Mais um Harry Potter vem aí

Tive o prazer de receber aqui em casa, recentemente, a visita de meu grande amigo Angelo Manassés, também colunista do Folhagospel. Enquanto esteve por aqui, Angelo fez questão de conhecer o campus da Liberty University e saber todos os detalhes de sua historia e filosofia de ensino.

Durante uma vista à recém inaugurada livraria da universidade, Angelo me chamou a atenção para uma estante cheia de livros da coleção “Harry Potter”. Angelo ficou um pouco surpreso ao encontrar tais livros em uma livraria cristã e começou a me falar sobre como tanto os livros quanto os filmes da serie são mal vistos e até mesmo proibidos por algumas denominações evangélicas no Brasil.

Não é que eu tenha ficado exatamente surpreso, mas acho que estava mal acostumado, porque por aqui não vejo essa rejeição toda ao aprendiz de feiticeiro. Expliquei ao Angelo que tenho vários amigos americanos cristãos, um deles, inclusive, ministro de musica de uma Igreja muito grande, que gostam bastante da série e que não veem problema algum que seus filhos assistam os filmes e comprem os livros. Começamos a debater o assunto e aproveitando nossa conversa e o lançamento de “Harry Potter e o Enigma do Príncipe”, mais novo filme da serie, tive a idéia de escrever essa coluna.

Para começo de conversa, preciso dizer que nunca assisti a nenhum dos filmes da série “Harry Potter”e tampouco li qualquer um de seus livros. Não porque tenha qualquer restrição doutrinária, mas pelo simples fato de que os considero direcionados para o público infanto-juvenil, e, portanto muito pouco interessantes para mim. Já que não tenho grandes conhecimentos sobre o assunto, não vou aqui fazer nenhuma crítica ao filme (ou aos filmes) e estou baseando meus comentários nas informações que coletei através de leituras e conversas com amigos.

Dentre as queixas que ouço sobre o conteúdo dos filmes e livros, está a idéia de a trama principal girar em torno de feitiçaria, magia e coisas do gênero. Segundo os críticos da série, trata-se de uma influência muito perigosa para nossos filhos e abre portas para a atuação do inimigo ao apresentar feitiçaria e ciências ocultas de uma forma muito ingênua e atraente, na figura simpática do “quatro olhos” Harry Potter.

Bem em relação a isso, pergunto: então qual a diferença para outros filmes do tipo “Senhor do Anéis” e “Crônicas de Narnia” que se utilizam de elementos muito parecidos? Ou mesmo das ingênuas aventuras de “Peter Pan” , “Branca de Neve” ou “A Bela Adormecida”? Em todos eles podemos encontrar fadas, bruxas, personagens mitológicos e magia.

Fantasia é um elemento presente em quase todos os filmes infanto-juvenis. Basta ver os lançamentos do verão como “Transformers”, “a Era do gelo”, “Jornada nas Estrelas”, “Wolverine”. Nesse filmes, não há compromisso com a realidade; o objetivo é estimular a imaginação e criar um mundo dos sonhos que tanto fascina e encanta nossos adolescentes. Não vejo nenhum problema nisso. Todas as gerações viveram situações parecidas. Nos anos 60 eram os filmes baseados na mitologia grega tipo “Jasão e os Argonautas”, nos anos 70 “Guerra nas Estrelas”, nos anos 80 “Indiana Jones ”, nos anos 90 “He-man e She-ra”, e agora o tal do “Harry Potter”.

Além do mais sempre é perigoso sair por aí rotulando as coisas sem maiores reflexões. Se você acha que os filmes da série “Harry Potter” não são apropriados para seus filhos, eu certamente respeito sua opinião. Mas procure basear sua decisão em uma reflexão mais profunda e não em apenas em estereótipos criados por gente preconceituosa e extremista, que, na maioria das vezes, nem sabe o que está falando. Basta lembra daquela estória de que a autora, JK Rowlings, tinha feito um pacto com o diabo, quando na verdade tudo não passou de uma brincadeira mal entendida.

É muito importante selecionarmos bem aquilo que entra em nossas casas e o que nossos filhos estão vendo e ouvindo. Mas muitas vezes estamos supervalorizando o efeito do entretenimento em suas vidas. Nem tudo o que nossas crianças e adolescentes assistem e leem vai ter influência direta no seu comportamento. Eu mesmo passei minha infância inteira lendo livros de fantasia e assistindo filmes de ficção e nem por isso me tornei um bruxo ou coisa parecida.

Um abraço,

Leon Neto

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