Quem vai me curar do que não quero seja curado?

Vejo-me todos os dias cheio de um olhar do mundo que difere de quase tudo o que seja entendido como normal.

Entretanto, quando sondo a minha mente, não me vejo como um ser enfermo em nenhuma perspectiva do que seja a normalidade da existência.

Em que então eu percebo ser o meu olhar diferente?

Basicamente em tudo o que está para além das aparências!

Sim; no mundo das aparências e das normalidades aferíveis pela conduta e pelo trato com o todo da vida disponível aos sentidos de todos, sou o que se pode chamar de uma pessoa sóbria e responsável. Porém, no que diz respeito a um olhar mais profundo, vejo-me enxergando coisas para além das aparências e dos fatos disponíveis aos sentidos; e isto é justamente aquilo no que percebo minha total anormalidade.

Jesus disse que havia coisas a serem vistas sobretudo dentro de nós. Sim, pois segundo Ele é no coração onde toda a trama da vida tem seu nascedouro.

Sou, portanto, uma pessoa em estado permanente de auto-análise; na busca de meus enganos, equívocos e auto-enganos.

Jesus, todavia, mandou também que olhássemos para fora, para as encenações da vida e para os sinais dos tempos.

E o que Ele disse?…

Ele disse que a Terra estaria vazia de fé, embora cheia de religiões, cultos e expectativas messiânicas.

Disse também que quando Ele voltasse, não encontraria fé na Terra acerca Dele.

E mais: afirmou que por se multiplicar a iniquidade, o amor se esfriaria de quase todos.

Portanto, o que Ele disse é que a humanidade se tornaria tão cheia de interesses e caprichos egoístas que quase todos se desumanizariam.

Por outro lado, Ele disse que na terra haveria angústia entre as nações em razão das guerras, rumores de guerras e revoluções políticas.

E mais: Ele disse que tudo isto também teria a ver com os roncos da natureza, dos terremotos, dos maremotos, e das calamidades que trazem a fome e a miséria; que por seu turno geram vandalismo angustiado e caos.

Nos céus Ele disse que haveria sinais…

Sinais dos e nos céus…

Ou seja: nas manifestações do que seja movimento humano se teria desarmonia e ódio; no que diz respeito à natureza se teria anormalidades tais que os homens entrariam em pânico; e no que diz respeito aos céus, se teria ameaças visíveis e invisíveis.

Hoje temos tudo isso mais do que nunca antes…

Até os céus estão ficando cheios de coisas estranhas, que a maioria prefere ignorar…

Há sinais de que algo inusitado está prestes a acontecer.

Assim, no mundo dos últimos dias, segundo Jesus, se teria a humanidade desumanizada, a terra em confusões sem fim e ameaças do homem contra o todo da humanidade; a natureza dando sinais de um levante calamitoso a qualquer momento; e sinais estranhos nos céus; seja no Cosmo visível, seja no Universo invisível aos nossos sentidos; sim, coisas que estão interpenetrando nossa dimensão com as assombrações do inusitado e apavorante.

Assim, quando olho o que me cerca, vejo o que todos veem, mas também vejo aquilo que, segundo Jesus disse, está por trás de tudo o que se vê para o bem e para o mal.

Para mim, o mundo nunca esteve tão mal assombrado, embora os dias da Segunda Grande Guerra ainda estejam por ser batidos no que diz respeito à expressão de uma Assombração Coletiva Densa; ainda que adensada de modo menos capilar do que o que hoje se tem mesmo em estado de “paz”.

É tal o estado de endiabramento planetário que nós já nos acostumamos a pensar no mundo como tendo que ser assim como ele está.

Entretanto, esse meu olhar não é fatalista, ainda que isto pareça ser uma grande contradição…

Na realidade eu creio que o Senhor quer adiar o Grande Dia custe o que custar; posto que em tal Dia não haja nada que sirva de refúgio para a humanidade…

Não é à toa que Jesus disse “ai das que estiverem grávidas e das que amamentarem naqueles dias”.

