Pois é; lá vem aquele gordinho chato outra vez. Acho que não existe no mundo alguém que goste mais de falar mal dos Estados Unidos do que ele. Depois de espinafrar a venda de armas, a guerra do golfo e o sistema de saúde americano, Moore agora volta sua panoplia verborrágica para o mercado de ações e as mega-corporações.
Seu mais novo filme, “Capitalismo: uma história de Amor” acaba de ser lançado no festival de Veneza, e como já seria de se esperar começa a gerar muitos debates.
Michael Moore é um cineasta que se especializou em documentários questionadores e investigativos. Eu nem desgosto de tudo o que ele produziu até agora. “Tiros por Columbine”, no qual ele critica a industria de armas dos Estados Unidos e chega mesmo a relacionar as tragédias dos massacres nas escolas americanas com a ganância e negligencia do governo, é um documentário bem interessante. Mas o problema, é que Moore é tão tendencioso e panfletário que mesmo quando ele fala a verdade e traz à tona fatos relevantes, acaba-se por não levá-lo muito à serio.
Moore atrai admiradores e seguidores na mesma proporção que gera detratores e criticos. No filme anterior à “Capitalismo”, “Sicko” onde o cineasta ataca o sistema de saúde Americano, ele recebeu muitas criticas e ficou longe do impacto que causou com “Farenheit 9/11”. Apesar de trazer alguns fatos interessantes e chocantes, é visível que ele forçou a barra em muitos momentos, como se estivesse meio sem munição. Lembro-me de alguns programas de debates em que Moore estava presente e ficou quase que sem resposta para questionamentos sobre o filme. Por isso acho que ele resolveu pegar pesado nessa nova produção, para recuperar a “pegada”.
Não é necessário nem ver o novo filme para saber que mais uma vez a leitura será bastante tendenciosa, que haverão muitas forçadas de barra e sensacionalismo. É bem verdade que ele sempre acaba por descobrir fatos interessantes e perturbadores, mas a forma como ele os apresenta certamente continuará motivada por suas convicções pessoais.
E esse é o aspecto que mais me incomoda em relação à seus filmes. Todos sabem que ele é um extremista de esquerda e que só sabe ser oposição. Desses que querem ver o circo pegar fogo. Portanto, sua visão como documentarista sempre é contaminada por suas posições políticas. Fica sempre aquela sensação de se estar assistindo a um programa eleitoral gratuito. É uma pena, pois Michael Moore tem uma veia investigativa interessante e muita disposição para ir atrás da noticia.
Só resta saber se agora que temos um democrata no poder, ele vai continuar sendo tão incisivo e critico como foi durante o governo Bush. Só o tempo dirá.
Um abraço,
Leon Neto