em você na intenção de ver se sua mente fica livre do “Deus/diabo” e do “diabo/Deus”.
Pense nisto!
Nele, que é amor,
Caio