Sim; se diz que os homens buscarão a morte, mas que a morte fugirá deles…

Em outras palavras, Jesus disse que o Inferno faria seu ninho na Terra!

É aí que meu olhar fica estranho…

Sim; posto que eu não consiga deixar de ver esse Trono/Ninho do Diabo em todos os escaninhos do mundo.

Desse modo, mesmo não sendo nem um pouco paranóico em relação a quase tudo, eu suponho; pois não temo ladrões, nem o amanhã e nem a conspiração dos homens contra mim… — por outro lado, vejo conspirações em toda parte; e as percebo nos níveis visível e invisível.

Alguém me diagnosticaria como sofrendo de Macro-Paranóia. Rsrsrs!

Jesus, entretanto, mandou olhar à volta e buscar discernir os sinais dos tempos…

Pois bem, os vejo no homem, na terra, no mar e nos céus; o tempo todo; sim, cada vez mais…

Ora, isto não me impede de ser feliz e alegre, mas me impossibilita de gargalhar; isto também não me impede de dançar, mas me tira a dança como passo no cotidiano; isto não me impede de sonhar, embora todo sonho me seja uma solução a ser buscada para um problema presente ou para problemas futuros…

Assim, mesmo sem visões e arrebatamentos na Ilha de Pátmos, vejo-me cheio do olhar do Apocalipse em minha mente; e não consigo jamais deixar de ver os cenários invisíveis que cobrem a “realidade” que se faz disponível ao olhar meramente sensorial.

Posso ir a festas, mas a casa do luto me acompanha; curto a natureza, porém faço isto enquanto gemo com ela; amo os homens, ao mesmo tempo em que me angustia ver que quase não há humanidade no que se chama homem.

Beijo meus netos com amor feliz, enquanto peço ao Pai que os guarde no mundo que já está entre nós e no que está ainda por vir…

Daqui do fundo do quintal, onde escrevo estas linhas, à beira de um laguinho cheio de peixes e cercado de pequenos micos nas árvores, ouvindo o canto de dezenas de pássaros — parece que tudo isto é um devaneio de minha mente cheia de sombras…

O problema é que infelizmente não é assim…

Por trás do encanto do meu jardim existe toda sorte de morte à espreita…

Acompanho tudo… Das notícias disponíveis nos jornais, revistas, telejornais e na Internet… à revelação na Palavra.

Busco saber o que se passa nas ciências em geral…

Interesso-me por toda sorte de fenômenos inexplicáveis…

Observo os homens e seus caminhos…

Tento discernir tudo à luz do todo; e, sobretudo, confiro tudo com o todo da Palavra revelada e encarnada em Jesus.

Ora, é desse lugar onde tudo interessa a tudo que me ponho e me vejo observando a vida…

Busco saber sobre Física Quântica tanto quanto me interesso pelas aparições de coisas estranhas nos céus…

Discirno espíritos em pessoas tanto quanto em gerações e épocas…

Tudo me interessa; tudo me diz respeito; tudo me ilumina para entender tanto o específico quanto o elemento universal das coisas.

Ora, é certo que tal olhar tão esgarçado e aberto gera em mim uma percepção que, conquanto não me roube a normalidade nas condutas, mexe, todavia, intrinsecamente com minha interpretação de quase tudo.

Por vezes já desejei ver e sentir menos… Mas nunca consegui ficar livre do esmagamento de tais percepções…

Quando esse olhar do Evangelho entra na gente […] não nos permite ver mais nenhuma Boa Nova em nada que não seja vida.

Eu, porém, não quero nada menos do que isto; ainda que o aumento de tais percepções fizesse de mim o ser mais estranho da Terra.

Com a alegria que convive com as lágrimas que me molham a cara todos os dias, Nele,

Caio

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