É sempre impressionante observar como boa parte do que acontece entre pessoas que se desentendem, é fruto de um mar de subjetividades, de habitantes dos ambientes interiores produzidos pela insegurança.
Os habitantes desses ambientes são: a auto-imagem negativa ou seu extremo narcisista; os complexos de inferioridade herdados na cultura familiar ou regional; os choques éticos e psicológicos da cultura de cada um; e, sobretudo, tais ambientes são mobiliados com as mobílias da amargura, do ressentimento e dos sentimentos de injustiça, presentes ou passados, provocados ou não pelo atual objeto do desencontro.
Na realidade é cada vez mais fácil brigar nesta geração machucada e altamente psicologizada!
Todo mundo “analisa” todo mundo, e, no fim, todos se separam pelo que não é, pois, raramente aquele que “analisa” faz qualquer coisa além de apenas apresentar suas projeções, transferências ou criações perversas do outro, sempre fundadas nas razões da magoas ou dos ressentimentos.
Não que objetivamente as pessoas não se ofendam e nem se machuquem. Porém, na maior parte das vezes, até as ofensas objetivas são provocadas por subjetividades que se misturam profundamente com a confusão de julgamento que o ofendido assume como realidade acerca do outro.
Quando Jesus manda perdoar sempre, o tempo todo, Ele nos oferecia a possibilidade de não olhar o outro com um olhar que se torna apenas uma projeção da construção mista que fazemos; misturando o outro, com seus erros, com nós mesmos, e nossas subjetividades complexas e emocionalizadas; possuindo nós, em tal caso, pouca ou quase nenhuma objetividade no olhar e no discernir.
No fim, de fato, quase nada é ofensa para quem decidiu não deixar que o outro seja a lente de seu olhar na existência.
Caio